Porquê estou amarrando meu bode mais uma vez!

A expressão “onde fui amarrar meu bode”, entre outros significados, também diz que a pessoa parece arrependida do que fez. Às vezes, não que seja um arrependimento, mas temos a impressão de que estamos dando “murros em ponta de faca”, outra expressão que, ainda bem, é só uma representação. Do contrário, conheço algumas pessoas que viveriam com as mãos sangrando. Existem pessoas sérias, honestas e que realmente querem trabalhar pelo coletivo sem vislumbrar resultados vantajosos, sejam estes resultados eleitorais ou econômicos. Parece coisa rara, e talvez seja mesmo, mas o importante é que existam e, ainda que, estas pessoas questionem se vale a pena ou não dedicar tempo às causas coletivas e sociais, afinal, dúvidas sempre temos, é importante poder contar com gente deste time.
O Comitê pela Transparência e Controle Social de Resende que começa a tomar corpo neste sábado, dia 10, será um espaço que revelará em breve, as pessoas que começarão a se associar ao grupo para realmente contribuir para o público, para o coletivo, visando levar informação e instrumentos para exercer alguns direitos, entre eles o direito à informação e dados públicos, que infelizmente ainda temos muitas dificuldades para obter no município de Resende. O caminho não é fácil, mas já foi mais difícil. Existem alguns instrumentos hoje em dia que têm obrigado as autoridades a fazer, o que já deveriam fazer há muito tempo: disponibilizar e de fácil acesso todas as informações produzidas ou custodiadas pelo poder público sejam do Executivo, Legislativo ou Judiciário.
Além de revelar as pessoas, que estão neste namoro com o exercício da consolidação de direitos constitucionais, o Comitê poderá auxiliar a cidade verdadeiramente a mudar algumas relações, que particularmente, considero ainda primitivas no que tange à participação popular. Com raras exceções e quase sempre com interesses segmentados vemos grupos se mobilizando para atingirem objetivos específicos e, geralmente motivados por questões caóticas ou que representem ameaças. Muito dificilmente vemos mobilizações preventivas. E o Comitê pela Transparência, sem abandonar as causas urgentes é claro, pois elas existem, pretende ser um instrumento de prevenção à corrupção, a partir do que considero um dos maiores bens do ser humano: a informação. Costumo afirmar, que a falta de informação me parece o pior dos males. A partir dela, vários outros problemas surgem. Evitar os problemas ou saber enfrentá-los com informação fica muito mais fácil.
E quando o assunto é informação pública começamos a refletir o sentido republicano, pouco difundido ainda na nossa cultura tão dependente de salvadores da pátria e bons moços. E infelizmente com um ranço de apropriação da coisa pública como se fosse privada, segredo. O povo brasileiro ainda é muito submisso, banca o esperto às vezes, mas quase sempre age num eterno “pelo amor de Deus” para obter o que tem direito. Pouco valoriza suas obrigações como um retorno de benefícios e ainda está muito vinculado à negociação típica da “Lei de Gerson”, coisa ultrapassada, mas infelizmente muito presente. As últimas eleições que o digam.
Os integrantes do Comitê sabem que terão muito trabalho pela frente e que será preciso um mínimo de dedicação na organização e consolidação desta entidade e sabe ainda, que não poderá ser instrumento de qualquer agremiação político-partidária, sob o risco de comprometer todo o seu interesse pela coisa pública. O Comitê me parece será realmente um organização que prestará à população boas informações e ainda capacitará os cidadãos na busca de dados que possam colaborar para a melhoria da vida da coletividade, como das associações de moradores e de profissionais, sindicatos, movimentos sociais, grupos de estudantes, de mulheres e todos os segmentos. Vai reunir informações e dados das mais diversas áreas como educação, saúde, esporte, obra, cultura, segurança, economia, meio ambiente, área rural e acompanhará todas as ações, licitações e programas do governo municipal.
Ufa! Muita coisa né? E é mesmo. Por isso, faço um convite: venha fazer parte do Comitê pela Transparência e Controle Social de Resende. Precisamos de você, e muito!
Estou amarrando meu bode, porque sou otimista e acredito, acima de tudo, nas pessoas, ainda acredito. E tenho realmente muita esperança que a vida sócio-política da cidade pode melhorar, melhorar muito e creio realmente que o Comitê pode colaborar para isso e claro, quero amarrar o bode, e não me  me arrepender. Com a sua colaboração, tenho certeza que não vou.
Até sábado, às 15h, no Salão do Rosário. Nos vemos na assembleia.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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