No dia 29 de dezembro de 2001, morria a cantora, compositora e multi-instrumentista Cássia Eller, uma das maiores representantes do rock brasileiro dos anos 90 e eleita a 18ª maior voz e a 40ª maior artista da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil. Lançou cinco álbuns de estúdio em vida: Cássia Eller (1990), O Marginal (1992), Cássia Eller (1994), Veneno AntiMonotonia (1997) e Com Você… Meu Mundo Ficaria Completo (1999).
Seu sexto álbum de estúdio, Dez de Dezembro (2002) foi lançado postumamente. O álbum mais bem-sucedido de Cássia foi o Acústico MTV (2001), com mais de um milhão de cópias vendidas e um prêmio Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock.
Cássia nasceu em 10 de dezembro de 1962 no Hospital do Exército de Campo Grande no Rio de Janeiro, filha de Nanci Ribeiro, uma dona de casa, e Altair Eller, um sargento paraquedista do Exército descendente de alemães do land de Hesse. O nome foi sugerido pela avó, devota de Santa Rita de Cássia.
O interesse pela música começou aos 14 anos, quando ganhou um violão de presente. Aprendeu a tocar violão e falar inglês com as músicas dos Beatles. Aos 18 anos chegou a Brasília, para onde sua família se mudou. Ali, cantou em coral, fez testes para musicais, trabalhou em duas óperas como corista, cantou frevo, blues, rock e também tocou surdo em um grupo de samba.
Um ano mais tarde, aos 19 anos, querendo sua liberdade pessoal, foi para Belo Horizonte atrás de um lugar para morar e um emprego, onde conseguiu assim que chegou, e passou a trabalhar como servente de pedreiro. “Fiz massa e assentei tijolos”, contava. Lá, alugou um pequeno quarto, onde ficou vivendo. Na escola, não chegou a terminar o ensino médio, por causa dos shows que fazia, cada dia num turno diferente, não tinha horário para se dedicar ao estudos.
Quando voltou para Brasília, substituiu uma amiga como secretária no Ministério da Agricultura, mas foi demitida no terceiro dia e resolveu apenas cantar. Cássia cantou em um grupo de forró e participou por dois anos do primeiro trio elétrico do Planalto, o Massa Real. Seu sonho era ser cantora de ópera. Cássia despontou no mundo artístico em 1981, ao participar de um espetáculo de Oswaldo Montenegro.
Caracterizada pela voz grave e pelo ecletismo musical, interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro, como Cazuza, Renato Russo e Rita Lee, além de artistas da MPB como Marisa Monte, Caetano Veloso e Chico Buarque, passando pelo pop de Nando Reis, rap de Xis e o incomum de Arrigo Barnabé e Wally Salomão, até sambas de Riachão e rocks internacionais de Janis Joplin, Jimi Hendrix, Beatles, John Lennon e Nirvana. As maiores influências musicais de Cássia eram John Lennon, Paul McCartney e Nina Simone.
O primeiro álbum de Cássia, “Cássia Eller”, foi lançado pela PolyGram em 1990. Em 1992 ela lança o seu segundo álbum, O Marginal. Em 1994 foi lançado o terceiro álbum da cantora, intitulado “Cássia Eller”, que contava com o hit “Malandragem”, uma canção inédita de Cazuza. O quarto álbum da cantora, “Veneno AntiMonotonia”, foi lançado em 1997 como um tributo a Cazuza e conta com regravações de canções do cantor.
Cássia era assumidamente bissexual. Ela teve um único filho, Francisco Ribeiro Eller (nascido em 28 de agosto de 1993), carinhosamente chamado de Chicão, fruto de um relacionamento casual com um amigo, o baixista Tavinho Fialho, que fazia parte de sua banda. Em entrevista a revista Marie Claire em outubro de 2001, Cássia disse que se apaixonou por Tavinho.
A gravidez não foi planejada, mas a amiga e posteriormente companheira de Cássia, Maria Eugênia, ficou feliz ao saber que ela estava grávida. Tavinho morreu em um acidente de carro uma semana antes do nascimento do filho. O nome Francisco foi inspirado na canção de mesmo nome de Milton Nascimento, gravada por Cássia no álbum Ioiô de Nelson Faria quando ela estava grávida de oito meses.
Cássia Eller morreu no auge de sua carreira, com apenas 39 anos, na clínica Santa Maria no bairro de Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro após sofrer quatro paradas cardíacas, em razão de um infarto do miocárdio repentino. Os laudos do IML comprovaram que Cássia morreu de infarto causado por uma malformação de seu coração. Os exames toxicológicos não encontraram resíduos de álcool nem drogas no corpo da cantora como se imaginava na época.
Os exames histopatológicos revelaram que Cássia estava com problemas cardíacos, como uma coronarioesclerose leve (início de formação de trombos de gordura) e uma fibrose miocárdica (cicatrizes resultantes de outras lesões preexistentes). Ela foi enterrada no Cemitério Parque Jardim da Saudade, no bairro Sulacap, na cidade do Rio de Janeiro.
Após a morte de Cássia, Maria Eugênia conseguiu a guarda de Chicão, depois que o pai da cantora entrou com um pedido na justiça pela guarda do neto, mas em janeiro de 2002, pela primeira vez a Justiça brasileira concedeu a uma mulher a guarda provisória do filho de sua companheira. Em 31 de outubro de 2002, em decisão inédita, a Justiça concedeu à Maria Eugênia a tutela definitiva de Francisco.
Fonte: Wikipedia