Resende vive a pior epidemia de dengue dos últimos anos. Em 2002, os números foram assustadores, mas nada se compara ao atual resultado que já contabiliza sete mortes, sendo uma delas, aguardando um segundo teste, já que apesar de estar no atestado de óbito como causa da morte, a Secretaria Municipal de Saúde tem dúvidas, pois o teste rápido realizado em Resende deu negativo. O quantitativo assusta, mas que fosse uma já deveria ser motivo de grande preocupação por parte do prefeito José Rechuan que até o momento insiste em não decretar situação ou estado de emergência no município.
Que diferença isso faz? Muita, pois só sabe o sufoco quem está na ponta, trabalhando noite e dia, dobrando nas unidades de saúde ou nas ruas fiscalizando ou participando dos mutirões. Já há um nítido esgotamento dos servidores dos hospitais e com a decretação de emergência, a Secretaria Municipal de Saúde pode contratar pessoas por tempo determinado e assim colaborar para uma melhor assistência da população. O próprio pessoal da administração da saúde, todos se desdobrando com falta de pessoal e recursos como por exemplo, mais computadores e até espaço adequado para as atividades que precisam ser realizadas para o controle e registros da doença.
Mas Rechuan prevarica. Sim trata como menor uma epidemia que atinge todos os bairros da cidade, mas também todos os distritos e área rural, pouco lembrados nos noticiários. O prefeito com a concordância do secretário de Saúde insistem no discurso que tudo está “sob controle” e não está, os números divulgados são aqueles que apenas entraram no sistema, mas ainda faltam entrar cerca de 50% a mais do número divulgado, ou seja, quando falam em quatro mil casos notificados pode colocar aí seis mil tranquilamente. Eu vi, as milhares de fichas espalhadas sobre as mesas do setor de epidemiologia da prefeitura que ainda precisam entrar no sistema.
Minha opinião é que o prefeito não consegue se sensibilizar com a dor das famílias que perderam um ente da família, assim como não percebe o esforço que está sendo feito por boa parte dos servidores da saúde. Do contrário, como explicar que o prefeito abandonou o Comitê da Dengue formado em 2009, quando entrou pela primeira vez na prefeitura? O Comitê tinha por metas o acompanhamento, o controle e a integração de várias secretarias e sociedade para evitarmos o que hoje assistimos, porque se existem aqueles que querem colocar panos quentes falando que o problema atinge vários município do país, há de ser honesto e mostrar os municípios que não estão apresentando este descontrole porque fizeram o dever de casa.
O Comitê que o prefeito abandonou nos últimos anos é uma das medidas inclusive para controle da dengue que não pode recair apenas sobre a pasta da saúde. Sim, são várias as causas: mobilidade das populações, aumento populacional, problemas sociais e políticos que afetam a qualidade de vida e o meio ambiente e sem uma gestão integrada ou intersetorial, como tecnicamente falam, isto não é possível. Rechuan não está cumprindo com o dever em buscar de todas as maneiras a preservação da vida do munícipe. A dengue deve seguir até maio e ainda tem a tal da Chikungunya pra chegar transmitida pelo mesmo mosquito. Só Jesus na causa!
Penso que é importante colaborar com informações neste momento de descaso do mandatário do município, que aliás, pra quem esqueceu é também médico. E para tanto, trago informações sobre o controle da dengue que todos devem conhecer para colaborar, pois se afirmo que esta epidemia em Resende se dá pela falta de investimento do governo na prevenção, assim como em pessoal e recursos, não tenho nenhuma dúvida que a situação está assim, porque outros setores também não fizeram a sua parte. Vereador também prevarica ao deixar de fiscalizar e pouco participa (ou nada) do controle, assim como toda a sociedade que muitas vezes tem voz para criticar, mas nada de disposição para colaborar com o controle social.
O que diz o Ministério da Saúde sobre essa questão de NOSSA responsabilidade: “O controle da dengue na atualidade é uma atividade complexa, tendo em vista os diversos fatores externos ao setor saúde, que são importantes determinantes na manutenção e dispersão tanto da doença quanto de seu vetor transmissor. Dentre esses fatores, destacam-se o surgimento de aglomerados urbanos, inadequadas condições de habitação, irregularidade no abastecimento de água, destinação imprópria de resíduos, o crescente trânsito de pessoas e cargas entre países e as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. Tendo em vista esses aspectos, é fundamental, para o efetivo enfrentamento da dengue, a implementação de uma política baseada na intersetorialidade, de forma a envolver e responsabilizar os gestores e a sociedade. Tal entendimento reforça o fundamento de que o controle vetorial é uma ação de responsabilidade coletiva e que não se restringe apenas ao setor saúde e seus profissionais. Para alcançar a sustentabilidade
definitiva nas ações de controle, é imprescindível a criação de um grupo executivo intersetorial, que deverá contar com o envolvimento dos setores de planejamento, de abastecimento de água e de coleta de resíduos sólidos, que darão suporte ao controle da dengue promovido pelo setor saúde. No âmbito do setor saúde, é necessário buscar a articulação sistemática da vigilância epidemiológica e entomológica com a atenção básica, integrando suas atividades de maneira a potencializar o trabalho e evitar a duplicidade das ações, considerando especialmente o trabalho desenvolvido pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e pelos Agentes de Controle de Endemias (ACE)”.
Sabemos que Resende está mal economicamente. Deve e pega dinheiro emprestado com bancos, mas ainda assim o prefeito mantém um número excessivo de nomeados, chegando ao limite alerta pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Usa a propaganda para adoçar os menos informados ou os iludidos e reiteradas vezes despreza o recurso humano valioso da Prefeitura, que é realmente a alma da Administração Pública. O governo Rechuan mantém um exército de pessoas que balançam a cabeça positivamente enquanto estiverem recebendo no final do mês. Do contrário, pelo menos uns mil podiam pedir exoneração por amor ao município, né não? Ou o prefeito, secretários e vereadores reduzirem pela metades seus benefícios em prol do saneamento das contas, né não?
É nada. Em Resende, há ainda um deboche das situações mais graves mostrando bem que este governo, além de tudo se alinha perfeitamente à elite insensível, às demandas das camadas menos favorecidas. Se tem um doente que espera – como tem acontecido diariamente nos últimos meses – atendimento numa cadeira em uma unidade de saúde por até cinco horas é a prova clara do total deboche com a dor deste povo que confiou a Rechuan uma segunda oportunidade de administrar a cidade. Olhe em volta! Olhe Resende! Tire suas próprias conclusões… só não vale ser CC… vale também, aqueles que têm consciência do seu trabalho e responsabilidade.
Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

