Ex-vereador Mirim volta a circular em Resende e diz que vem para retomar sua luta sindical

Dois meses depois de ter tido a prisão revogada como anunciado pelo BEIRA-RIO em maio desse ano, o ex-vereador Jeremias Casemiro, o Mirim, do Partido Solidariedade, volta a circular em Resende e diz que vai retomar sua militância sindical. Mirim contou ao BEIRA-RIO que durante o período que era considerado foragido, passou boa parte dos últimos meses em Brasília e se reaproximou do movimento sindical, que foi a base de sua eleição e reeleição para vereador em Resende; ele que é funcionário afastado da Man Latin América, era conhecido como Mirim da Comissão de Fábrica, ligado ao Sindicato dos Metalúrgicos da região. Perguntado como tem sobrevivido nos últimos três anos, já que teve contas bloqueadas e não recebe salário, o ex-vereador disse que contou com a ajuda de amigos de Resende e de amigos do Sindicato. “Quem é o Mirim? Mirim vem de família pobre, humilde do bairro Liberdade, tive dificuldades e sempre lutei pelos trabalhadores. Isso incomodou muita gente, fui perseguido pelo trabalho que eu fazia”, afirma Mirim que questiona a falta de rigor em investigações do Ministério Público com o ex-governo Rechuan.

— Por que só a Câmara? Tanta denúncia contra o governo e o que deu? Nada? Sempre questionei Águas das Agulhas Negras, São Miguel e estacionamento rotativo, cheguei a pedir uma CPI do estacionamento. Acredito na Justiça e vai mostrar que não aconteceu nada do que foi falado na Câmara. Só acho que deveriam investigar o governo também que aliás contratou uma das empresas fantasmas que o MP mostrou. Na minha gestão essas empresas não atuaram, garante Mirim que falou que até hoje não entendeu o pedido de prisão e não se entregou porque não se considera culpado de nada. “Como ia me entregar? Não fiz nada. Tenho consciência tranquila”.

O ex-vereador fala de política eleitoral municipal e diz que apoiará este ano o ex-prefeito Noel de Carvalho e o atual presidente da Câmara, Roque Cerqueira. Sobre a possibilidade de tentar uma nova candidatura em 2020, diz que “o futuro a Deus pertence”. E garante que vai defender o trabalhador, principalmente o trabalhador de fábricas, metalúrgicos. “Chega de médicos né? Porque Resende não pode ter um prefeito metalúrgico? O trabalhador na região está abandonado. Há uma carência porque sempre quem manda é o patrão. Vamos fortalecer o sindicato dos metalúrgicos na região”.

Fontes ligadas ao Ministério Público garantem que a Operação Betrug que apontou três presidentes da Câmara de Resende, entre eles, o ex-vereador Mirim que foi afastado, continua investigando ex-vereadores e vereadores ainda com mandatos por fraude a licitação e organização criminosa. Oficialmente, o MP respondeu ao BEIRA-RIO por e-mail, de forma limitada e genérica, que: “O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informa que adotará as medidas cabíveis no curso da marcha processual, com o fim de buscar os rigores da aplicação da lei”.

O tempo todo da entrevista, Mirim fala que a Justiça tem que investigar e vai ver que na Câmara nada aconteceu. “A Câmara de Resende é uma das mais enxutas. Mesmo com a obra, sempre foi enxuta. Espero realmente que a Justiça desdobre o processo e volto a perguntar porque só para a Câmara? E para prefeitura? Nenhuma investigação? – provoca Mirim. “Acho mesmo uma injustiça o que fizeram com os funcionários da Câmara e outra, o MP tão preocupado com o dinheiro público e até hoje esses servidores afastados recebendo. Por que não voltaram a trabalhar até hoje? Isso sim é gastar dinheiro público. Quanto custa isso para o município? Pra mim, eles já teriam que ter voltado a trabalhar há muito tempo”. Mirim informou ainda que seus advogados estão pedindo o arquivamento do processo porque segundo ele, “não teve nada de errado na Câmara”, encerra o ex-vereador que usava uma camisa da ONG Pró-Vítimas, uma associação de defesa e amparo às vítimas de abuso de poder, entidade onde encontrou defesa para sua causa e que considerou vitoriosa já que a prisão foi revogada.