QUEM PENSA? Por que a humildade é algo tão difícil para um gestor público?

Observando os tiros no pé que o governo de Resende tem dado e, ainda prejudicado o andamento da Administração Pública me pergunto porquê é tão difícil para um gestor ter a humildade que não dá para acertar tudo e que não ouvir os maiores interessados, neste caso, a população, não é apenas a contramão dos governos democráticos, mas principalmente o erro anunciado de quem vive o cotidiano das cidades, o que por incrível que pareça, muitos secretários não alcançam de seus gabinetes com ar-condicionado e cafezinho. Alguns vão para a rua, mas sem a noção do interesse público e do bem usar o dinheiro público fazem muita coisa de qualquer jeito; acreditam que se furou chão e não deu certo, quebra de novo; que se construiu o teto e caiu, faz de novo; se contratou irregularmente uma empresa, rescinde e contrata outra, ou seja, o custo e o tempo são completamente desprezados pelos agentes públicos que deveriam zelar pelo bom uso do bem público.

A cidade de Resende, desde 2009, tem vivido um caos nas ruas, avenidas e até nos bairros que tinham pouco movimento de veículos e se engana quem afirma que tem que aumentar o fluxo de veículos nestes bairros exatamente para desafogar as principais ruas. Engana-se porque quando esses bairros foram projetados, tinham destinação residencial e portanto, até sua infraestrutura foi feita para tal. Pois, imagina que um bairro projetado para ser residencial começa a ter um tráfego insuportável de ônibus e de caminhões pesados, cuja base das ruas não foi preparada para tal? Pois é. É o que temos visto em Resende e pior, com a certeza de que esses que se dizem engenheiros e arquitetos estão completamente distantes da eficiência que se espera da administração pública. Um governo incompetente contamina a Administração e todos nós pagamos o pato.

Mas tudo isso seria possível reverter se o principal agente público, o Executivo, na pessoa do prefeito Rechuan, caso de Resende, tivesse sensibilidade e humildade para perceber o que está bem à frente de seu nariz.

Algumas coisas não deram certo, mas ele insiste como a passarela-enfeite-inútil na Praça da Concórdia e algumas mudanças no tráfego, que pelo distanciamento da convivência diária com os problemas das pessoas que moram ou usam essas ruas diariamente conhecem bem. Moradores e motoristas continuam reclamando muito das mudanças do trânsito no Manejo, onde as ruas de vários bairros foram modificados e pelo que se ouve até agora não convenceram ou mostraram melhorias. Abaixo reproduzo parte de um ofício do Colégio Dom Bosco que, foi enviada ao prefeito José Rechuan, e divulgada para a comunidade e que mostra insatisfação, preocupação e situações de verdadeiro perigo com as mudanças que o prefeito faz questão de repetir são geniais e maravilhosas. Leia também nota na página 09, desta edição.

“Para: Exmo. Sr. Prefeito Municipal de Resende
Assunto: Trânsito nas imediações do Colégio Dom Bosco
PREFEITURA DE RESENDE DIVISÃO DE PROTOCOLO PROCESSO Nº 17 921. Em 04 do 06 de 2014

A adoção de mudanças no Trânsito do Manejo, particularmente em frente ao Colégio Dom Bosco, tem sido motivo de grande preocupação da comunidade escolar e de moradores da região.

Entendemos e concordamos que há necessidade de efetivar as alterações diante do fluxo de veículos que hoje utiliza as ruas e avenidas da cidade.

Todavia, mudanças, ainda não consolidadas, trouxeram insegurança aos professores, pais e responsáveis pelas crianças e jovens que frequentam o Colégio.

Observa-se, depois de dois meses de alterações, que um número maior de carros, ônibus e caminhões percorre as vias que dão acesso à entrada e saída de alunos.

Isso se dá, principalmente, porque, quem necessita ingressar nos bairros Vila Julieta, Alvorada e Manejo, que trafega pela Rua Zenaide Vilela, é obrigado a passar pela frente do Colégio e cruzar as duas vias, adentrando na Rua José Fernando T. V. Leandro, como 1ª opção, e pela Rua Governador Portela e Avenida Coronel Adalberto Mendes como 2ª e 3ª opções, respectivamente.

