Resende aos 220: novos empreendimentos e alta de empregos mesmo na pandemia

Magazine Luiza foi uma das empresas que abriram oportunidades de emprego em Resende em plena pandemia

Há 20 anos, o município de Resende comemorava os seus 200 anos de elevação à vila. Daquela época, ainda em 2001, até este ano, muita coisa mudou. Quase 10 anos mais tarde, entre o mês de setembro de 2010, quando Resende estava prestes a completar 210 anos, e março de 2011, quando o jornal BEIRA-RIO celebrou seus 14 anos de existência, o veículo lançou junto com sua versão impressa a coleção BEIRA-RIO Resende Cidade Histórica, uma série de sete publicações que contavam a história do município, suas transformações econômicas, culturais e a contribuição de pessoas que fazem ou fizeram diferença no desenvolvimento da cidade.

Os fascículos do jornal, realizados em parceria com anunciantes e colaboradores, já apontavam muitas mudanças vivenciadas pelos resendenses ao longo daqueles 210 anos, especialmente nas áreas econômica, urbana e ambiental, sendo que estas se juntam a tantas outras ocorridas nos últimos 10 anos.

Nos últimos 20 anos, Resende tem atraído novas empresas, e isso vem cada vez mais fortalecendo o município em alguns segmentos como o da indústria e do comércio. O investimento mais recente ficou por conta da chegada de duas das redes varejistas que mais crescem no Brasil. Em 10 de agosto deste ano, foi inaugurada mais uma loja física do Magazine Luiza, instalada na Rua Luiz Pistarini, no Campos Elíseos.

O anúncio foi realizado em uma reunião virtual realizada em 6 de julho, entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a empresa, popularmente conhecida como Magalu, que anunciou na ocasião “que abriria 50 lojas em todo o estado até o final do ano”. De acordo com a matéria divulgada pelo jornal, a Magalu é apenas mais uma empresa que decidiu investir, não apenas na capital fluminense, mas também em outros municípios.

Segundo dados da Prefeitura de Resende, que também anunciou em junho a chegada da loja, a estimativa era gerar 35 novos postos de trabalho direto, além dos indiretos, dando preferência a candidatos da cidade. Mas a loja não foi a única a se instalar no município. Meses antes, no dia 20 de maio, mais 250 novos empregos (segundo dados da prefeitura) foram gerados com a inauguração da filial de outra gigante do setor de varejo, a Havan, cuja loja fica na Rodovia Presidente Dutra, no Km 303.

A chegada das duas lojas varejistas mostra que desde o mês de outubro do ano passado, o município de Resende não sabe o que é registrar um número maior de demissões em relação ao de contratados. E que essas marcas seguiram em alta, mesmo que no primeiro semestre de 2021, a saúde tenha sofrido com o período mais crítico da pandemia da Covid-19, iniciada em março de 2020.

No período entre janeiro e agosto deste ano foram 1.209 admissões e 942 demissões, totalizando um saldo positivo de 247 empregos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que no mesmo período de janeiro a agosto do ano passado, quando o mundo ainda começava a sentir os efeitos da pandemia da Covid-19, os números sofreram baixa no mercado de trabalho, chegando ao recorde negativo de 843 no saldo em abril de 2020. Algo que chegou a se agravar após a chegada do vírus ao Brasil e melhorou no final de 2020.

Somente no mês de março deste ano, foram 1.326 admissões contra 928 demissões. Os principais grupamentos de atividades econômicas ficaram no verde no mês de março e colaboraram para o resultado final. O setor de serviços foi o que mais contratou (609), seguido dos 301 postos do comércio, os 163 da indústria, e os 136 do comércio. Apenas o setor agrícola não empregou e ainda dispensou quatro, ficando com saldo negativo. A maioria dos admitidos tem idade entre 18 a 24 anos, possuem Ensino Médio completo e são do sexo masculino.

Nissan chegou a Resende em meio a números desfavoráveis na economia

VOTORANTIM E NISSAN
E não é somente no setor comercial que Resende vem se destacando economicamente nos últimos 20 anos. No industrial, cresceu o número de empresas que se instalaram no município. Se em um passado não muito distante, contava com fábricas surgidas nos anos de 1950 e 1960 (Archroma, antiga IQR; Ovomaltine, Cyanamid, que depois passou a se chamar Servatis), algumas delas já falidas ou que saíram da cidade, e no anos de 1990 (MAN Latin America), no início do Século XXI chegaram duas fábricas, uma do setor metalúrgico e a outra do setor automobilístico.

No final do ano de 2009, na gestão de José Rechuan Júnior, o Grupo Votorantim inaugurou sua maior usina siderúrgica no Brasil. A unidade demorou 18 meses para ser construída, ocupa um terreno de 4,3 milhões de metros quadrados e teve investimentos de US$ 550 milhões. A fábrica foi criada para ter a capacidade de produção de um milhão de toneladas de aços longos por ano e operar com 70% de sua capacidade total em 2010.

A nova siderúrgica utilizava como insumo a sucata de aço e apresenta baixo impacto ambiental de seus processos produtivos, além de reduzido custo de operação e manutenção. As áreas de Aciaria, Laminação e Acabamento produzirão vergalhões, barras, fio-máquinas e perfis, foram destinadas principalmente à construção civil e mecânica A empresa gerou cerca de 700 empregos diretos na operação da fábrica. Na fase de construção, o projeto chegou a empregar mais de 5 mil trabalhadores durante a obra. Em 2017, a Votorantim vendeu a empresa para a ArcelorMittal Brasil S.A..

O contrato das empresas previa que a Votorantim Siderurgia passaria a ser uma subsidiária da ArcelorMittal Brasil e a Votorantim passará a deter uma participação minoritária no capital da ArcelorMittal Brasil.

Quatro anos após a vinda da siderúrgica, foi a vez da montadora Nissan inaugurar sua fábrica em Resende. Na ocasião, Em seu discurso, o então Chairman e CEO mundial da marca japonesa Nissan, Carlos Ghosn, disse que fazia questão de manter as mesmas metas anunciadas quando a empresa investiu R$ 2,6 bilhões na unidade.

Na época, a indústria automotiva vinha sofrendo perdas bastante significativas desde que o cancelou a redução do IPI para veículos automotores, o que havia mantido o setor em alta mesmo em meio à crise econômica internacional, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Uma reportagem do jornal Valor Econômico, do mesmo dia, apontava que a Nissan, nos três primeiros meses de 2014, teria vendido quatro mil veículos a menos que no mesmo período de 2013. Enquanto os emplacamentos de carros de outras marcas caíram 1,7% no mesmo período, o da japonesa havia caído 21,7%.

Além delas, mesmo com as incertezas no mercado para alguns setores, Resende seguiu contando nos últimos 20 anos não apenas com Votorantim e Nissan, mas também com o funcionamento das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), única indústria de enriquecimento de urânio do país; da Archroma, indústria de especialidades químicas; da Pernod Ricard, fábrica de bebidas alcoólicas (terceira maior companhia de bebidas do mundo); de Furnas Centrais Elétricas, que opera a Usina Hidrelétrica do Funil (216MW), entre outras.

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Fotos: Arquivo/JBR

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