Áreas de risco: o que fazer em caso de forte chuva?

Moradores da localidade de São Januário, no Jardim do Sol, tiveram perdas com enchente na semana passada (Fotos: Reprodução/Redes Sociais)

Os últimos dias têm sido muito difíceis para a população de Resende, em especial aos moradores que vivem nas áreas de risco do município. Durante o mês de outubro, o tempo tem se apresentado constantemente nublado e chuvoso na região, sendo que entre os dias 27 e 28 uma forte chuva caiu em diferentes bairros de Resende, trazendo transtornos a motoristas que precisam trafegar pelas estradas devido a problemas de deslizamento ou danos ao asfalto e também uma cena pouco comum, o alagamento na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).

Na mesma ocasião, moradores de diferentes bairros, em especial os da localidade de São Januário, no Jardim do Sol, foram pegos de surpresa com a subida do nível do rio Pirapitinga, e tiveram que deixar suas casas, sendo levados para um abrigo no Colégio Estadual Roberto Silveira, no bairro Paraíso.

Nesta segunda-feira, dia 1º, uma nova frente fria que chegou ao Médio Paraíba neste final de semana trouxe mais chuva volumosa para Resende, que já provocou novas interdições na RJ-163, na estrada que liga a Dutra a Visconde de Mauá e volta a deixar a população em alerta. Sendo assim, o jornal BEIRA-RIO entrevistou o consultor em Defesa Civil e profissional de Logística Humanitária, Douglas Sant’Anna da Cunha.

Natural de Resende, Douglas atua como subsecretario de apoio operacional da secretaria educação de Mariana/MG, e traz orientações para os moradores que vivem em área de risco. Ele defende a necessidade dessas pessoas terem um melhor conhecimento dos riscos aos quais estão expostas.

– A população de área de risco deve primeiramente entender a que risco estão expostas para que possa saber quais medidas deverão ser adotadas (seja estruturantes, ou apenas não estruturante). A partir deste conhecimento, saber qual sinal deverá detectar e como proceder na evacuação, saber a rota de fuga, ponto de apoio e abrigo (locais estruturados e com profissionais capacitados, alimentação e fora de riscos), deixar um kit de evacuação pronto (com mudas de roupas, documentos, água, lista de contatos, etc).

O consultor ainda alerta para que aos primeiros sinais de risco (marcas na encosta, rachaduras e trincas em paredes, rios transbordando, etc), a população deverá sair da área de risco e procurar abrigo seguro, além de comunicar a Defesa Civil para fazer uma análise técnica.

Ao mesmo tempo, com o aumento do número de ocorrências e sua intensidade já relatados pelos cientistas mundo afora, ele aponta a necessidade das cidades em se prepararem para um possível evento de forte chuva.

– O aumento do número de ocorrências e sua intensidade são fatores já relatados pelos cientistas mundo a fora, mas as preparações das cidades de forma a absorver águas, conter encostas, planos habitacionais em áreas seguras, implantação de sistemas de monitoramento e alarme, criação de núcleos comunitários de proteção e defesa civil, preparação da comunidade e instituições públicas e privadas e notoriedade no plano de contingência são algumas ações importantes para que elas estejam preparadas para os períodos críticos, seja de chuva ou outros que possam colocar em risco a população – cita.

O consultor frisa os pontos a serem levados em consideração para os planejamentos das cidades para o enfrentamento a essas catástrofes. “Primeiro ponto para um planejamento é o estudo de riscos e o mapeamento da vulnerabilidade, munidos destas informações a construção de um plano de preparo e resposta para cada tipo de risco (período chuvoso, riscos industriais, barragens, etc). Posteriormente, as medidas estruturantes que são os muros de contenção, desassoreamento de rios, remoção de áreas de risco, etc. Além da implantação de medidas não estruturantes: a preparação da comunidade e das instituições, a efetivação do plano de contingência, preparação dos abrigos e pontos de apoio, equipes em alerta pronto para agir”.

Ele ainda diz que também se faz necessário a limpeza de bueiros, boca-de-lobo, mas também de medidas educacionais como ensino de educação ambiental e Defesa Civil nas escolas e implantação de núcleos de proteção e defesa civil comunitários.

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