Resende aos 220: Gente que se destaca no dia a dia da Princesinha do Vale

Há 20 anos, o município de Resende comemorava os seus 200 anos de elevação à vila. Daquela época, ainda em 2001, até este ano, muita coisa mudou. Quase 10 anos mais tarde, entre o mês de setembro de 2010, quando Resende estava prestes a completar 210 anos, e março de 2011, quando o jornal BEIRA-RIO celebrou seus 14 anos de existência, o veículo lançou junto com sua versão impressa a coleção BEIRA-RIO Resende Cidade Histórica, uma série de sete publicações que contavam a história do município, suas transformações econômicas, culturais e a contribuição de pessoas que fazem ou fizeram diferença no desenvolvimento da cidade.

Os fascículos do jornal, realizados em parceria com anunciantes e colaboradores, já apontavam muitas mudanças vivenciadas pelos resendenses ao longo daqueles 210 anos, especialmente nas áreas econômica, urbana e ambiental, sendo que estas se juntam a tantas outras ocorridas nos últimos 10 anos.

Um dos fascículos da época destacou a importância dos heróis anônimos. E não são poucas as pessoas que fazem muito pelo município, mas algumas se destacam. Uma dessas pessoas, já destacada há 10 anos na BEIRA-RIO Resende Cidade Histórica é a dona de casa Ângela Campos (foto acima), criadora da Associação Voluntária Amigos da Solidariedade (Avas), uma ONG voltada ao trabalho assistencial à população de Resende e de mais sete municípios dos estados do Rio, de São Paulo e Minas Gerais.

Ângela nasceu em 1º de abril de 1952, em Resende. Moradora do bairro Paraíso, é filha de uma antiga enfermeira da Santa Casa e de um funcionário do antigo Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), e cresceu ajudando a mãe a realizar trabalhos sociais pela cidade. Ofício que mantém até hoje junto a famílias, entidades, colégios, pessoas com deficiências, fazendo com que há 42 anos fundasse a ONG que administra até hoje. Casada com um militar e mãe de três filhos, já recebeu muitas homenagens, inclusive pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Às vésperas de ver sua terra natal completar 220 anos, Ângela fala sobre o presente que gostaria que Resende ganhasse no dia 29 de setembro e pelos próximos 20 anos.

– Como resendense, que nasceu aqui há 69 anos, o que eu tenho a dizer é que nesses anos todos Resende cresceu muito. Está muito bonita, mas ainda precisa caminhar de acordo com o anseio do povo em suas bases mais necessárias. Conheço e convivo muito com algumas partes da cidade menos favorecidas, pois nesses 42 anos de trabalho social totalmente dedicados à população, sei da minha responsabilidade e das dificuldades desse povo. E conhecendo de perto algumas situações desta parte da população, acho que deveria ser investido mais na base social da população mais necessitada, uma atenção em moradia, educação englobando alguns programas, para que tivéssemos uma cidade com menos problemas social de segurança e para seus jovens estrutura de trabalho e ocupação – revela a fundadora da Avas.

ATENDIMENTO HUMANIZADO
Nos últimos 20 anos, outras pessoas surgiram no cenário resendense e começaram a se destacar. Uma delas é a funcionária pública concursada Marineia Monteiro, que foi exonerada de seu cargo na Secretaria de Saúde no dia 29 de julho deste ano. Nos últimos meses tem recebido várias mensagens de apoio nas redes sociais elogiando sua atuação enquanto esteve no cargo. Uma delas dizia: “Cargos são temporários, títulos são provisórios, mas a maneira como você trata as pessoas sempre será lembrada”.

Ela relata que muitos usuários do serviço de saúde de Resende falam com ela diariamente. “Tento ajudá-los dando orientação de como conseguir o que precisam. Muitos voltam pra agradecer dizendo que conseguiram, isso é o que me tem servido de consolo”, desabafa Marineia (na foto acima).

Funcionária da Prefeitura de Resende desde o ano de 2000, quando passou em um concurso para a vaga de telefonista, Marineia teve a oportunidade de trabalhar com quatro prefeitos diferentes. Diferente de muitos funcionários que costumam ser criticados em relação ao atendimento ao público, ela sempre se destacou por tratar bem o público e propor melhorias no local de trabalho.

– Eu nunca entro em um lugar e deixo do mesmo jeito que estava, sempre dei o melhor do que eu tentei. Em um desses governos fui convidada pra ser gerente de telecomunicações na Secretaria de Administração, onde tinham mais três ou quatro telefonistas e aí comecei a verificar as contas de telefone da Prefeitura e percebi que a gente gastava muito, mas muito com telefone, por exemplo – citou a funcionária.

Durante a gestão de José Rechuan Júnior, após conhecer o ex-secretário Daniel Brito, Marineia foi transferida pra Secretaria de Saúde, onde além da redução de gastos de telefone, também contribuiu para que o serviço de agendamento de consultas e exames pelo SUS ficasse mais humanizado, tarefa que acabou interrompida na atual gestão após a saída da funcionária do setor, por não concordar com a forma que são agendadas algumas consultas. “Eu tenho fé de que vou voltar, porque esse governo não é eterno. Acredito que vou voltar pro meu setor de trabalho e vou continuar esse trabalho de amor que eu fazia”.

