Cartas e E-mails

Participante

Voto, dito, obrigatório
Por meio de um palavrório
De lixo jogado ao cesto.
Querem que seja cartório
O partido e diretórios
Pelo voto de cabresto.

Querem eleitor apático
Que jamais seja enfático
Defendendo causa justa.
Como se muito simpático
Em sorrisos carismáticos
Liberal que não assusta.

Mas no fundo um demagogo
Fazendo sempre um jogo
Por voto facultativo.
Povo que não seja bobo
E apague esse fogo
Contra direito efetivo.

Antonio Francisco

Senhora Editora,
Na segunda feira morreu uma aluna do Colégio Pedro Braile. A cidade toda ficou comovida com a morte porque ela estava grávida e só tinha 15 anos. Além disso o que chocou também foi porque a escola não suspendeu as aulas. A direção  só dispensou a turma da aluna falecida. Minha filha que estuda em outra turma foi pedir dispensa e disseram que não podia porque o velório só ia começar as 17h. Ela teve que ficar na escola assistindo aula para não levar falta e sem condições emocionais.  Ela e muitos amigos que estavam muito tristes com a morte da aluna. Não levaram em conta o estado emocional dos alunos e nem dos professores. Muitos alunos chorando e tristes e isso não chegou no coração da chefia da escola que mandou tocar o barco mostrando que é insensível para a vida humana.
Ai eu pergunto para a senhora: que escola é essa que não tem sentimentos? Uma aluna morreu e isso não é motivo para luto? Tudo continua acontecendo normalmente? Eles tem alunos mortos toda semana? É assim que eles mostraram consideração com a família? E os professores? Eles continuaram lá trabalhando porque quiseram ou porque a diretora não dispensou? Soube de professor que passou mal quando soube da morte e professor que ia toda hora no Hospital de Emergência para saber notícias da garota. Então eu acho que a culpa é da diretora mesmo. A outra escola que ela estudou dispensou todo mundo e guardou o dia de luto. Essa que ela estudava desde o começo do ano parece que nem ligou.
Vida humana não está valendo nada mesmo. E recebeu prêmio da Câmara ein? Isso é uma vergonha. Escola tem que ensinar a valorizar as pessoas.
Maria Lúcia

Ao Jornal BEIRA-RIO,
” Nunca duvide da capacidade de um pequeno grupo de dedicados cidadãos para mudar os rumos do planeta.Na verdade, eles são a única esperança de que isso possa ocorrer.” Margareth Mead
Há exatos onze  anos, um grupo de Profissionais da Educação percebeu a necessidade de atualização do Estatuto do Magistério Público Municipal de Resende e do seu Plano de Cargos e Salários. A valorização do Magistério brasileiro é uma reivindicação histórica do  movimento Docente que, por meio da atuação dos Professores nas associações, nos sindicatos  e academias, denunciavam e denunciam a situação de desvalorização vivenciada pela categoria.
A Constituição Federal/1998 incorporou alguns princípios relativos aos Profissionais do Magistério. O seu art. 206, V diz: “valorização dos profissionais de ensino, garantindo, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União.” Nesta perspectiva, tem se o reconhecimento da importância da valorização do Magistério como condição de melhorar a qualidade da Educação brasileira.
Foram anos e anos de estudos e discussões sobre os dois documentos. Durante todo esse tempo, houve época, em que os debates eram intensos. Em outros períodos, o debate enfraquecia, pois não víamos empenho das autoridades governamentais para responder às nossas solicitações. Entretanto,  nunca deixamos que os obstáculos fossem maiores do que a nossa garra e determinação.
Os Professores  fizeram se presentes em todos os momentos em que foi solicitada a sua participação, reivindicando o reconhecimento do Magistério Público por intermédio de políticas públicas que repercutissem nos aspectos profissional e social da profissão, bem como no  acesso a uma educação escolar com qualidade para todos.
O grande Educador brasileiro Paulo Freire já preconizou que “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. E foi isto que os Profissionais da Educação do Município de Resende fizeram durante esses longos onze anos.
A entrega do Projeto de Lei do Estatuto do Magistério Público Municipal de Resende  e do Plano de Cargos e Salários pelo Governo Municipal à Câmara de Vereadores, constitui-se numa 1ª etapa vencida. Este passo foi importante, mas ainda há muito a se construir  na defesa intransigente de uma educação pública, gratuita, democrática e com qualidade social.
Alguns questionamentos  precisamos fazer, após vencida essa longa batalha: (1) é essa Escola que queremos para as nossas futuras gerações? (2) Os caminhos, que nos têm sido oferecidos, estão satisfazendo a todas as necessidades para a construção de uma Educação com qualidade? (3) Tem sido solicitada a nossa participação nos processos decisórios da Rede Municipal de Educação Pública –REMEP; (4) O que deve continuar e  o que deve ser substituído  e/ou modificado, tendo em vista a experiência vivenciada no cotidiano das salas de aula? (5) A intenção fundante dos órgãos da REMEP é a área pedagógica, ou a administrativa se sobrepõe a ela? (6) A Escola que aí está posta é capaz de contribuir para a transformação interior da pessoa humana, que faz do homem um ser livre, histórico e cultural?
Professores/as e demais Profissionais da Educação precisamos  nos indignar não apenas com o salário, que é pouco, com a sala de aula que é quente e lotada, com a dupla ou tripla jornada de trabalho em decorrência dos baixos salários ou, simplesmente, reclamar sozinho na escola. Mas, nos indignar como já foi dito, fundamentalmente, com o “sistema que explora e expropria cada vez mais os trabalhadores e as trabalhadoras.”
Vamos nos abraçar e comemorar. Nós merecemos!
Sônia Pozzato
Inspetora de Ensino da REMEP

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One thought on “Cartas e E-mails

  1. Respondendo a Maria Lúcia: sentimento realmente são poucos que tem!!!! Absurdo morrer uma pessoa e a escola não entrar em luto! Meu filho estuda lá e ficou chocado com a falta de humanidade da direção…..

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