Estamos com os nervos à flor da pele

Estamos com os nervos à flor da pele. É o que tenho constatado pelas ruas, no ambiente de trabalho, nas famílias, nas redes sociais. Algumas pessoas já ultrapassaram seus limites de tolerância e a agressão vem ao menor sinal de contrariedade às suas ideias. Outras ainda ouvem, mas percebe-se o pote na eminencia do transbordamento.

Estamos atravessando uma crise, mesmo que alguns insistam que não. Essa crise é sentida nos bolsos, no consumo e aquisições, na saúde, na educação, no atendimento ao público, nas esferas políticas, mas também e principalmente no trato com o próximo, coisa séria demais, pois trata-se de uma crise de valores.

Desde que o homem na antiguidade criou a moeda, foi preciso um raciocínio para decidir o que era valioso. Quanto custa um quilo de arroz e quanto custa um quilo de ouro? No infortúnio, o arroz mata a fome e impede a morte. O ouro não. De lá para cá foi-se complicando a tal ponto de perdemos a referência. A vida é valiosa. Mas será que uma vida vale mais do que outra? Por que algumas pessoas são bem atendidas e tem atenção dos profissionais de saúde, por exemplo o caso do governador do Rio de Janeiro há pouco diagnosticado com câncer, e tantas pessoas que morrem nas filas exatamente por não terem direito ao tratamento para suas enfermidades por negligência do Estado?

Falamos em necessidades e igualdade, mas nos esquecemos da equidade. E o que seria isso? Toda vez que existe uma necessidade de adaptação da regra existente a fim de atender uma situação concreta, claro que se observando os critérios de justiça e igualdade, estamos falando da equidade. Sendo assim, podemos entender que a equidade adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Um salário mínimo obtido por três profissionais que exercem o mesmo cargo é necessidade na medida do seu sustento, é igualdade se considerarmos que a remuneração para uma determinada função deve ser igual para todos os que ela exerce, mas não atende ao princípio da equidade se estamos falando de uma pessoa solteira que mora com os pais, ou de um pai de dois filhos ou de um viúvo com dez filhos.

Por fim e por resumo simplório, cada um sabe onde o seu sapato aperta o calo. Cada um sabe de suas necessidades e deveria saber o que os leva a pensar daquela forma que sustentam com tanta paixão. Por quê isso, então? Todos são importantes, todos são valiosos, todos são seres humanos que precisam ser considerados e assim olhados e acolhidos pela sociedade que é por eles também construída. Intolerância, seja ela de que natureza for, é o veneno que fará com que os frutos que tanto almejamos e acalentamos para nosso futuro já nasçam podres e comprometidos.

Brigas por terras e bens não nos levam muito longe nessa tão breve passagem por essa vida. Pergunto: ao final, de quantas terras um homem precisa?

Não mais do que sete palmos, da cabeça aos pés.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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