A funcionária cita qual seria o presente que Resende deveria estar recebendo pelo seu aniversário.

– Tanto no dia do aniversário como nos últimos próximos anos Resende merecia ter representantes políticos mais comprometidos com as necessidades da população, precisa de alguém pra investir na cidade para conseguir mais empregos (dando incentivo as empresas para contratar jovens e adultos no primeiro emprego); trazendo mais empresas e realmente administrar a cidade. Cuidar das ruas esburacadas, cuidar do Rio Paraíba e não deixar o leito do rio todo cheio de mato, melhorar o transporte urbano, proteger nossos cidadãos da marginalidade, melhorar o acesso a saúde pública e também criar políticas públicas para retirar os jovens e as crianças das ruas evitando assim que se envolvam com drogas. Acho que falta mesmo uma seriedade dos governantes e que esse seria o melhor presente, não só para a cidade, mas como para toda a população. Chega de político que pense no próprio umbigo – completa.

“É FÁCIL TRANSFORMAR RESENDE”
Outro nome que também se destacou especialmente nos últimos 10 anos é o do publicitário, designer gráfico e social media Rogério Vandraga (foto ao lado), criador do grupo Bom Dia Resende, nas redes sociais, considerado o maior grupo de debates de sua cidade, após analisar o perfil de novos internautas que ainda não se sentiam confortáveis em debater nos grupos antes dominados apenas por pessoas mais cultas e politizadas. Morador de Resende há 55 anos, ele aproveitou para colocar suas impressões sobre o atual momento que o município passa na economia.

– Infelizmente devo admitir que não houve desenvolvimento econômico significativo nesses anos todos. Aqui nada prospera, e é fácil perceber isso quando notamos que não há grandes negócios alcançando segundos e terceiros pisos nos centros comerciais, mas pequenos deles se espalhando de forma bem rasteira pra todo lado. O investimento modesto e a falta de visão político empresarial fez daqui uma cidade quase que parada no tempo. Quando o negócio mais lucrativo de uma cidade é uma ou duas choperias, é porque algo não está funcionando bem nos demais empreendimentos. Quando chega uma grande loja ou indústria de fora, ela acaba gerando empregos mais pra habitantes de outras cidades.

Ele citou uma enquete que postei no grupo que administra anos atrás, perguntando sobre o que Resende tinha a oferecer, e ganhou disparado a opção “paz e descanso”. “Hoje nem isso, porque com a violência aumentando de forma assustadora e descontrolada, nem sabemos mais se voltaremos vivos pra casa”.

Ele ainda diz como vê Resende pra daqui a mais 20 anos. “É fácil e rápido transformar Resende. Só o que precisam é perceber onde estão os verdadeiros visionários, pra depois ouvir, investir e agir. Resende precisa mostrar que fez por merecer a localização única e invejável em que estamos”, finaliza.

DESTAQUE EM NOVE MESES DE ALERJ
Das quatro pessoas entrevistadas para esta matéria especial do jornal BEIRA-RIO, uma delas se destaca por ter maior representatividade política para Resende. E ela responde pelo nome de Noel de Carvalho (PSDB). Integrante de uma família tradicional de Engenheiro Passos, tem larga experiência na gestão pública. Foi deputado constituinte, no início da redemocratização do Brasil, deputado federal, secretário de governo estadual, deputado estadual (cargo que ocupa hoje, pela quarta vez, na Alerj) e também o prefeito do município, a última vez entre 1989 e 1992.

Suplente após as eleições de 2018, Noel (na foto acima) assumiu no começo deste ano, e em apenas nove meses no cargo, voltou a se destacar entre os colegas do Legislativo, sempre incluindo Resende entre os trabalhos que vem realizando. Um desses esforços do deputado poderá inclusive, nos próximos meses, trazer benefícios às mulheres, com a criação da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) no município.

Em entrevista ao jornal, ele fala de sua luta nos últimos 20 anos, especialmente nos últimos nove meses, por Resende.

– Resende merece futuro! Resende merece respeito, qualidade de vida e gente feliz. Estou deputado estadual e desde que assumi na Alerj tenho incluído Resende em todas as ações de desenvolvimento que me cabem. Tenho recebido semanalmente dezenas de pessoas aqui também em meu gabinete regional, que fica em Campos Eliseos, atendido demandas da área rural, das condições de estradas, da área da educação, segurança pública e principalmente questões que pensam em Resende daqui 20 anos, como as pontes sobre o Paraíba, a luta que tenho travado para trazer uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher para Resende, investimentos para o Turismo. Faço isso não apenas porque atualmente tenho mandato ou porque me procuram, faço porque entendo a necessidade e principalmente por amor a Resende – conclui Noel.

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Fotos: Reprodução/Redes Sociais e Arquivo

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