… e agora pensam que o papinho de
“proximidade de ano eleitoral” vai colar?
Os vereadores de Resende e seus assessores aqui e ali já começaram com aquele discurso pobre que as críticas feitas aos trabalhos legislativos (se é que podemos chamar de trabalho o que fazem) se dão por conta da proximidade do ano de eleições municipais. Com aquele espírito público (#sqn) que lhes é peculiar tecem um rosário de lamentações sobre o quanto são “vítimas” da imprensa, dos opositores, dos que desejam ser vereadores e por aí vai. É bem verdade, que podemos tirar desse bolo os mais experientes que não entram no “mimimi” e também outros três (com muita boa vomtade) que sabem que esse discurso amador e fraco não dá votos, pelo contrário: chama atenção sobre aqueles vereadores que batem no peito e dizem que são tão impolutos quanto à mulher de César. Pobre mulher de César, sempre a mulher.
Dia desses, numa sessão legislativa, alguns vereadores (aqueles mais chorões, claro) intimidaram uma repórter que estava fazendo seu trabalho no plenário. Adivinha? Isso. Uma repórter do jornal BEIRA-RIO, porque o semanário nunca se curvou às bobagens que falam ou deixou de questionar a falta de compromisso público desses homens que ganham para representar a população. Pois bem, mas não é sobre a intimidação da repórter que chegou a ouvir que deveria procurar outro emprego para “não ficar marcada”. Seria uma ameaça ao futuro da profissional? Entre outras pérolas, teve vereador afirmando que “tem projeto que já fez mulheres (novamente as mulheres) perderem 30 quilos e isso o jornal não fala” Não, caro leitor, não é uma piada. O vereador Davi cujo salário é de R$ 10 mil – pagos por nós – falou isso. Claro que teve gente preferindo ser surda.
Mas não são sobre as bobagens, tão comuns, dos vereadores que este artigo se refere. Antes tudo de ruim que fizessem fosse apenas isso, ameaçar, constranger e mentir, sob o manto da imunidade parlamentar, cidadãos que trabalham.
Alguém deve ter esquecido de contar para eles que “cara feia e dentes à mostra” não impõem medo aos que sabem como desempenhar seu papel. O assunto aqui a ser registrado é o perigo que esse Legislativo tem representado para o município com gastos absurdos e desnecessários e claro, isso chama muito mais atenção neste momento em que se fala de crise.
Os vereadores, pelo que notamos, não estão nem aí quando é o dinheiro do povo gasto em viagens, sem prestação de contas, como mostrou a reportagem da TV Rio Sul, no último dia 9, quando fazem licitações estranhas e quando falta transparência para elucidar as compras antecipadas da obra da Câmara municipal, obra aliás que agora correm para inaugurar, pois passar mais um aniversário da cidade pode chamar mais atenção ainda e lá se foram dentro do que se sabe, cerca de R$ 9 milhões. Os vereadores não conseguiram levar a cabo uma única investigação parlamentar sobre os diversos escândalos que pesam sobre o Executivo, inclusive de corrupção e risco de vida à população como foi o caso do Dossiê Cruz.
Pensa que estão satisfeitos? Não. Os vereadores criaram um Fundo para ficar com o dinheiro do exercício findo. Este assunto já foi veiculado algumas vezes pelo jornal BEIRA-RIO e demonstra o quanto dão de ombros às reais necessidades da população. Como os 6% do orçamento municipal tem repasse obrigatório para a Câmara independente da arrecadação e da crise que se estabeleceu, qualquer alteração deveria ter iniciativa dos próprios vereadores. E todos sabemos que isso não acontecerá, pois se tem uma coisa que eles não pensam é no bem estar da população. Tem vereador que consegue enganar alguns e até faturar uns votos dizendo que está viajando para buscar recursos com deputados federais. Uma falácia. O trâmite da vinda de um recurso via emenda parlamentar não tem nem um pedaço da unha de vereador quanto mais sua influência ou prestígio. Às vezes um deputado do mesmo partido que recebeu o prefeito, porque no prefeito eles têm interesse, afinal é quem tem a máquina administrativa na mão e vamos combinar, muitos vereadores também, ali na palma da mão. Pois bem, esse deputado já incluiu a emenda no orçamento do ano anterior. Aí o partido e o vereador ficam sabendo, e saem correndo para Brasília. Mais uma diária paga por nós, né? Por que não?
Ou então, conhecedores de que o Executivo tem um projeto correm para pedir estudos de viabilidade, assim parecem que são os pais do feito. Poderia ser ate engraçado se pelo menos fiscalizassem seus próprios pedidos, como a aplicação correta dos recursos, qualidade dos serviços… essas coisas, que por acaso são obrigações dos vereadores. Isso eles não falam. Não contam que a obrigação deles não é gastar dinheiro para fazer pedido em Brasília ou no Rio de Janeiro, mas sim fiscalizar o que é feito pelo Executivo e criar leis que possam transformar uma determinada situação para melhor e para a coletividade. Vereador não é para fazer caridade e resolver problemas dos amigos. É para legislar para toda a cidade, mas o pragmatismo contábil muitas vezes é o determinante. Fazem a conta de quantos agradando aqui e acolá conseguem de retorno (leia-se votos) e pronto… já basta.
Ainda sobre os gastos da Câmara Municipal, gostaria de pedir, se esse artigo chegar ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado, que fiquem muito atentos não apenas aos gastos com a “sobra” parlamentar que agora não volta mais aos cofres públicos, graças à manobra feita pelos vereadores, mas também o que andam fazendo com projetos apresentados pelo presidente da Casa e Mesa Diretora que compila leis sobre o número de cargos comissionados na Casa, aliás, a população e autoridades fiscalizadoras deveriam se debruçar sobre salários de até R$ 14 mil de alguns CCs do Legislativo.
Ana Lúcia
Editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br


Fez mulher emagrecer 30 quilos foi ótimo. Chorei de rir.