Desde segunda-feira, dia 18, cinco colégios da Rede Estadual de Ensino do Médio Paraíba – quatro de Volta Redonda e um de Barra Mansa – estão ocupadas por grupos de estudantes que apoiam a greve realizada por professores de todo o estado do Rio de Janeiro desde o dia 2 de março. Em uma dessas unidades, o Colégio Estadual Barão de Aiuruoca (foto), de Barra Mansa, uma das estudantes responsáveis pela organização do movimento Ocupa Barão não esperava tanto apoio por parte dos pais e professores.
– Quando anunciamos a ocupação, ainda que tivéssemos dificuldades no começo, já que tinha pai e mãe que não estava deixando os filhos acamparem aqui no colégio, a direção não teve outra escolha, mas nos recebeu de forma recíproca. E quando dissemos que ficaríamos dormindo no colégio, os professores logo nos deram o apoio que precisávamos, eles nos ajudam com a comida e a limpeza, inclusive trazendo mantimentos – explica uma das líderes do movimento, a estudante Iohana Araújo, de 16 anos, do terceiro ano do Ensino Médio.
Segundo os organizadores do movimento, até o momento cerca de 100 pessoas, a maioria estudantes (alguns pais e professores também aderiram ao movimento), participaram da primeira assembleia na manhã desta terça-feira, dia 19. Desses participantes, 15 estudantes têm pernoitado nas dependências do colégio com autorização prévia dos pais, já que muitos têm menos de 18 anos (os estudantes têm entre 16 e 18 anos). “Nem todos os estudantes puderam ficar conosco aqui dormindo, mas ainda assim participaram da assembleia. A gente não tem cobrado disponibilidade para que participem dessa ocupação”, completa.
A colega, a estudante Marcelle Zanluti, também de 16 anos e da mesma turma que a colega, explica que a ocupação é realizada dentro da legalidade. “Aqui estamos todos autorizados pelos pais para participarem dessa ocupação, tanto que temos uma ficha que precisa ser entregue para que haja uma autorização em escrito do responsável”. A dificuldade, no entanto, ainda é chamar mais colegas para participar, uma vez que muitos se acomodam com a falta de professores e aulas.
– A gente está procurando com as atividades realizadas aqui na ocupação mobilizar outros colegas, mesmo assim é difícil porque a gente entrega o papel da autorização para eles participarem aqui, mas eles jogam fora e vão embora – diz Iohana.
Desde segunda-feira, as duas meninas e os outros colegas têm dormido em um alojamento improvisado dentro de uma sala de aula ao lado do refeitório, enquanto os meninos ficam em outro alojamento improvisado próximo à quadra. A comida e as refeições são feitas no refeitório. Eventos como a assembleia são realizados no espaço entre a entrada e o pátio do colégio.
Os alunos se assemelham em algumas reivindicações em relação aos professores, entre elas a volta dos porteiros e dos serviços de limpeza nas escolas; uma biblioteca de qualidade e com maior acessibilidade aos alunos; o fim da apropriação indevida feita pela Santa Casa; a permanência das salas climatizadas; volta dos recursos básicos do colégio; maior acesso aos serviços oferecidos pela escola; maior investimento na merenda escolar e salário justo e pago em dia para todos os servidores do estado.
– Resolvi apoiar esse movimento porque na realidade os alunos estão nos apoiando nesta greve, e pelo fato de termos várias reivindicações em comum, como a volta de funcionários para a realização de serviços de faxina, segurança e merenda, assim como melhores condições de vida a eles – cita a professora Alessandra Ferreira Dias, que colaborou com o preparo do almoço dos alunos ocupantes.
VOLUNTÁRIOS TAMBÉM APOIAM OCUPAÇÃO
Além do Barão, os colégios Manuel Marinho, da Vila Santa Cecília; o Guanabara, do Aterrado; o Ciep Brizolão 295 Prof Glória Roussim Guedes Pinto, no Retiro, e o Ciep Brizolão 403 Professora Maria de Lurdes Giovanetti, no Açude, todos em Volta Redonda, também se encontram ocupados por estudantes. Além dos professores, ex-alunos também se mobilizam para dar apoio aos estudantes.
– Estou primeiramente do lado deles e aí resolvi dar o apoio porque já fui estudante neste colégio há quase 20 anos. Sempre estou ajudando na infraestrutura dos ocupantes. Aqui, pelo que vi, o apoio foi até maior do que no Manuel Marinho, onde venho também acompanhando a luta dos estudantes de lá. Aqui no Barão a direção deu apoio, mas no Manuel eles proibiram a ocupação em boa parte das dependências do colégio – narra o eletricista e músico Eric Ramos Gonçalves, aluno do Barão entre 1997 e 1999.
Os alunos do colégio criaram uma página nas redes sociais, onde atualizam as informações sobre a ocupação do colégio, que pode ser acessada aqui.
A direção do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação de Barra Mansa (Sepe), informou que as ocupações são iniciativas dos estudantes, que estão apoiando a greve dos professores em todo o estado. Segundo a diretora Cecília de Araújo Braz, ela chegou a receber a informação de que teria havido ocupação em uma unidade escolar de Resende, mas não revelou o nome do colégio.
Na região, outras três unidades também estão ocupadas por estudantes do Centro-Sul Fluminense (os Colégios Professor Aragão Gomes e Dr. João Nery, em Mendes) e Região da Costa Verde (Ciep Brizolão 302 Charles Dickens, em Angra dos Reis). Confira aqui estas e as demais unidades do estado ocupadas pelos estudantes.
Nesta terça-feira, representantes do Sepe em todo o estado participam de uma audiência com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani, para discutir sobre as reivindicações salariais da Educação e de outras categorias, e dos aposentados, que deixaram de receber nos últimos meses do Governo Estadual.
A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) também emitiu uma nota sobre o assunto.
PROVAS DE CONCURSO ADIADAS
Em virtude da ocupação do Barão de Aiuruoca, as provas do concurso da Prefeitura de Barra Mansa, marcadas para o próximo domingo, dia 24, foram adiadas para o dia 8 de maio. Mais de dois mil candidatos fariam a prova no local. A assessoria de comunicação enviou release à imprensa sobre o adiamento.
