A cultura higienista descarta o consumo de leite e todos os seus derivados. “Leite só foi feito para bezerros e nos primeiros meses”. Essa afirmação, baseada em estudos, introduz novos conceitos alimentares, ainda não tão consolidados no Brasil é verdade, mas que começam a ganhar a cada dia novos adeptos. Não são poucos os médicos e nutricionistas que concordam com esta versão alimentar mais saudável. A indústria leiteira nem quer ouvir falar sobre o assunto, logo, a grande mídia também pouco fala. O chocolate faz mal ou bem para a saúde? E a carne vermelha é saudável ou não para o ser humano? Tomar álcool todos os dias pode ajudar o organismo ou prejudicar? Ovo já foi vilão e herói segundo pesquisas, certo? É muito comum de tempos em tempos, assistirmos afirmações, todas baseadas em estudos e pesquisas científicas do que faz mal ou bem à saúde. E isto é normal, afinal a ciência é isso mesmo, à medida que novas proposições se apresentam, são pesquisadas e portanto, conhecimentos por vezes divergentes dos anteriores podem surgir.
O artigo dessa semana, não é exatamente sobre as pesquisas científicas e suas contradições, mas como a grande mídia usa como pano de fundo essas pesquisas para tentar vender outra ideia, cujos interesses passam longe da comunidade científica e também longe dos interesses dos cidadãos. Este é o meu entendimento sobre a matéria que a revista Veja trouxe na última semana sobre maconha. Fui obrigada a ler parte da matéria depois de ouvir alguns comentários, e tive a certeza do que suspeitava: Veja prepara a “higienização” que muitos governos pretendem fazer para a Copa do Mundo. E vai mais longe: tenta de uma só vez matar três coelhos numa só cartolada. Limpar as ruas dos usuários de crack com a chamada internação compulsória, que é polêmica e vai contra a maioria dos tratamentos dos dependentes químicos, evitar uma nova discussão sobre a descriminalização da maconha e as alterações no código penal para usuários de drogas.
A matéria coloca a maconha como a grande vilã do mundo das drogas, como se este debate fosse assim tão simplista, tão raso. Diz um certo trecho: “(…)A razão básica pela qual a maconha agride com agudeza o cérebro tem raízes na evolução da espécie humana. Nem o álcool, nem a nicotina do tabaco; nem a cocaína, a heroína ou o crack; nenhuma outra droga encontra tantos receptores prontos para interagir com ela no cérebro como a cannabix. Ela imita a ação de compostos naturalmente fabricados pelo organismo, os endocanabinoides. Essas substâncias são imprescindíveis na comunicação entre os neurônios, as sinapses. A maconha interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais. O mais assustador, dada a fama de inofensiva da maconha, é o fato de que, interrompido seu uso, o dano às sinapses permanece muito mais tempo — em muitos casos, para sempre, sobretudo quando o consumo crônico começa na adolescência. Em contraste, os efeitos diretos do álcool e da cocaína sobre o cérebro se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo”.
Fiz uma capacitação promovida pelo Ministério da Justiça por intermédio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) intitulado “Prevenção ao uso indevido de drogas” e não posso me omitir diante de uma matéria que pode minimizar a discussão em torno da droga. Afirmar que os danos da maconha, mesmo quando interrompido o consumo são piores, se comparados, aos do alcool ou tabaco é no mínimo precipitado para uma análise que se propõe científica. É obvio que todo consumo excessivo e continuado pode trazer muitos problemas à saúde de qualquer pessoa. A maconha produz efeitos psíquicos agudos e crônicos, assim como feitos físicos também agudos e crônicos, mas todas as pesquisas mundiais mostram que a porta de entrada para as drogas ilícitas é, principalmente, o álcool. Está aí o número absurdo de morte no trânsito causado por pessoas alcoolizadas, esses sim, danos irreversíveis não apenas para as vítimas, mas para seus familiares.
