Muito decepcionada!

Não consigo entender como algumas pessoas se sujeitam a acobertar ou compactuar com coisas ilegais e pior, algumas dessas pessoas se especializam em criar caminhos, mecanismos para dificultar o entendimento dessas questões legais ou criam burocracias a ponto de deixar dúvidas sobre se é possível ou não a lei ser simplesmente, a lei. E isso piora quando a imoralidade é parceira inseparável.
Tenho visto em Resende, cidade em que escolhi há mais de 20 anos para morar e trabalhar, uma série de ações que posso adjetivar de tristes a desfaçadas, percebo um total descaso e desrespeito com o cidadão, com as pessoas menos informadas e ainda, uma soberba, uma certeza da impunidade praticada pelos agentes públicos que beira o caos.
É terreno sendo desapropriado por mais de R$ 1 milhão; é calçada por quase R$ 4 milhões; é passarela-enfeite, ou seja, sem qualquer necessidade, por quase R$ 1 milhão; é clube desapropriado por R$ 5 milhões pra ficar fechado; é obra de milhão, milhão. Só se fala em milhão em Resende, e os professores continuam penando para ter o Plano de Cargos e Carreiras aprovado e implementado; o tomógrafo do Hospital de Emergência continua numa caixa e nosso dinheiro pagando exames em unidades privadas; as escolas do município com uma série de irregularidades; as obras nas escolas e creches sob suspeita investigadas pelo Ministério Público Federal e pelo Estadual; os conselhos municipais, na sua grande maioria, cooptados e os conselheiros reféns por conta de um cargo comissionado; obra do posto do Paraíso que quase chega a R$ 1 milhão para fazer duas salas; empréstimo de R$ 60 milhões que o governo quer fazer e os vereadores aprovam sem mesmo promover uma audiência pública para saber se a população realmente considera isso uma prioridade para assumir tal dívida, já que mensalmente o governo terá que deixar de investir em várias áreas para pagar este empréstimo e se não pagar vai criar uma dívida monstro que pode quebrar o município; é licitação de obra em que uma empreiteira ganha com frequência e aí para uma obra para pegar outra, para essa e pega outra e nenhuma fica pronta ou fica caindo aos pedaços como o tal calçadão da Avenida Nova Resende; é programa que começa com muita festa como foi a fábrica de óculos que hoje timidamente tenta resistir num espaço dentro do Posto de Saúde do Manejo;  é criança dos programas sociais do município sendo transportada em veículos sem vistoria, totalmente inadequados e perigosos; é fiscalização que não consegue fazer um órgão estadual (Detran) construir uma calçada dentro do prazo que a lei determina, vai um pequeno fazer isso, pra ver se a multa não cai matando?  É rua fechada por autoescolas (privadas) para suas aulas e provas de direção. Pergunta para os moradores da avenida Feliciano Sodré, Vila Julieta, o que acham deste uso do espaço público; é ar-condicionado colocado em escolas sem funcionar, mas que foram muito usados ano passado em campanha eleitoral; é quase dois mil CCs mamando na teta pública e alguns nem aparecem para trabalhar, tanto que o governo municipal se nega reiteradas vezes a publicar, como diz a lei – olha a lei de novo – a relação dos servidores e CCs, assim como onde trabalham, fazendo o quê e ganhando quanto; é meio ambiente sendo destruído em nome do “progresso” de alguns; e por aí seguem , será um parágrafo interminável.
Interminável também será a conta deste caos que já se forma na cidade, onde na prestação de contas do segundo quadrimestre, depois de cinco anos de governo, Rechuan e seu grupo fizeram questão de lembrar da dívida que ficou do governo anterior, de R$ 18 milhões. Como se as pessoas fossem idiotas completas que nem somar sabem para ver que os valores das obras milionárias nos últimos cincos anos já ultrapassaram algumas vezes a tal dívida do governo anterior. E obras que precisam ser refeitas, obras que não valem o dinheiro consumido, afinal quem já esqueceu os banheiros milionários da rodoviária velha? Ou as mudinhas milionárias do contrato com a Chusquea, mudinhas que nunca foram plantadas? Nossa… é de decepcionar. É de não acreditar que um único governo possa fazer tanta lambança, abusar tanto da boa vontade da população.
Pensei logo depois da reeleição, quem sabe, a reeleição não melhorará esse governo que passará a priorizar as pessoas, todas do município. Mas que nada, piorou, cada semana um escândalo, uma vergonha.
Quero apelar aqui para as entidades independentes, que não foram cooptadas ou que buscam uma boquinha; quero apelar para as pessoas que acreditam que é possível moralizar essa vergonheira que aí está. É preciso fazer alguma coisa para evitar o caos completo daqui a poucos anos. Não é ser alarmista ou derrotista. Apenas realista. Não quero surpresas nesse futuro que foi tão anunciado na campanha do prefeito Rechuan: “o futuro apenas começou”.
Apelo para os integrantes do ComSocial, do qual faço parte, que priorizem junto à Justiça que o governo cumpra a lei e promova a Transparência Ativa, única forma da sociedade acompanhar todos os atos e assim fiscalizar. O controle social, ou seja, a fiscalização por parte de qualquer cidadão tem que ser uma realidade em Resende. Aquela história de que o povo unido jamais será vencido pode ser usado de outra maneira: povo informado jamais será ludibriado esperando o futuro anunciado. Porque aprendi quando era pequena, que o “futuro a Deus pertence”, mas aprendi que o presente depende do que faço. Se me calo, qual será o futuro? Se me anulo, qual será o futuro? Se me vendo, qual será o futuro? Aí só entregando pra Deus mesmo, né?
Ana Lúcia
editora do
jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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