Uma luta inglória: Sogras X Noras

Embora algumas pessoas tenham conseguido fazer dessa relação um paraíso na terra, (acredite, é possível!), a maioria torna-se um embate sem fim e sem vitórias. Uma luta inglória: Sogras X Noras. Uma relação triangular que não pode se transformar em uma competição, mas antes uma ponte, uma aliada para o crescimento pessoal de todas as partes envolvidas.

Em primeiro lugar é preciso que se entenda que são amores diferentes. Um não ocupa o lugar do outro e isso jamais ocorrerá. A mãe é eterna, imortal, para sempre. A esposa, a companheira é aquela que vai construir a vida junto, ser a mãe dos filhos, a parceira de jornada. Um amor que deve ser aliado e construtivo, mas que chegou depois do outro para somar e não para dividir.

Muitas vezes o primeiro contato já vem cheio de amarras, de críticas, de defesas. Uma querendo mostrar que é mais importante do que a outra. Perda de tempo: ambas são fundamentais, cada uma no seu espaço, do seu jeito, ao seu modo.

O filho, por sua vez, jamais poderá comparar duas pessoas tão diferentes e com tantas coisas em comum. Fomentar a discussão é o mesmo que jogar gasolina na churrasqueira: todos sairão queimados, em menor ou maior proporção; o estrago é enorme.

Saber delimitar e respeitar espaço e ações é fundamental. Quando o filho cresce, precisa ser responsável por suas decisões e arcar com as consequências. Dentre elas, a escolha da companheira. A mãe, sempre na retaguarda, é a amiga e ouvinte, nunca um juiz que sentencia e que manda cumprir a pena que considera justa. Da mesma forma, a companheira em relação à mãe do amado, principalmente se ela também for mãe. Saber lidar com afeto e benevolência, entender as limitações e as aflições é acolhedor. É sábio.

Ontem servi um jantar em casa. Meu marido elogiou o prato que eu havia preparado e comentou empolgado: “ Já pode casar! ”. Perguntei se ele gostaria de me pedir em casamento outra vez, ao que ele respondeu que preparando aquele prato tão delicioso, nem precisaria pensar duas vezes. Então, com um toque de humor, comentei que sempre havia pensado que o pedido em casamento fosse por causa do estrogonofe que faço. Mais que depressa, a minha sogra, presente à mesa, quis saber: “Qual é o melhor? ” Imediatamente respondi que era o dela, sem sombras de dúvida, e que o que ele mais admirava era minha força de vontade e esforço perseverante para tentar chegar perto da receita maravilhosa da mãe.

Uma piscadinha cúmplice e amorosa entre eu e ele selou o pacto de bem-estar familiar, a valorização da harmonia imprescindível para a felicidade, enquanto ela, investida de poder e autoridade, satisfeita, discorria sobre os segredos para o preparo do estrogonofe perfeito.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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