Partidos de Barra Mansa repudiam vereadores que ofenderam profissionais da educação

Pimentel (à esquerda) e Maciel são criticados em nota após ofensas a educadores e praticantes de religiões de matriz africana (Foto: Divulgação/CMBM)

Nesta segunda-feira, dia 19, os diretórios do PT, PSol e PSB de Barra Mansa divulgaram uma nota de repúdio contra os vereadores Fernando Pimentel (PV) e o presidente da Câmara de Barra Mansa, Daniel Maciel (Progressistas). Segundo a nota conjunta, os parlamentares teriam faltado com o decoro ao se manifestarem de forma preconceituosa e desrespeitosa contra “os profissionais da educação, seus representantes sindicais, as religiões e a todos que professam a fé de matriz africana” durante a sessão realizada no plenário do legislativo local na última quarta-feira, dia 14.

O primeiro a se pronunciar foi o vereador Eduardo Pimentel (PV), que estava visivelmente incomodado com o barulho de uma manifestação promovida por representanes do núcleo municipal do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) que acontecia no mesmo horário da sessão.

– É com muita tristeza que vou usar esta tribuna hoje. Achei que nem fosse precisar usar. Fala mais alto que o som lá de fora está mais alto que o daqui de dentro, tamanho o respeito com os vereadores. Alguém aqui antes de ontem (dia 13) recebeu um comunicado do Sepe querendo conversar? Quando eu quero alguma coisa com meu pai e minha mãe, ou até mesmo com os nobres colegas, eu chego colocando coroa de flor na porta do gabinete de vocês? Vela? Boto uma caixa de som e grito? – reclamou.

O vereador prosseguiu nas palavras, utilizando de forma pejorativa um símbolo das religiões de matriz africana. “Aqueles que representam nossa cidade, que representam a nossa educação, segundo eles, que ensinam, que educam os nossos filhos, os filhos daqueles que votaram na gente, olha qual foi a atitude (se referindo ao protesto)! É assim que uma criança, quando não concorda com a correção de uma prova, deve atacar com giz o professor? Botar uma galinha preta lá dentro (da sala de aula)? Que a galinha preta eles falam que é usada na macumba, sou católico, eu não sei. É assim que a gente resolve? É discussão saudável?”

O parlamentar, além de menosprezar a manifestação da categoria, ainda fez mau uso da palavra genocida e terminou ofendendo os sindicalistas e educadores.

– Sou homem de 39 anos, trabalhador, de boa família, nunca precisei subir em caminhão para gritar e nem pedir reivindicações até porque somos trabalhadores. Sempre trabalhamos e estudamos, tudo que nós temos foi fruto do nosso trabalho. Não admito ser chamado de genocida por pessoas incompetentes, imorais e irresponsáveis. Vocês sabem o que é genocida? É o vereador do Rio de Janeiro, aquilo sim é genocida (se referindo ao vereador Jairinho, acusado de matar um menino de 4 anos). Agora ninguém sentou aqui pra discutir com a gente. Eles não querem conversa, querem o q estão fazendo aqui na porta, desordem. (…) São um bando de safados! Comigo vocês não terão mais vez, palhaços!

A ofensa aos educadores também partiu do presidente da Câmara, Daniel Maciel, que chamou os mesmos de vagabundos. Além disso, a nota criticou a omissão dos demais vereadores, que segundo os partidos, não reagiram às manifestações dos dois colegas durante a sessão.

Os sindicalistas protestavam contra a aprovação no mesmo dia de um Projeto de Lei de autoria do vereador Jefferson Mamede (PSC), que considera a educação uma atividade essencial em Barra Mansa em tempo de pandemia, apelidada de “PL da Morte” pelos opositores. Apenas os vereadores Fernanda Carreiro (PT), Gustavo Gomes (Republicanos) e Casé Figueira (PSL) votaram contra a PL. Carreiro, na mesma sessão, defendeu a realização das aulas remotas e alertou sobre o crescente número de mortes pela Covid-19 em Barra Mansa com base em dados estatísticos da doença no município. A lei ainda poderá ou não ser sancionada pelo prefeito Rodrigo Drable (DEM).

Já os parlamentares Marcos Pitombeira (DEM), Marcell Castro (Cidadania), Paulo Chuchu (DEM) e Vicente Pissula (PV) se abstiveram ou não puderam votar. Castro, inclusive, esteve ausente no dia da sessão, pois se encontrava internado com a Covid-19, mas recebeu alta no último dia 17.

O jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a assessoria de imprensa da Câmara de Barra Mansa para solicitar uma nota, mas não obteve resposta. Confira a nota dos partidos de Barra Mansa na íntegra clicando aqui.

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