Cadê os vereadores?

Depois de dois meses a nova Câmara municipal de Resende, agora com 17 representantes (do povo?) e uma significativa renovação ainda não disse a que veio ou melhor, a impressão é que tudo continua sem qualquer alteração positiva para o representado: o povo!
Neste início de Legislatura, a Câmara protagonizou dois momentos que merecem destaque: a eleição da Mesa Diretora, onde o jogo de poder baixou um pouco a bola do prefeito, tipo tira o pirulito, deixa fazer beicinho, mas depois devolve. Sabe como é? Então, e o outro momento foi a infeliz decisão do presidente Bira Ritton (PP) em atendimento ao vereador Tivo (PP) impedir que povo entrasse na Casa do Povo. Situação revertida depois que ganhou as redes sociais e denúncias ao Ministério Público. Só relembrando: o advogado Marcelo Macedo Dias denunciou que a Câmara não estava deixando os cidadãos subirem no anexo que fica em Campos Elíseos, só podiam fazê-lo com ordem de um dos vereadores. A justificativa seria o incômodo que o povo provoca, subindo e procurando os vereadores em seus gabinetes. Não é para rir, gente! O assunto é sério.
O presidente aceitou a ideia do colega para impedir o acesso das pessoas à Câmara, talvez o mais importante princípio que os colocou naquela cadeira ganhando mais de R$ 10 mil por mês para, em tese, – em tese, repito – representar os interesses da população.
As sessões são mornas, com exceção das provocações e colocações do vereador Tisga (PPS) que vem se destacando ao contestar o “discurso oficial” proferido pela maioria dos vereadores. É de lamentar ver o quanto o vereador Caloca se encolheu, nem parece aquele vereador da Legislatura passada que enfrentou animosidades e boicotes de seus pares. Agora, silencioso e cordato às propostas governamentais, mas claro, tudo deve ser, para o bem do povo resendense.
Alguns vereadores – os veteranos – não surpreendem e tão pouco o farão nos próximos anos. Tá tudo dominado como se diz na gíria popular. Do contrário, estariam levando a sério o risco iminente de prejuízo à governabilidade que Resende apresenta. São contratos questionados na Justiça; são dezenas de inquéritos em curso no Ministério Público; são processos contra a pessoa do prefeito José Rechuan e outros integrantes do governo; é o inchaço da máquina (que esse mesmos vereadores contribuem); e a disputa interna de alguns integrantes do governo que já começaram a corrida de 2016. Estes são apenas alguns exemplos de assuntos muito sérios que os vereadores fazem vista grossa e sem contar, os assuntos domésticos como a falta de fiscalização na cidade; a coleta do lixo que virou uma grande bagunça, sem dias e horários certos, contribuindo para que as ruas e calçadas fiquem mais sujas; os problemas, de qualidade, nas obras recém-inauguradas; e o eterno abuso das concessionárias que mandam na cidade. Será que esses vereadores não se envergonham de verem diariamente as pessoas reclamando, tendo dificuldades reais para obter os serviços essenciais?
Não. Não se envergonham, e pior: tentam impedir que cheguem aos seus gabinetes para reclamar. Ainda que tenham assessores para o atendimento e pelo menos ouvir o pobre cidadão reclamão. Aquele mesmo cidadão que provavelmente o colocou lá. Os vereadores mais uma vez, pelo que se desenha, perdem a oportunidade de fazer a diferença no que tange à condução da manutenção dos direitos do cidadão.
Sinceramente, espero que alguns vereadores consigam fazer a diferença, entre os novatos ainda há esperança com Tisga, Barra Mansa (ambos do PPS), Olímpio (PC do B), Davi é 10 (PRB), Irani (PSB). Existem outros novatos, mas que parecem já moldados às intenções (me refiro às piores) do Executivo não que os citados estejam incólumes de se tornarem mais discípulos do que líderes, mas torço para que não se deixem levar. Acredito que aí está a questão: os vereadores não percebem a força que têm; não valorizam os votos que receberam (aqueles que receberam espontaneamente, é claro! Porque ninguém é ingênuo de acreditar que todos os votos foram por amor à causa); não percebem que bem informados e bem assessorados poderão, de fato, fazer muita diferença e se tornarem líderes e não apenas mais um dependente do poder público. E não apenas uma independência para fazer carreira política, mas uma independência que venha de encontro às reais necessidades da população e acima de tudo, olhar o povo não como pedinte, como fazem os vereadores (a maioria), mas como pares na construção de uma sociedade melhor, mais justa, menos corrupta, menos interessadas nas benesses pessoais. É possível!
Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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