Dois anos após o início da pandemia, e três anos após a realização da última edição, começou nesta sexta-feira, dia 13, a partir das 18 horas, a Festa do Pinhão. O evento, realizado tradicionalmente todos os anos na Vila de Visconde de Mauá, em Resende, também costumava acontecer sempre na segunda semana de maio, ou seja, no mesmo final de semana do Dia das Mães.
No entanto, o evento acabou sendo transferido no ano de 2022 para a terceira semana de maio, quando é realizado outro evento relacionado ao fruto que movimenta a economia local, o Festival Gastronômico, organizado por empresários de Mauá, desagradando parte desse grupo. Com isso, em uma reunião realizada pela Associação dos Comerciantes de Visconde de Mauá (ACVM), o evento gastronômico acabou cancelado este ano, de acordo com um dos empresários que não gostaram da mudança e que não quis se identificar.
Segundo ele, a Festa do Pinhão sempre aconteceu no mesmo final de semana no qual as famílias se reúnem para homenagear e presentear as matriarcas durante 27 anos, mas que, sem consultar quaisquer dos membros da Associação Comercial de Visconde de Mauá (ACVM), a Prefeitura de Resende – que apoia o evento – e os organizadores da festa mudaram a data para o mesmo final de semana de outro evento tradicional, realizado por um dos restaurantes da região, gerando polêmica entre alguns empresários locais.
Ele demonstrou contrariedade e disse ser “muito desgastante”. “Só quisemos manifestar a nossa contrariedade com a mudança arbitrária de datas, até porque não vai ter concurso gastronômico este ano. E já está tudo tão confuso, que vamos deixar mais esta confusão para o próximo ano”, lamentou. A última edição do evento gastronômico aconteceu em 2019.
O empresário também relatou que a mudança de data traz prejuízos para a economia e o turismo locais, e questionou a decisão da Prefeitura. “Gostaria de saber por que mudaram a data da Festa do Pinhão para a data que é realizado o Concurso Gastronômico? Só pra lembrar que este evento está no Calendário Estadual e que não temos a menor intenção de realizar os dois eventos no mesmo dia, até porque como é notório, um não tem nada a ver um com outro”, respondeu.
Para ele, a Festa do Pinhão acontecendo no Dia das Mães era uma oportunidade em um “fim de semana sem movimento para o turismo, para que a comunidade de Visconde de Mauá pudesse aproveitar a festa, afinal de contas a festa era feita pela comunidade e para a comunidade”, e que “sem consulta aos donos da casa”, os organizadores “se apropriaram da data do concurso”.
– Isso não só prejudica a região, mas também os moradores de Resende, que poderiam frequentar a região pagando valores reduzidos. Mas a partir de meados de maio nenhum comércio vai trabalhar com desconto porque é o começo da alta temporada.
O empresário ainda se queixa de que “não há respeito com um destino turístico conhecido no Brasil inteiro, nem com os empresários que praticam um turismo de qualidade, preservando o meio ambiente e dando empregos e qualidade de vida a todos os moradores da região”. Ainda disse que não “aconteceu nenhuma manifestação por parte da prefeitura”.
“DESCARACTERIZARAM TOTALMENTE A FESTA”
As polêmicas envolvendo as duas festas de Visconde de Mauá é antiga. Criada pela ACVM e realizada durante mais de 20 anos, a Temporada do Pinhão – que inclui a Festa do Pinhão e o Concurso Gastronômico – teve sua organização sob responsabilidade da entidade até o governo do prefeito de Resende, José Rechuan Júnior, entre 2009 e 2016. Ambos os eventos aconteciam no mesmo final de semana, mas com o crescimento e as diferentes propostas – a festa era para a comunidade e o concurso para o turismo – a associação resolveu realizá-las em datas diferentes.
Sendo assim, a festa seguiu sendo realizada na semana das mães, enquanto o evento gastronômico ficou para a semana seguinte. Nos anos de 2016 e 2017, a Festa do Pinhão passou a ser realizada pela Associação de Moradores do Lote 10 (AMA 10). Já em 2018, com a interdição da estrada por um mês por conta da forte chuva que atingiu a região no mês de março daquele ano.
O empresário relembrou que a ACVM se reuniu com a AMA 10 e fez uma carta, assinada pelas duas associações, comunicando ao prefeito “que a Festa do Pinhão não seria realizada porque a estrada estava muito perigosa”, mas que uma comissão da prefeitura esteve na localidade e avisou que “que a prefeitura ia fazer a festa de qualquer jeito” naquele ano. “Descaracterizaram totalmente a festa, transformando ela em festa de venda de bebidas”, lamentou.
