Tudo que começa errado…

Depois de muitas interrupções, Feliciano Sodré está em etapa final da obra, mas apresenta problemas

… Tem tudo para terminar errado também. É o caso de uma obra anunciada ainda no governo de José Rechuan Júnior, no ano de 2014. Em agosto daquele ano, a Prefeitura investiu em torno de R$ 10 milhões para realizar obras de drenagem pluvial e pavimentação asfáltica do bairro Vila Julieta. Mas um erro na realização da licitação para a obra, no mês seguinte, foi o primeiro indicador para o calvário que os moradores vêm passando desde então.

Com problemas enfrentados entre a prefeitura e a empresa vencedora do primeiro certame, a Deskgraphic, viu-se a necessidade de fazer uma nova licitação, e com isso a obra passou a sofrer constantes atrasos, além de trazer transtornos aos moradores, entre eles a invasão do esgoto e da poeira da obra para dentro das casas. E o jornal BEIRA-RIO acompanhou de perto todo esse drama de quem vive nas seis ruas que passaram por esses procedimentos.

A visita mais recente feita pela equipe de reportagem aconteceu nesta segunda-feira, dia 26. Ao chegar na Vila Julieta, foi observado que na maioria das ruas e avenidas (Romeu Marques, Avenida Brasília, um trecho da Governador Portela, Feliciano Sodré, General Affonseca e São Paulo), essas obras já estão praticamente encerradas, faltando apenas a Feliciano Sodré e a São Paulo, que se encontra em pior situação.

Uma das moradoras, no entanto, revela que a Prefeitura voltou a realizar as obras somente no início deste ano, depois de um ano paradas com a mudança de governo. “As obras começaram ainda no governo do Rechuan, e depois com a chegada do Diogo Balieiro, ficaram paradas. Aguardamos por mais alguns meses, mas nada de reiniciarem. Foi então que resolvi mobilizar os vizinhos e decidimos nos manifestar”, conta a dona de casa Verônica Siqueira.

Moradores protestaram contra paralisação de obras no ano passado (Foto: Arquivo)

Em junho do ano passado, ela e os vizinhos foram para rua no feriado de Corpus Christi. Levaram faixas e fecharam as ruas em protesto ao serviço paralisado. “Fizemos barricadas no cruzamento da Feliciano Sodré com a Avenida Brasília, impedindo que os carros entrassem, por exemplo. Depois, o pessoal depositou lixo e entulho no local. E essa barricada ficou meses aqui até que a empreiteira limpasse tudo e voltasse aos trabalhos”.

Moradora da Feliciano Sodré, nos últimos dois meses ela acompanha diariamente o movimento dos funcionários das empreteiras contratadas para o serviço, que já está em sua reta final na rua. Verônica relata que mesmo com boa parte das obras finalizadas, elas ainda vêm provocando transtornos aos moradores da mesma rua, em especial aos que vivem no trecho próximo a uma creche particular.

Esse trecho da Feliciano Sodré foi visitado pela última vez em novembro do ano passado pelo BEIRA-RIO, que fez uma reportagem com moradores de um beco que sempre sofreram com inundações provocadas em dias de chuva forte, situação que tem piorado com as obras. Alguns vizinhos confirmaram a informação da moradora.

– Na entrada deste beco tinha um mata-burro que controlava, assim como as bocas de lobo, mas nada mais funciona depois que começaram as obras. Fora isso, tem um bar que fica na esquina do beco que na última chuva que caiu a água estava na porta – disse um dos moradores.

O problema não fica apenas restrito ao beco. As bocas de lobo construídas, segundo os mesmos moradores, ainda não funcionam adequadamente, e o esgoto tem voltado para dentro das casas. Outro problema crônico da obra, que também vem colaborando para o atraso do seu encerramento, é a ausência constante dos funcionários que deveriam estar trabalhando nas obras.

– Tem dia que eles vêm pra cá e ficam a toa. Cheguei a perguntar o porquê, e eles me alegaram que não estão recebendo pra fazer os trabalhos e por isso ficam parados, ou vão para outras obras em cidades vizinhas – acrescenta Verônica.

Verônica revela drama de moradores na Rua São Paulo, que ainda sofre com transtornos provocados por obras constantemente interrompidas

SEM SAÍDA PARA USAR O CARRO
De todas as ruas contempladas no cronograma da Prefeitura de Resende, uma em especial está em situação crítica: a Rua São Paulo. Ela foi aberta para que uma tubulação de esgoto fosse trocada no local. No entanto, a demora na execução das obras vêm causando transtornos aos moradores.

“Esta rua há algumas semanas estava um verdadeira cratera de até quatro metros de profundidade. Só depois é que começaram a colocar o material para receber o asfalto, tanto que há três semanas não dava sequer pra passar aqui no cruzamento com a Feliciano Sodré. Agora, quem está incomodado com isso são os moradores quem precisam entrar e sair com o carro da garagem e não podem. E ainda por cima estão sujeitos a terem o veículo furtado ou roubado na rua”.

Verônica aproveita para apontar outro erro que vêm acontecendo nas obras, uma vez que ela tem um genro e parente que são engenheiros. “Eu tenho um genro que nem mora aqui em Resende, mas ele me contou que a durabilidade de uma obra depende de como o solo é preparado. Para ele, o certo é que se coloque camada de brita e ‘rachão’ (camada final de terraplenagem feita com pedras grandes) para depois entrar com o asfalto. Só que eles querem economizar pelo fato desse material ser caro, e na maioria do trecho da minha rua eles estão deixando de colocar o ‘rachão’. Com isso, o asfalto não durará muito por causa dos ônibus e caminhões que circulam aqui”, questiona.

O jornal entrou em contato com a Prefeitura de Resende, que até o momento não se pronunciou sobre o assunto.

 

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