QUEM PENSA? O escândalo da Câmara de Resende não foi um pesadelo de 2015!

Engana-se quem pensa que o escândalo, apelidado por Operação Betrug, promovida pelo Ministério Público Estadual em Resende revelando como o próprio MP definiu, uma “organização criminosa” que fraudou licitação no Legislativo, foi apenas um pesadelo restrito ao ano de 2015 e que neste ano, de eleições municipais, o assunto será secundário. Não. Será concorrente às eleições municipais. Quem gosta de corrida de cavalo define bem: será páreo duro. Até porque, até onde sei, todos os atuais vereadores, inclusive os afastados tentarão reeleição, afinal o afastamento do cargo não os torna inelegíveis, apenas foco de um escândalo jamais divulgado no município. Apenas? Bem, talvez para algumas pessoas, o afastamento da função de vereador, que hoje atingem os vereadores Casemiro Mirim, Kiko Besouchet e Bira Ritton, não represente muito, mas para a Justiça pode ser apenas o início de outros desdobramentos, cujo resultado espero sinceramente estar representado no resultado da eleição de outubro. Do escândalo ainda teremos muitas notícias. De outras investigações em curso também, mas o que tem chamado atenção nos últimos dias é como o senso comum que endossa a política rasteira, a do jeitinho, do conformismo ou mesmo da conivência se estabeleceu nos mais diversos segmentos da sociedade. Há em algumas pessoas e até mesmo, em alguns setores, uma cumplicidade com os maus feitos que chega causar espanto aos mais ingênuos. Os interesses se estendem além dos agentes públicos, penetram nos grupos e segmentos presentes no desenvolvimento da cidade e claro criam verdadeiros fronts que blindam os denunciados e ainda criam espaços de complacência. Esse tipo de atitude da população é o que mais me preocupa, porque significa que investigações de meses, às vezes anos, denúncias fundamentadas pelo Ministério Público, um órgão de extrema importância na manutenção dos direitos e na guarda do correto uso do dinheiro público são menores do que os interesses avizinhados e não me falem de amizade verdadeira, porque Papai Noel já passou. O que percebo nessas relações são interesses ou distanciamento dos verdadeiros princípios públicos e coletivos. Mas o mundo é assim. As pessoas são assim. Por outro lado, há os que desrespeitam os direitos dos que ainda não foram julgados. Tive informações que em supermercado e outros espaços, um ou outro desses vereadores afastados circulando, às vezes com a família, ouvem impropérios e xingamentos. A César o que é de César. Foram denunciados, estão respondendo a processo e mesmo se condenados adiante não dá direito a quem quer que seja fazê-los passar por esse rebaixamento moral. Nossa resposta tem que ser outra. Não é xingar disso ou daquilo. É banir da vida pública. É simplesmente ignorar aqueles discursos falaciosos e observar se de alguma forma essas figuras continuarão atuando na vida pública. Em outubro, podemos tentar novamente. Podemos votar em pessoas mais comprometidas com as políticas públicas, com os interesses da população, de fato. O voto não é uma arma, o voto é a caixa de Pandora que nos resta desse meio que infelizmente corrompe tantas pessoas. Mas temos que lembrar que não são todas as pessoas. Existe gente do bem. Existe gente bem intencionada e existe gente que lida com o poder sem ter qualquer obsessão por ele. É possível! Existe a esperança!

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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