Quando eu era adolescente

Quando eu era adolescente, fim dos anos 70 e início dos 80, havia uma experiência chamada CLUBE DO LIVRO da qual minha mãe fazia parte.

Os associados recebiam pelo correio um catálogo e para continuar fazendo parte bastava comprar um livro por mês. Esses livros eram vendidos a um custo menor do que nas livrarias e chegava em casa com todo conforto. Vinham com capa dura, mas não havia arte alguma e nem tão pouco a sedução visual e tátil que hoje em dia é mandatório, razão pela qual as editoras não economizam nem um pouco (e tudo isso graças à extinta Cosac Naify).

O caso é que hoje essa ideia voltou a toda e em julho comemora 3 anos de muito sucesso. Em tempos de crise e em um país que não é exatamente constituído por leitores, 3 jovens graduados em Administração de Empresas pela UFRS, se reuniram em uma biblioteca e resolveram fundar um clube de leitura bem diferente.

Em agosto de 2014 nasceu a TAG – EXPERIÊNCIAS LITERÁRIAS. Modestamente, a equipe enviou o livro “ O Físico” do escritor Noah Gordon e que foi indicado pelo filósofo Mário Sérgio Cortella para 65 assinantes. Em julho de 2016 a TAG já contava com 10.000 associados e atualmente contabiliza mais de 15.000 esparramados por todo Brasil.

Uma trajetória de sucesso estrondoso que emprega cerca de 50 pessoas e que, dentre esses, o funcionário mais idoso tem 30 anos.

Na semana passada aproveitei minha visita à gaúcha Porto Alegre e eu visitar a sede. Ao me deparar com aquela realidade, fiquei, sinceramente, emocionada. Tanto com a capacidade empreendedora, quanto com a coragem de promover a leitura para nossa sociedade tão órfã de iniciativas que incentivem essa prática enriquecedora.

Como professora que trabalhou por mais de 30 anos em sala de aula e leitora assídua de diversos gêneros literários, fui testemunha de que a leitura não faz parte da esmagadora maioria daqueles que se responsabilizam pela educação dos brasileiros. Poucas vezes flagrei meus colegas com um livro debaixo do braço e quando os arguia sobre o hábito da leitura, as respostas eram sempre as mesmas e muito evasivas: livro é caro demais, não tenho tempo, preciso mesmo voltar a ler, mas cadê a coragem com tanta coisa para fazer?

Vida longa para a TAG de Tomás, do Arthur e do Gustavo. Vida longa para todos os que incentivam a cultura. Vida longa para tudo que for bom e que nos traga divisas ricas e engrandecedoras.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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