QUEM PENSA? O que escrever?

Lendo a coluna do Rafael Alvarenga (página 10), – sempre ótimos textos -, dessa semana fiquei pensando nesse processo de escrever sobre aquilo que pensamos ser mais apropriado ou que a inspiração nos permite. Por vezes, a obrigação e a pressão do dead line nos empurra temas que sobem escadas como diziam os velhos e bons jornalistas. Para cumprir agenda, talvez fosse adequado um artigo sobre a cassação do prefeito de Resende José Rechuan, já ratificada duas vezes pelo TRE e a instabilidade da governabilidade ou mesmo, um que mostre a tentativa do prefeito cassado dar de ombros à situação e tocar a campanha de sua candidata como se nada estivesse acontecendo, afinal, as aparências sempre enganam. Por outro lado, a equipe “militante” que acompanha o prefeito cassado fica tonta e não sabe mais se continua acedendo duas velas ou sai tateando no escuro.

Talvez o melhor artigo para a semana seja da proeza de um jovem brasileiro de 35 anos receber um prêmio mundial de Matemática – só para os nerds – e levantar a auto-estima do povo tão bombardeado por notícias negativas. Pensei na raridade do feito, mas também nos feitos dos que ficam anônimos e ainda que sem medalhas são lutadores de orgulhar um brasileiro que não tem vergonha do seu país. Pensei, mas fico por aqui, nas poucas linhas.

Também tem a PEC do Trabalho Escravo que foi aprovada por unanimidade e sem dúvida vai combater o uso de mão de obra forçada em vários segmentos desse país. Tem ainda, a série de reclamações de pessoas que procuram habitação na cidade de Resende e contam que precisam deixar nomes com vereador para uma lista sabe-se lá de que forma funciona. Estes assuntos que os mais humildes sempre são enganados, depois do voto, é claro. Aliás, esta questão da habitação em Resende virou novela com tantos recadastramentos e rerecadastramentos solicitados e muitas famílias sem garantia de um teto. Mas este ainda não é o assunto.

Outro artigo interessante e, que, como as pessoas que procuram casa em Resende, está na fila, é sobre a supervalorização que o governo municipal começa a dar, inclusive com matérias em televisão, às áreas disponíveis para negócio e crescimento da cidade. Um crescimento duvidoso devido aos caos que já se vive com relação ao trânsito e outro que começa a despontar, o abastecimento de água. O governo do prefeito cassado, José Rechuan, como nunca antes, está autorizando construções de diversos empreendimentos – e não são para moradia dos mais carentes não – sem o devido planejamento urbano de uso do solo e da água entre outros recursos. Mas parece que disso o Ministério Público começa a cuidar. Ufa! Quem sabe, um artigo em breve.

Na necessidade de redigir o artigo semanal até a gripe que nos assola diante das mudanças bruscas de temperatura é um bom tema, assim como as dúvidas que a vacina dada aos idosos, para evitar gripe, povoam aqueles que cuidam dos velhinhos, a maioria com gripe neste momento. Assunto também importante, mas que merece um pouco mais de detalhamento técnico para não corrermos o risco de apontarmos como vilão o que pode ser um instrumento de redução de problemas. Vale mais que um artigo. Vale uma boa reportagem.

E claro, o assunto mais quente da semana, pula à frente dos demais: a morte do candidato à presidência da República, Eduardo Campos (PSB) numa queda de avião em lugar tão cirurgicamente preciso que apesar do entorno de prédios e pessoas, a tragédia ficou, ainda de forma inexplicada, limitada aos sete passageiros do voo que saiu do Rio de Janeiro e caiu cinco minutos antes das 10h da manhã de quarta-feira dia 13, em Santos, SP. Mas tudo que tentaria aqui escrever já terá sido dito ou o será de forma muito mais precisa pelos veículos e profissionais que acompanham o caso. Portanto, conjecturas com tragédia é melhor deixar pra lá. Recebi as fotos dos corpos carbonizados no acidente. Tiradas no local e claro, chocantes como qualquer foto de corpo carbonizado, até acho que já circula na internet. Digo acho, porque as recebi de um amigo que no mesmo dia sabendo do meu ofício as enviou. Não. Claro que não as publicarei. Como disse, estou longe do fato e as fotos seriam apenas um grande oportunismo. Mas olhar essas fotos me fez refletir sobre nossa matéria, nossa existência e qual a importância que damos a ela.

Olhava as fotos e lia os comentários maldosos, as piadas repugnantes culpando Dilma, PT ou desejando que a morte fosse da presidenta ou do Lula. Coisas de um ódio de gente que provavelmente desconhece algumas palavras, entre elas, respeito. Um dos apresentadores do CQC colocou no Twitter assim que soube da notícia: “o aeroporto era do Aécio?” Essa falta de sensibilidade me causa vergonha alheia, sabia?

Enfim, semana que vem penso no que escrever.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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