Analfabetismo no Rio de Janeiro está acima da média da Região Sudeste

Além da alta taxa de analfabetos, rede estadual no Rio tem 109 mil vagas ociosas no ensino médio (Foto: Divulgação/Seeduc)

Um levantamento divulgado pela Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), em audiência pública realizada na última sexta-feira, dia 18, pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), aponta que a taxa de analfabetismo entre pessoas a partir dos 15 anos no Estado do Rio é maior do que a média do Sudeste.

De acordo com o Relatório Anual de Responsabilidade Educacional de 2021, 4,2% da população fluminense não apresenta as competências necessárias em leitura e escrita. A média regional é de 3,3% e a nacional, 6,6%.

A taxa de abandono na mesma faixa etária é de 2,3%, enquanto no país é de 5,8%. Os dados foram apresentados pela subsecretária de Gestão de Ensino da Seeduc, Ana Valéria Dantas, que também confirmou a existência de 109 mil vagas ociosas no Ensino Médio.

Os índices foram muito discutidos durante a audiência. Para o presidente da comissão, deputado Flavio Serafini (PSol), os números revelam a necessidade de um projeto específico para combater os déficits de aprendizado, principalmente, em função dos efeitos da pandemia sobre a Educação.

– Temos necessidade de projetos pedagógicos para os estudantes, que foram muito impactados pelo processo de pandemia. Temos um vazio nesse sentido, e as aprovações automáticas mascararam a manutenção de vínculo dos alunos – afirmou.

A crônica falta de professores e os baixos salários foram pontos do relatório criticados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado (Sepe-RJ). Segundo a Seeduc, a remuneração média dos professores da rede é de R$ 4.324,46, excluídas as verbas indenizatórias de transporte e alimentação.

– Nosso estado, apesar de ser o segundo em arrecadação, paga o pior piso salarial da rede estadual entre todos os estados do país. Não há Regime de Recuperação Fiscal que justifique. Além disso há 13.600 vacâncias profissionais na rede – declarou o coordenador do sindicato, Diogo Oliveira.

A qualidade da merenda, fator importante no combate à insegurança alimentar das populações mais pobres, também tem merecido pouca atenção no estado, de acordo com o representante da Associação dos Diretores de Escolas Públicas do Estado (Aderj), Bruna Patrocínio.

– Recebemos pouco mais de R$ 1 para a alimentação diária por aluno. Os pais frequentemente se assustam com este número e entendem por que os filhos comem pouco na escola. Uma criança mal-alimentada não aprende da mesma forma que uma bem alimentada. É urgente a revisão destes valores – alertou.

O defensor público Rodrigo Azambuja chamou a atenção para a necessidade de mais laboratórios científicos na rede. “Calculei que apenas 45% das escolas contam com laboratório de ciências. A pandemia nos mostrou a necessidade de investirmos em tecnologia. É necessário um projeto para contemplar a totalidade das escolas, o que é essencial para uma educação de qualidade”, cobrou.

Também integrante da comissão, o deputado Waldeck Carneiro (PSB) ressaltou que, nos tempos atuais, não se pode pensar a Educação sem investimento em tecnologia. “Temos que ter conectividade de verdade nas escolas, garantindo ambientes conectados, o que faz parte da estratégia de modernização das unidades escolares”, afirmou.

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