QUEM PENSA? Talvez eu esteja errada!

Há quem acredite que sou muito crítica ao governo da cidade que escolhi para morar. Na verdade, sempre acharam com relação aos governos anteriores também. Pois é. Sou mesmo. Afinal, porquê deveria ficar calada? Por que um governo reeleito merece complacência? Entendo que a maioria das pessoas, talvez por falta de informação, ou mesmo, pela nossa cultura de acomodação e ainda de distanciamento das decisões de políticas públicas prefiram assistir a dança e os resultados promovidos pelos agentes públicos. Eu não. Talvez esteja errada em minhas avaliações. É possível, mas até agora os caquinhos e postes coloridos que inundam a cidade não me convenceram. O que me convence do meu posicionamento é saber que enquanto o governo gasta mais de R$ 1 milhão numa passarela inútil no centro da cidade para ligar um trecho de 30 metros, apenas um carro atende por exemplo, o Programa do Idoso.

Outros tantos exemplos podem ser dados e das mais diversas pastas, mas esta semana pude verificar as dificuldades dos profissionais do Programa do Idoso que com apenas um carro limita o atendimento aos idosos acamados e que precisam por exemplo de um curativo diário. A equipe só pode fazer esse curativo uma vez por semana, pois é o dia que o carro está disponível para tal, nos demais atende o médico e o fisioterapeuta. Um carro. Apenas mais um carro atenderia muito os idosos acamados, aliás, o governo conquistou muitos votos dos idosos não acamados e, faz questão de divulgar os programas para este público, que realmente são interessantes e que melhoram muito a qualidade de vida, mas a impressão – talvez seja uma impressão – é que não sairá das atividades e festas de encontro do pessoal da chamada “idade ativa”.

Ainda no campo da saúde, quem sabe não estou enganada sobre a instabilidade que a pasta tem sofrido nos últimos meses. Não são poucos os desentendimentos de profissionais e do próprio secretário de Saúde, Daniel Brito com o prefeito José Rechuan. O último entrevero, relatam servidores, teria acontecido no início dessa semana, no gabinete do prefeito. “Xingamentos, briga feia, gritos” foram ouvidos por quem estava do lado de fora. Depois disso, o secretário teria dito que deixaria o cargo. O motivo da briga virou especulação e tem pelo menos três assuntos concorrendo. O fato é que a rádio peão deixou os corredores do pátio administrativo e ganhou as esquinas o que ameaça a governabilidade desta pasta tão importante do governo.

O escândalo do furto de medicamentos do Hospital de Emergência, conforme relatou o delegado de Barra Mansa, em entrevista exclusiva há três semanas ao jornal BEIRA-RIO, deixou o secretário de Saúde na defensiva, pois todos ficaram sabendo que a mulher dele é a responsável técnica da Farmácia do Hospital. Como já disse anteriormente, até o final de dezembro, quando o Hospital era uma Fundação até nem pegava tão mal assim, mas desde janeiro, quando passou a integrar a Secretaria de Saúde, um dos dois teria que deixar o cargo, do contrário ainda que ela seja servidora do estado cedida ao município, a moralidade é atingida. O assunto apesar de grave é de fácil resolução e nele estão envolvidos não apenas o secretário, mas também o prefeito que sempre soube disso, portanto este dificilmente é o motivo da briga. Especulações à parte, inclusive do nome do possível novo secretário de Saúde, o médico Maciel de Almeida (que já foi diretor do Hospital de Emergência) – esse hospital faz escola, né não? – o fato é que o prefeito José Rechuan anda perdendo a mão no trato com seu pessoal mais fiel e isso parece muito ruim para quem tem pretensões de continuar na política, afinal, mesmo com viabilidades financeiras, nem só de pão vive o homem, não é assim?

Talvez eu esteja enganada. Talvez… mas aquele Rechuan dos dois primeiros anos de governo conseguiu manter quase sem retoques a maquiagem para 2012 e saiu bem na foto, mas como até os melhores cosméticos têm prazo de validade, e ainda que as máquinas estejam na rua bem ao estilo “político que faz”, é bom acreditar que vai precisar mais do que cores, pancake e mudanças de trânsito para continuar convencendo o eleitor e o munícipe de que o governo pode mais do que bravatas e passarelas inúteis.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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