8 de março é dia de marchar!

O titulo desse texto leva, especialmente às mulheres pretas a reflexão sobre o Dia Internacional da Mulher. Acredito sinceramente que é um dia para marcharmos pelo fim de todas as desigualdades, sexismo, machismo, racismo e violências contra nossos corpos, que ainda perpetuam hodiernamente.

Há uns dias atrás eu lia sobre Ruanda. Um país africano com pouco mais de 11 milhões de habitantes e que há pouco mais de 20 anos atrás, sofrera com o feminicídio. Mas é nesse país que a força da mulher sobressaiu. Elas decidiram viver dentro de um contexto de morte. As irmãs em Luanda fizeram algo muito simples e que aqui no Brasil precisaríamos reproduzir tal gesto. As mulheres se uniram em torno de um lema: “ Nada sobre nós sem nós”. A partir de um cenário onde seus direitos foram violados por séculos, onde a escassez de recursos sociais e econômico ecoou verozmente seu brado, as mulheres marcharam unidas.

Só para se ter uma ideia, em 1994, mais de 300 mil mulheres foram estupradas em Ruanda. E o que elas fizeram diante do caos? Convergiram todas as suas potencialidades de luta em prol de seus direitos e liberdade. E a cereja do bolo em Ruanda hoje é o titulo de possuir o PARLAMENTO MAIS FEMININO do mundo. São quase 70% de mulheres na Câmara e quase 40% no Senado. Lá as mulheres ocupam esses postos de decisão para fazerem a diferença na Politica Nacional.

De acordo com a ONU MULHERES, uma maior representatividade feminina nesses espaços fazem muita diferença. Em Ruanda, o feminicídio forçou as mulheres a mudarem o modo de pensar. Elas começaram a pensar mais em si mesmas e nas outras. Começaram a desenvolver habilidades como criar os filhos sem a presença dos parceiros, superar a infecção com o vírus da Aids (devido ao estupro) e a acessar os seus direitos como exigência da titularidade de suas terras.

No Brasil, o mapa da violência informa que o feminicídio vem aumentando. Os números são alarmantes. De 1980 a 2013 mais de 100 mil mulheres foram mortas pela simples condição de ser mulher. Só em 2013, os registros apontam para 13 mortes por dia totalizando quase 5 mil mulheres assassinadas neste ano.

Empoderar a mulher é empoderar toda a sociedade. Para a pesquisadora Nadine Gasman, asmulheres são determinantes nos processos de construção da paz. Que sejamos unidas como as irmãs em Ruanda. Em marcha!

Clarice Avila
Mestre em gestão, Estado e Políticas Públicas pela Flacso/FPA
Professora de L. Portuguesa nos Municípios de BM e BP

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