QUEM PENSA? Uma relação que provoca asco!

As relações entre Legislativo e Executivo no país todo é algo de envergonhar qualquer brasileiro. São sempre unidos pelos interesses escusos e quando se enfrentam os interesses também não são para beneficiar o povo. Exceções? Sim, existem algumas. E isto nos envergonha mais ainda, saber que podemos contar nos dedos aqueles parlamentares ou gestores que honram o voto que receberam e a expectativa do cidadão. E estes estão cumprindo o seu papel, fazer o que tem que ser feito. Nada mais, nada menos. Agora, o que nos deixa perplexos a cada dia é relação venal entre os ditos representantes do povo e o poder Executivo. Quase tudo virou um grande negócio, os projetos são mal discutidos, os interesses são sempre pautados segundo o retorno eleitoral possível, as conversas são de pé de ouvido, as ações são combinadas, orquestradas para favorecer determinado grupo em determinado período. Há uma flagrante subserviência, geralmente do legislativo para o executivo que acreditam precisam dos favores de um prefeito, governador ou presidente para sua manutenção no poder. Talvez até precisem. Os eleitores destes é que foram desprovidos de inteligência ao confiar o voto em pessoas que negligenciam sua obrigação e representação em troca de retorno eleitoral e quiçá de outros benefícios.

Observando a falta de competência da maioria dos vereadores de Resende fica fácil entender porque o prefeito desta cidade tem tantos processos na Justiça. A responsabilidade é também dos vereadores que não cumprem o papel de legisladores, de fiscalizadores das ações governamentais e aí o que resta é o que temos visto aqui em Resende, por exemplo, vereadores preocupados em tirar fotos em obras de asfaltamento e de colocação de pontos de ônibus para justificar os mais de R$ 10 mil que ganham mensalmente mais as viagens para Brasília que rendem mais fotos com deputados e no gramado do Planalto. Enquanto isso, graves relatos de usuários da saúde e do Hospital de Emergência, a reclamação diária de mães que não encontram vagas em creches para seus filhos, o número de jovens mortos pelo tráfico de drogas que aponta um hiato nas política públicas para adolescentes, uma violência crescente em vários aspectos, um estacionamento que lesa o contribuinte, já que nem mesmo lhe dá um ticket-comprovante do pagamento, esgotos abertos e ratos pulando para dentro das casas das pessoas como acontece no bairro Itapuca. E assim caminha a cidade de Resende que tem inaugurações festivas de “academia da saúde”, de postes coloridos e caquinhos tortos ou seriam postes tortos e caquinhos coloridos? Quase a mesma coisa. Os vereadores de Resende não conseguem nem mesmo apresentar um página na internet com todas as informações do Legislativo. O cidadão não consegue acessar uma lei que tenha interesse. Uma página confusa, com mecanismos de busca que não facilitam a busca, pelo contrário, o cidadão encontra mais facilmente o que procura usando mecanismo de buscas fora da página da Câmara, ou seja, um total descumprimento da Lei de Acesso a Informação. Nada muito diferente do que faz o governo municipal.

Eu particularmente, não esperava nada desses vereadores que foram eleitos, ou melhor, pensei que talvez, dois vereadores pudessem surpreender, mas um deles pouco conheço, já o outro votei nele algumas vezes, mas quando votei não foi eleito, mas ainda assim depositava uma esperança de posicionamento menos comprometido, mais isento e um representante do povo realmente, mas o vereador Olímpio pertence à base do governo e ainda que eu tivesse alguma expectativa quanto sua atuação, seu silêncio e omissão em diversos assuntos graves no município já falam por si. Uma pena!

O vereador Irâni em alguns momentos demonstra que está prestes a se soltar das amarras de apoio ao governo, mas logo em seguida, seu silêncio e às vezes até desculpas o colocam novamente ao lado de seus pares. E perde ele, e perdemos nós, a possibilidade de uma voz destoante da mesmice parlamentar de cada dia. Os vereadores de Resende não são muito diferentes e não atuam muito diferente do que outros das demais cidades da região, ainda que tenham espaço para isso. Poderiam trilhar caminhos de lideranças, novas lideranças, mas preferem viver à sombra do governo que falta com o respeito até nos mínimos detalhes. Não são poucas as vezes, que os vereadores reclamam da falta de informações e documentos que solicitam. Passa o tempo regimental, nada recebem e se contentam com uma reclamação em plenário. Coisa lamentável o que temos hoje no Legislativo municipal. Se duvidar do que escrevo agora, atreva-se a frequentar por um mês as sessões legislativas e depois me diga se estou errada.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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