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Srª Editora,
Toda essa Polêmica sobre a aprovação desse novo Organograma Municipal, abonado pela Câmara Municipal com a rapidez e a ausência de discussão Publica, que costumam em outras praças, caracterizar falta de transparência, me trouxe a memória dois dignos personagem que desta Casa de Leis fizeram parte e Infelizmente, por decisão de foro íntimo, optaram ambos a outros caminhos que a possibilidade de reeleição. Falo dos ex-vereadores Aníbal Rocha Pontes e Gláucio Julianelli.
O incorruptível vereador Aníbal iniciou sua vida no Legislativo Municipal antes mesmo que essa nobre atividade fosse remunerada. No caso de Julianelli percebo freqüentemente pessoas do meio político, aqui de nossa belíssima cidade, com dificuldades em ver no ex Vereador um político com perspectiva de futuro brilhante, conseqüência do que costumam, aprioristicamente chamar de ausência de jogo de cintura no ex edil , por conta disso ouço criticas a ele vindas tanto a direita, quanto a esquerda que lhe negam atributos próprios de políticos bem sucedidos nos dias de hoje.
Daquilo que conheço dele, costumo lhe definir, no mundo dessa lógica que hoje determina muitos de nossos políticos, como uma pessoa profunda e definitivamente rebelde, ocupou sempre um lugar nesta política, em desacordo com ela, esteve sempre do outro lado do comum das coisas.
Imagino que episódios como esse levem o cidadão de bem a ponderar; que falta nos faz um político que não transija em relação aos atos que carecem de transparência.
Tal projeto mereceria no mínimo uma análise mais aprofundada, não só por parte das comissões internas da casa, mas também, um debate com maior tempo para que aqueles sem acento nessas comissões e a população pudessem ter mais claros seus impactos, careceria de algum pedido de informação para o pleno convencimento do voto, no entanto, todos os vereadores presentes a sessão , votaram em urgência especial , pela aprovação deste polemico projeto , como diria o filosofo Osvaldo Montenegro : “ Como se fosse urgente e preciso , como é preciso desabafar …”.
Nestes momentos é que os valores que para alguns se caracterizam como defeitos, se irrompem como sinais de fundamentais virtudes. Em tempos diabolicamente confusos, necessário se faz, para que a insistente esperança não se perca no labirinto suspeito dos consensos e unanimidades de ocasião, que o contraditório se pronuncie. É impossível se construir democracia negando a autoridade do debate , a exposição da idéia diferenciada, que ao fim e ao cabo contribuem no mínimo , para aperfeiçoar a idéia original.
Lamento por alguns vereadores, sobretudo aqueles de primeiro mandato, que com certeza um dia sonharam em servir ao povo mais que a si próprios, ao povo mais que ao Alcaide, um dia perceberão tristes, o quanto se tornaram caricaturas de si mesmos. Com alguns poucos deles gostaria de ter proseado e refletido um bocadinho mais, quem sabe dialogar sobre um renomado escritor francês, que além de Padre também era medico , chamado François Rabelais, que num inspirado dia escreveu : “Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam”.
O interessante em tudo isso é que não perceberam que os atos de bravura que hoje movem a boa política, são ainda aqueles que levaram a primeira eleição do atual governante , naquele tempo o espírito mudancista das pessoas, que determinava atitudes mais transparentes , mais éticas e mais cuidadosas com a população ,possibilitou o que parecia impossível acontecer ; a esperança venceu a maquina e os ambiciosos . Enganam–se, aqueles que pensam que este fenômeno não pode se repetir ,porque do ponto de vista dos acordos partidários esta tudo previamente determinado . Lembrem-se, as ruas de Junho nos chamaram a atenção para um novo ciclo no pacto de cidadania política, elas construíram ao seu modo, um novo paradigma, neste novo padrão de exigência ética da sociedade, pessoas como os ex Vereadores Aníbal Rocha Pontes e Gláucio Julianelli, tornam-se imprescindíveis para o resgate da política feita com probidade, respeito ao meio ambiente e transparência nos atos de gestão .
Vejo que este acontecimento, ao contrario de poder fortalecer os Vereadores, mesmo que cada um possa ter dez indicados, expõe o limite negativo daquilo que se anseia da representação popular, são atitudes como esta que frustram o eleitor consciente e faz com que parte significativa da população assimile o discurso:” você não me representa…”
Claro, ainda resta a Justiça, mas, sobretudo existe o tempo da reflexão e a teimosa esperança, que é humilde e perseverante, calmamente, claramente vai se construindo, mesmo em tempos tão contraditórios.
Paulo César Silva

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