Mas ele reconhece que os comerciantes e outros empresários possuem posicionamentos diferentes em relação à Festa do Pinhão. “Os comerciantes não gostam da festa porque traz sujeira, barulho e confusão. Mas tem uma parte da comunidade, que como não tem opção de lazer, prefere a festa a nada”, completou, justificando que um embate sobre a festa não é bom pra ninguém.
ORGANIZAÇÃO RECEBEU CRÍTICAS EM 2015
Há sete anos, outra polêmica agitou Mauá após a Festa do Pinhão e às vésperas do Festival Gastronômico. Parte dos moradores realizou postagens no grupo Visconde de Mauá Ecologia, nas redes sociais, principalmente por causa da grande quantidade de lixo acumulada durante os dois dias da festa e a degradação do campo de futebol. Na ocasião, foram postadas fotos do campo, antes e depois da festa (o BEIRA-RIO fez uma matéria naquela época). “Quem vai fazer a recuperação da grama?”, questionou Antonio Carlos Iazpeck, um dos internautas.
Moradores também questionaram a prefeitura devido à falta de limpeza. “E o responsável pela limpeza é a prefeitura. Cadê os funcionários?”, perguntou Flavia Silva. Teve até internauta que opinou dizendo que “essa festa não deveria existir em área de proteção ambiental”, e outros que também criticaram o uso da verba na festa, que segundo a Prefeitura, foi contemplada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
Eles também criticaram a participação de pessoas de fora no comércio da festa e da exploração de Visconde de Mauá por parte de quem tem poder aquisitivo, além das falhas na segurança do evento. “…Somente 10 seguranças para um público de 4 mil pessoas, (…) seguranças desesperados batendo em pessoas, e um deles deu um tapa na cara de uma mulher, aí a confusão foi generalizada entre seguranças, moradores e visitantes, até a chegada da polícia, que encerrou a festa imediatamente”. A matéria ainda acrescenta que, ao contrário do que diz a empresária que conversou com o jornal, a Festa do Pinhão já não era organizada naquele ano pela ACVM, apenas autorizada que fosse realizada.
A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Resende, que dá apoio ao evento, mas até o momento não obteve resposta.
O EVENTO
Com o apoio da Prefeitura de Resende, a Festa do Pinhão acontece entre os dias 13 e 15 de maio, no campo de futebol da Associação de Moradores do Lote 10. Logo na abertura do evento foi realizado o Concurso Rainha e Princesa do Pinhão. A programação segue neste sábado e domingo, último dia de evento, quando haverá a premiação do Festival Agulhas Negras, anunciando os vencedores das categorias Melhor Música, Melhor Intérprete, Melhor Instrumentista e Melhor Arranjo.
A festa ainda conta com a participação do DJ Doberman, que se apresentará diariamente. Confira a programação:
Sábado (dia 14)
11h – Torneio de Truco
13h – Chegada da Cavalgada
13h – Os Brabos do Forró
15h – DJ Maurício Marcedo
19h – Edson Costa
20h – Luciano Jardim
21h – Joyce Sophie
22h15 – On The Route
23h30 – Yolanda e Rafaela
01h – Márcio Henrique e Gabriel
Domingo (dia 15)
12h – Faísca
13h – Festival Agulhas Negras
17h – Apresentação de Dança Viva Mauá
18h30 – Barbarada Liberdade
20h – Gota Serena
21h – Wendel Epreira (Erik B.)
22h30 – Quartetum Brasil
Realmente a prefeitura de Resende, no caso o prefeito, tem atropelado os moradores e comerciantes da região de Visconde de Mauá, infelizmente não tem diálogo com administração municipal de Resende! Triste para morador e comerciante não serem ouvidos pelos representantes municipais, seja vereadores, secretarios e prefeito. Visconde de Mauá é uma região que ultrapassa as divisas do município de Resende e atinge o lado mineiro, Bocaina de Minas e Maringá, Maromba, Pavão, Cruzes, Grama do lado de Itatiaia, todo evento em qualquer uma das vilas repercute nas outras vilas também. Somos vizinhos pacíficos e vivemos bem aqui na montanha, não custava nada a prefeitura ouvir a população né mesmo! Quando um prefeito, vereador, secretário, deputado, etc… ouve a população erra menos! Eu particularmente não sou contra a festa, mas acredito que se possa melhorar esse evento para amenizar os impactos negativos para os moradores e meio ambiente. Por favor prefeito, não atropele e nem passe o rolo compressor por cima dos moradores que não compactuam com suas escolhas. Não destrua o campo de futebol em frente a igreja de São Sebastião na entrada da vila de Mauá, pode se fazer projetos bem melhores do que foi apresentado pelo secretário Tiago. Democracia e sabedoria sempre!