QUEM PENSA? O que acontece no tráfego de Resende?

Desrespeito dos motoristas? Sim! Ciclistas que desconhecem a legislação? Sim! Pedestres abusados? Sim! Falta de planejamento do governo municipal? Sim! Infelizmente as respostas dão conta do caos que se transformou o trânsito na cidade de Resende. Sem generalizações, é claro, e sem colocar a total responsabilidade no número de veículos que circulam se quisermos realmente minimizar os problemas de trânsito na cidade será preciso um esforço conjunto da sociedade e do governo municipal.

Se por um lado, motoristas, ciclistas e pedestres precisam rever suas condutas, por outro o governo municipal precisa deixar as vaidades de lado e buscar a competência e excelência para tratar do assunto com a importância que ele merece. Chega de amadorismo. Chega de tornar as pessoas, ruas e avenidas do município em cobaias de um laboratório que não pedimos, mas que o governo insiste em descer goela abaixo. Já entendemos que falta competência nessa área e também uma Guarda Municipal voltada para o ser humano e não para o bloquinho de multas acompanhado da tradicional cara fechada ou mau humor que os guardas apresentam. Alguém tem que falar pra eles que são servidores públicos e que no trânsito a valorização deve ser do ser humano e não do fluxo de veículos ou que eles acreditam ser a lei.

Digo acreditam, porque infelizmente temos encontrado muitos guardas municipais despreparados para a função. Multando nas situações mais inusitadas, por exemplo, quando eles são os responsáveis pela orientação ou informando genericamente leis que quando questionados não sabem dizer o número, artigo ou a que realmente se destina. Cito só essas duas situações, que já considero um absurdo, porque vivenciei episódios semelhantes com esta GM de Resende, que já teve seu momento de respeito espontâneo na cidade.

Mas voltando ao tráfego, a valorização do ser humano deve ser o princípio norteador de todos para que realmente tenhamos uma civilidade razoável nas ruas da cidade. Resende tem um instituto que chamam de Marechal José Pessoa e que nada interfere para garantir a integridade física dos motoristas, ciclistas e pedestres da cidade. Dizem que o tal instituto é para pensar e planejar a cidade. Alguém sabe informar onde os “pensamentos” e os “planejamentos” estão disponíveis para conhecimento da população? Nem eu! Garantem que se reúnem com periodicidade, mas ninguém toma conhecimento, porque isso o governo não divulga com ampla publicidade, sobre local e hora das reuniões. Falta transparência, como em todo o governo.

Nem Marechal José Pessoal, nem Conselho Municipal da Cidade conseguem pensar políticas públicas que atendam realmente as necessidades das pessoas que circulam e ultimamente andam pra lá de estressadas, por conta de alterações de sentidos das ruas a cada bimestre, ruas esburacadas, obras em horários impróprios, sinalização confusa, além da já mencionada Guarda Municipal que algumas vezes parece que mais atrapalha do que deveria ajudar.

Em 2009 quando o governo precisava mostrar a que veio, lembro bem que o tal projeto Urbano Humano fala sobre privilegiar as pessoas. Carros mais na garagem, pessoas caminhando e o estímulo a novos ciclistas. O mandato acabou e nada. Entrou no segundo e começaram a correr com as ciclovias, – são ciclovias ou ciclofaixas? – mas deixam de cuidar das existentes. Do contrário, porquê razão, não existe fiscalização por parte do governo e da Guarda Municipal, principalmente nos fins de semana na ciclovia que vai para a Alegria? A ciclovia vira estacionamentos de carros e motos atrapalhando ciclistas e pedestres que caminham no local. A mesma coisa acontece na avenida Juscelino Kubitschek, onde motoristas mal-educados param seus veículos e ainda vão beber nos bares existentes por ali. Mas como querer que o governo fiscalize isso, se autoriza que um comércio faça da calçada e parte rua estacionamento como existe no bairro Jardim Brasília? Nada. Mais uma vez. Ainda sobre as pistas destinadas aos ciclistas o que se vê em Resende, são pistas compartilhadas com os pedestres e como se isso já não levasse risco à integridade física das pessoas, o governo municipal coloca ponto de ônibus nestas faixas.

Os pedestres se arriscam nas travessias dos locais completamente ignorados pelo poder público. O que falar da travessia na Ponte Tácito Viana Rodrigues no Centro, onde o pedestre precisa correr, para atravessar e às vezes, driblar o fluxo de três vias, tanto na cabeceira, quanto ao longo da ponte? O que falar ainda da velocidade dos veículos, que num único sentido agora, na maioria das vias, que assusta principalmente quem está com criança e os mais velhos: ônibus, caminhões e carros trafegam sem qualquer restrição muito acima da velocidade permitida nos perímetros urbanos. E cada vez mais carros estão na rua. Aquela ideia de carro na garagem do tal Urbano Humano não pegou.

Tenho feito a minha parte, sempre que posso faço meus percursos a pé, arrumei a bicicleta, mas confesso que ando insegura de andar nesse trânsito, pelo menos nos dias de semana, e tenho observado e registrado o crescimento de acidentes de trânsito na cidade. É só perguntar para qualquer ortopedista que este pode afirmar como cresceram nos últimos anos o número de pessoas atendidas com sequelas de acidentes de trânsito e/ou atropelamentos. Esses números, o governo não fala e, pior, nem tenta ações para que realmente sejam minimizados. E depois, quer que a passarela-enfeite-inútil que já custou mais de R$ 1 milhão, aquela que tem chifres na Praça da Concórdia e mal foi inaugurada já está fechada para reforma, seja elogiada pelo cidadão. Vai ficar querendo, porque elogio, aquilo só tem de quem tem carro e é sem noção ou de que não anda a pé e não faz travessias nas ruas da cidade. Realmente um “monumento” essa obra do prefeito cassado José Rechuan Júnior. Monumento à vaidade… dele e do arquiteto que a projetou. Só deles!

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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One thought on “QUEM PENSA? O que acontece no tráfego de Resende?

  1. Querida Ana Lucia, o nosso Prefeito no momento preocupa-se apenas em eleger sua esposa e conseguir a tal liminar para continuar no poder. O que temos visto são ruas pavimentadas sendo repavimentadas, como por exemplo, no bairro Paraíso com asfalto de baixa qualidade. A questão do tráfego de Resende é ridícula, nas mãos de um ótimo arquiteto, mas que não entende nada de trânsito. Falta humildade ao Sr. Rechuan que é incapaz de reconhecer seu erro.

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