“Graças a Deus, ela vem pelo PT”

A frase me foi dita por um amigo que afirmou ter ouvido durante uma conversa em Campos Elíseos, quando comentavam sobre minha pré-candidatura a vereadora. A afirmativa sem dúvida, é baseada no mesmo princípio que parte da população tem como lei que o PT é o demônio da vez e todos ligados ao Partido dos Trabalhadores estão condenados.

Bem, primeiro quero informar que resolvi aceitar ser pré-candidata porque de fato acredito que posso contribuir, se confirmada minha candidatura, com proposta para um Legislativo menos refém do Executivo nesse município e também, claro, porque acredito que o Partido dos Trabalhadores em Resende tem em seu grupo pessoas das quais reputo o maior respeito e que também poderão na instância partidária colaborar com o Legislativo da cidade de Resende. Oportunidade que de fato nunca ocorreu. Até tivemos por alguns meses dois vereadores eleitos pelo PT, mas foi uma época em que o ex-prefeito Eduardo Meohas teve uma passagem relâmpago e claro, conseguiu porque tinha destaque eleitoral atrair alguns nomes, mas logo, esses eleitos deixaram o partido porque não tinham qualquer afinidade.

Depois quero informar que apesar de algumas pessoas me sondarem sobre a possibilidade de sair do PT para me candidatar em outro partido porque corro o risco de ter boa votação e não ser eleita serei a primeira a dizer o seguinte: se eu sair do PT para ter vantagem eleitoral, NÃO DESPERDICE NEM SUA INTENÇÃO DE VOTO EM MIM, porque terei virado as costas para tudo que acredito. Não queiram confundir as coisas e colocando todo mundo no mesmo balaio, resumindo o assunto a um discurso fácil de luta contra corrupção, mas só aquela corrupção que tem nome e sobrenome como temos visto. Não querer a corrupção é inerente a qualquer cidadão e cidadã conscientes, ainda que pratiquem aqui e ali uns “pequenos deslizes e contravenções” digamos assim, né?

O fato é saber que ter pessoas torcendo para o insucesso do PT em Resende, seja lá representado por quem for, significa muito claramente o que me mantém neste partido. A maneira como me posiciono hoje e como ajo, boa parte herdei do partido que milito há 30 anos. Claramente há uma crise, mas trabalho para que depois do expurgo, o partido saia fortalecido e com bases que ajudem nosso caminho republicano. Nunca compactuei, nem de longe com qualquer situação duvidosa que fosse e acredito que a Justiça tem competência para responsabilizar aqueles que pensam que podem usar a coisa pública como se sua privada fosse. Não. Não podem e deverão pagar por isso. Todos. Mas daí, querer parar o país com manifestação extremista exigindo exatamente o não cumprimento da lei e o processo democrático não vou concordar nunca. Ou quem sabe, paralisar as investigações nos petistas, realmente não concordarei.

Considero extremamente legítimas as manifestações. Ninguém é obrigado a gostar ou concordar com as políticas em curso. Continuem nas ruas, batendo panelas, fazendo movimentos. Essas ações mostram que em algum momento não serão apenas os impulsos e paixões, pois num país democrático podemos gritar e xingar (xingamento não é invenção do Lula tá?) só não podemos querer ganhar no grito ou na porrada. Aí não!

O que mantém no PT não são as pessoas, discordo de muitas delas, mas a minha coerência partidária está baseada nas diretrizes tanto as de quando o partido surgiu, assim como as atuais, como por exemplo, o aprofundamento nas políticas sociais, reaproximação com os movimentos sociais e a reforma política. Acredito nisso. O partido o qual estou filiada tem essas diretrizes e seus princípios devem voltar a ser a consolidação da democracia e seus aspectos republicanos. Verdade que nos últimos anos, o poder desviou o principal foco, mas se participo tenho condições de lutar pelo que acredito. Se só gritar, ficarei rouca.

O que me move a ser pré-candidata a vereadora não se extingue nessa intenção, muito pelo contrário. É apenas um caminho. Já tenho alguns outros caminhos, que boa parte dos leitores do BEIRA-RIO que completa no próximo dia 28, 19 anos, conhece e acredita. Afinal, não é mole manter por 19 anos um veículo de comunicação sem as amarras político-econômicas que sempre dominaram Resende. E assim continuaremos. Agora, numa nova fase, apostando nas novas tecnologias, onde o jornal deixa de ser semanal para ser diário e com acesso muito mais fácil e rápido, além da integração com os públicos. Alguns caminhos, às vezes, nos levam a parar, sentar nas pedras, retirar os obstáculos e mirar o horizonte outra vez, levantar e seguir em frente. Às vezes, viramos à direita ou à esquerda, às vezes recuamos para ter uma melhor visão. Tenho ao longo dos meus anos – nem tantos assim – mas sempre com muita coerência, seguir em frente e claro, quando aparecem erosões ou abismos, viro à esquerda.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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