Executivo brasileiro de montadora sediada em Resende é preso no Japão

Ghosn (ao centro, de gravata cinza) no dia da inauguração da fábrica em Resende, com Rechuan (à direita, de óculos) e Pezão (à esquerda)

A notícia da prisão do brasileiro Carlos Ghosn, presidente do conselho administrativo e CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, nesta segunda-feira, dia 19, em Tóquio, no Japão, não apenas abalou o mercado automotivo, como chama a atenção também para o mercado de Resende. É que o município foi escolhido há seis anos para sediar em seu Polo Industrial a fábrica da montadora no Brasil, que foi inaugurada há quatro anos.

A notícia foi dada primeira mão pelo jornal Yomiuri Shimbun, informando que Ghosn foi acusado de fraude em seus ganhos para a administração da Bolsa de Tóquio, violando regras de mercado. Segundo procuradores responsáveis pelo caso, Ghosn declarava em documentos oficiais da Nissan rendimentos menores do que efetivamente recebia da empresa. Além disso, o executivo também foi acusado de usar ativos da companhia para uso próprio.

O jornal também acrescentou, que no ano fiscal de 2016, Carlos Ghosn havia reportado para as as autoridades financeiras um ganho de mais de um bilhão de ienes, cerca de R$ 33,4 milhões. O pagamento do executivo caiu para 730 milhões de ienes no ano fiscal de 2017.

Segundo a imprensa mundial, a montadora japonesa informou que já estava investigando as atitudes de Ghosn há “vários meses” motivada por “rumores” sobre o desvio de conduta de seu executivo. E que o atual CEO da marca, Hiroto Saikawa, deverá pedir o afastamento formal do executivo brasileiro, que segue preso. A Nissan acrescenta que está “fornecendo informação e colaborando integralmente com a investigação da procuradoria japonesa”. Tido como um braço-direito de Ghosn, o também membro do conselho administrativo da Nissan, Greg Kelly, foi acusado do mesmo crime e também deverá ser afastado da companhia.

O brasileiro, que também possui nacionalidade francesa e libanesa, foi o responsável por recuperar financeiramente a Nissan no início dos anos 2000 com um plano agressivo de redução de custos e eficiência administrativa que salvou a empresa de uma falência iminente para o retorno aos números positivos em caixa em apenas dois anos. Além disso, ganhou projeção global ao ser o idealizador da aliança Renault-Nissan.

INVESTIMENTO EM RESENDE
Desde o dia 15 de abril de 2014, a Nissan funciona dentro de um Complexo Industrial em Resende. A unidade recebeu um dos maiores investimentos realizados no país para a construção de uma fábrica de automóveis, R$ 2,6 bilhões, exatamente para ter um ciclo de produção completo, da área de estamparia até as pistas de testes, incluindo chaparia, pintura, injeção de plásticos, montagem e inspeção de qualidade. No total, ela terá capacidade para produzir até 200 mil veículos e 200 mil motores por ano. Os primeiros carros montados foram o Nissan New March e o motor 1.6 16V flexfuel, e a previsão era de gerar 2 mil empregos diretos.

A cerimônia oficial de inauguração, dentro do complexo industrial, contou com a presença de Ghosn, do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e do ex-prefeito de Resende, José Rechuan Júnior, entre outras autoridades.

O jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a assessoria de imprensa da montadora solicitando uma nota sobre o caso, mas até o momento não obteve resposta.

Fotos: Divulgação

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