QUEM PENSA? Uso, mas prefiro fugir dos clichês! Ou não!

Chega final de ano e tudo se repete e, hoje em dia, se repete mais rapidamente. Falar que o tempo está voando também é um clichê. Mas como quase tudo tem uma explicação, vamos tentar entender essa correria toda. Quando você pega uma estrada de terra desconhecida, por exemplo, para chegar a um lugar que nunca foi e depois volta, qual viagem parece ter sido mais rápida? A da ida ou a da volta? Se você respondeu a volta, está dentro da “normalidade”. Bem, a isso se explica o processo de experimentação, se você ainda não conhece, não tem registros, a partir do momento que conhece um caminho fica mais fácil passar por ele, sem prestar muita atenção, por isso parece mais rápido.

Você é também daqueles que começa a ler algo na internet, mas se o texto passar de três parágrafos você já se desconcentra ou observa os links próximos? Pois é… isto também, segundo os especialistas, está dentro deste mundo transcontemporâneo-tecnológico. O abuso do neologismo é só uma maneira de eu escapar de mais um clichê. O dia continua com 24h, mas a quantidade de informações que nos chegam durante esse período nos dá mesmo a sensação de um passar do tempo muito mais veloz.

Há até explicações biológicas para o assunto, mas não é propriamente sobre esta sensação do tempo este artigo, mas principalmente o que estamos deixando de fazer com ele (tempo). Tem gente que pergunta: o que podemos fazer para que essa sensação de tempo corrido não nos imponha esse ritmo tão alucinado?

Pois bem, antigamente quando não queríamos enfrentar alguma coisa, dizíamos que era “psicológico”, muitos ainda usam este clichê então acredito que para enfrentarmos o ritmo alucinado temos que parar de falar que “não podemos perder tempo”. Um dia desses caminhando pela Quinta da Boa Vista, lugar que traz minha infância e me enche de novas esperanças, me permiti esquecer do relógio e como uma saída em astral, não percebi o tempo passar, ou seja, o tempo foi o menos importante daquele momento.

Difícil abandonar o relógio quando temos compromissos, mas é possível minimizarmos esse efeito “escravo do tempo” sem sacrificar nossa vida pessoal. Entendo o quanto isso pode ser difícil, mas não é impossível, afinal a “força remove montanhas”.

Todo início de ano, “renovam-se as esperanças” e são feitas aquelas mesmas promessas. O assunto fim de ano e ano novo, retrospectiva e perspectivas também são clichês. O que fazer? Um plano de fuga me veio à mente. Inicialmente pensei em quem sabe falar aos amigos que não me desejem boas festas porque acho isso clichê, mas eu quero que me desejem coisas boas, inclusive festas, não só neste fim de ano, como para 2015; pensei também em ser mais profissional nos cumprimentos, cortês porém sucinta, mas isso já faço; uma boa tentativa pode ser apenas responder os cumprimentos, mas porque razão afinal, temos que estragar a vontade que as pessoas têm de acreditar? Acreditar nos clichês repetidos ano após ano?

Talvez seja uma tremenda bobagem perder tempo – ops… perder tempo não pode – talvez seja uma bobagem dar tanta atenção a isso, querer criar um compêndio sobre as palavras ditas no fim de cada ano ou buscar originalidade neste momento tão clichê. O fato é que solidariedade, desejos de bons caminhos, fluidos, saúde, paz, dinheiro, amor etc devem ser uma constante nos 365 dias do ano, de preferência 24 horas, talvez assim, aquela sensação de tempo corrido mude para tempo bem vivido.

Ganhe tempo, olhe mais para o céu, coloque seus pés descalços sobre a terra, abrace uma árvore, deixem que te chamem de louco ou louca, sorria mais, contabilize seus “obrigado” “por favor” e “adorei”, inclua na sua rotina uma massagem ou mais massagens, faça terapia, ouça um estilo musical diferente que está acostumado, pelo menos uma vez por mês. Enfim, pare num boteco com os amigos peça uma sardinha em conserva e um chopp ou cerveja, mas aí tem que ser clichê (bem gelada), ria alto. E viva em paz! Clichê pra você também!
Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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