Embora tenha sido ampliada a área de desembarque/embarque de alunos em frente ao Colégio, há um fluxo muito intenso de veículos e transeuntes em dois horários críticos: das 12h15min às 13h15min e das 17h15min às 18h15min, de 2ª a 6ª feira.

Além disso, por se tratarem de jovens e crianças os principais usuários do educandário, os responsáveis por eles são obrigados a estacionar em locais distantes e aguardar a saída dos estudantes, o que preocupa a todos, pois no entorno há deficiência de calçadas, de iluminação adequada, para o caso do final do turno vespertino, além de calçamento irregular nas vias.

Isso traz enorme insegurança aos responsáveis e à direção escolar, com agravantes em situações de mau tempo.

Diariamente temos recebido pais que solicitam que intercedamos junto ao poder público no sentido de apresentar essa insatisfação.

Diante da exposição de motivos e, como proposta de melhoria das condições atualmente existentes, sugerimos:

·permitir o estacionamento temporário(ver horários citados no documento) nas laterais da Av. General Affonseca, sentido Av. Coronel Mendes, hoje com meio-fio pintado em amarelo;

·autorizar o estacionamento em diagonal ao lado direito da citada avenida, preservando o espaço de embarque/desembarque frontal do Colégio, (isso dobraria as opções de estacionamento nesse período);

·aumentar a iluminação pública das vias próximas ao Colégio;

·orientar a Guarda Municipal quanto à autorização temporária para estacionamento, evitando-se o recurso da multa por infração;

·adequar a sinalização necessária às mudanças;

·instalar um redutor de velocidade nos padrões atuais, com faixa de segurança larga na área frontal do Colégio;

·eliminar as irregularidades dos leitos das vias citadas nas proximidades do Colégio”.

Há cinco anos mudanças estãos endo feitas na cidade, algumas começam no caráter temporário ou experimental e não mais se tem notícias se foram consolidados ou se ainda são experiências. Veja o caso do Paraíso que no início disseram que aquele vergonhoso abrigo de ônibus, à entrada da cidade, era apenas provisória, assim como as mudanças do trânsito naquele trecho, assim como o uso de um terreno particular (Graal) como rua fosse. Um ano após as mudanças – isto mesmo, em julho completa um ano – continua lá aquela lona horrorosa servindo de abrigo de ônibus, bloco amarelos fechando vias que não sofreram mudanças estruturais com ampliação dos canteiros e sinalização provisória ao longo de todo o trecho. É ou não é uma vergonha?!

Claro que alguma coisa precisava ser feita. O crescimento da frota de veículos na cidade é absurda. Criar mais espaços para o uso da bicicleta é também uma ação que me parece acertada. Mudanças eram necessárias, mas tornar a cidade um grande laboratório onde a cada seis meses, às vezes até menos, mudanças são realizadas e esquecer áreas que abrigaram mudanças temporárias como definitivas e ainda a falta de revisão das mudanças realizadas mostra no mínimo falta de competência e principalmente humildade para reconhecer que nem sempre estamos certos.

As casas do início do século passado que ainda resistem na Praça Oliveira Botelho e adjacências continuam ameaçadas pelo grande volume de veículos pesados e ônibus que passaram a usar ruas inadequadas como via de acesso à praça. Várias apresentam rachaduras quando não o próprio reboco que começa a cair. Ruas íngremes dificultam a subida dos ônibus e caminhões, assim como a descida, causando prejuízo aos veículos já que o fundo do chassi arrasta no chão. Coisas de observação que qualquer pessoa sem a formação e a obrigação de fazer a coisa certa conseguem fazer.

Torço para que o ofício do Colégio Dom Bosco que tenta representar não apenas a instituição, mas os pais dos alunos, assim como moradores do bairro tenha eco e consiga sensibilizar o prefeito, diferente do que ainda acontece no bairro Paraíso. Diferente do que ainda acontece no centro histórico do município. Diferente do que ainda acontece nas ruas dos bairros do Manejo com pouco movimento e que tiveram ainda mais restrita sua utilização com a determinação de mão única. Torço sinceramente para que o prefeito Rechuan ouça mais. Reaja menos e peça mais estudos e planejamentos, sem deixar de ouvir a comunidade, antes de decidir por mudanças que mexem com a vida de toda a população ou boa parte dela. Torço…

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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