Recentemente, um estudo publicado na revista Psychiatry Research aponta que os pacientes bipolares com histórico de consumo de cannabis demonstram um desempenho neurocognitivo superior em comparação com pacientes sem história de uso. Cientistas do Hospital Hillside Zucker em Long Island, NY, junto com pesquisadores da Mount Sinai School of Medicine e do Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, compararam o desempenho de 50 bipolares com histórico de consumo da maconha contra 150 pacientes bipolares sem histórico de uso em uma bateria de medidas padronizadas cognitivas. O link para quem quiser conferir: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22818174
A matéria da revista Veja parece sob encomenda, num momento em que o Brasil discute mais abertamente essa questão e claro, muitas dúvidas ainda existem. Por isso proponho aos que leram a matéria que busquem outras informações que sirvam de forma confiável como contra-argumento ao que foi apresentado. É preciso informar que o uso indevido de drogas, qualquer droga, pode causar sério danos não apenas ao consumidor, mas toda a sociedade. Precisamos de informações sobre as políticas públicas e não de novos tabus. Não querer enfrentrar a questão da droga é adiar a prática dessas políticas em benefício de todos. Colocar a maconha como “lobby dos maconheiros para sua liberação” é apenas uma visão reacionária, de quem reage aos interesses que por ora são discutidos no mundo todo. A maconha, por acaso, tem até o ex-presidente FHC que defende sua regulação para alguns fins. Mas tem também muita gente que não é “maconheiro” como definiu o cara de fuinha do Reinaldo Azevedo, e que defende uma discussão mais aberta sobre sua descriminalização com informações não pontuais, mais integrais sobre todas as drogas. Da mesma maneira que não aceito os que afirmam que o crack é o fim da linha, não aceito os que pregam que a maconha é mais destrutiva que outras drogas. É também destrutiva, dependendo do uso indevido adotado pelos usuários. Aliás, estamos cercados de drogas, há até quem considere a revista que promoveu esta matéria uma droga tão poderosa capaz de destruir os neurônios e ainda criar a ilusão de que as pessoas estão muito bem informadas.
Deixo como sugestão para visita e pesquisas das publicações no site da Senad (Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas), neste endereço existem outros links que podem nos ajudar a ter informações e formação sobre a questão da dependência e das drogas, sua legislação e políticas públicas: http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJD0D73EAFPTBRNN.htm
Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br


A matéria é passional. Temos de restringir o uso do àlcool e criminalizar os crimes de trânsito, MESMO. Reportagem passional e mentirosa. Fumo maconha hà 30 anos. Su profissionalmente bem sucedido, bom marido, bom filho, bom padrasto.
Parabéns pelo texto, concordo com tudo que você disse.
MUITO obrigada 😉
Os pesquisadores estão carecas de saber que a maconha é a çporta de entrada para as drogas pesadas e ultimamente para o craque. 0s atuais níveis espetaculares da violencia , não apenas em São Paulo, mas em todo o país são uma consequência da virtual liberação do consumo da maconha em decorrência da ultima e irresponsável legislação das drogas, obra do PT . Há cerca de 50 anos as Nações Unidas desenvolveram pesquisas sobre o consumo da cannabis e concluiram o que foi dito acima: droga perigosíssima .A Veja não fez mais do que chover no molhado. Ultimmente o ex-presidente FHC que certa vez se declarou um consumidor de maconha voltou a defender a liberação da droga, talvez pensando em seus próprios interesses … Já chegamos aos 50 mil assassinatos e ainda querem oficializar o consumo dessa droga asquerosa. São quase 30 assassinatos por 100 mil habitantes … Os Estados Unidos exibem apenas 12 , apesar de que lá armas podem ser compradas nas quitandas.
Cara por causa de pessoas igual a vc que esse país é atrasado,em muitos lugares ao redor do mundo a canabbis é regulada.A maconha não é d todo bem,mas falar que é porta de outras drogas é mentira.A porta d outras drogas é a cabeça das pessoas.Fumo maconha fais 10 anos nunca me atrapalhou em nada.Acho melhor vc para d fala bobera e volta a assisti a globo ela sim é uma droga!
a entrada para as drogas é o alcool,a jogada é proibir o uso de canabis,e o povo se acabar na cachaça.com esses drinks fortes que vendem em todos os lugares,com vendas liberadas nos estadios nos jogos de 2014.as empresas de bebidas alcoolicas tem que faturar tem muita coisa em jogo,e assim dizem que a canabis faz mau,que faz mau a saúde é a corrupçao que vive o pais, isso sim esta fora de controle,a educaçao dos jovens que é de resposabilidade dos pais tambem esta fora de controle!!!