Sindicato volta atrás e não comparece a Assembleia Unificada

Em assembleia realizada nesta quarta-feira, dia 13, em Assembleia Unificada, ficou definido que na próxima assembleia dos servidores públicos, com data ainda a ser marcada, será votada a elaboração de uma nota de repúdio a ação unilateral do Sindicato dos Funcionários Públicos de Resende (SFPMR).

A associação – que em 30 de janeiro passado chegou a um consenso com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), e a Associação dos Professores Municipais de Resende (APMR) para a realização do evento, aprovado por unanimidade, na Universidade Estácio de Sá – voltou atrás e não se fez presente ao evento. O encontro realizado no Plenário da Câmara contou com a presença de integrantes das duas associações, de servidores públicos de educação e da saúde, além dos vereadores Caio Sampaio (Rede) e Tiago Forastieri (PSC).

Os funcionários presentes criticaram a atitude do SFPMR desde as redes sociais. Segundo eles, seu presidente em atividade, Georvânio Sousa, que na reunião da Estácio informou ao BEIRA-RIO que protocolaria um novo pedido de reunião com o prefeito para negociar as reivindicações da categoria, não avisou previamente aos servidores nem às entidades envolvidas sobre o encontro entre o órgão, prefeitura e Secretaria de Educação (na terça-feira, dia 12), se limitando apenas a emitir um boletim oficial em um grupo do WhatsApp criado por uma servidora.

O presidente da Associação dos Professores Municipais de Resende (APMR), Milton Borges, falou sobre a relação entre a entidade e o SFPMR. “Lamentável a postura do sindicato, apesar de que se não veio nenhum comunicado oficial deles, em tese a ‘aliança’ continua. A associação, ao contrário do que foi publicado hoje (quarta) nas redes sociais pelo presidente do sindicato, que a gente tem uma relação umbilical com o Sepe, na verdade nunca tivemos. A APMR existe desde 1984 e se durante todo este tempo ela caminhou com as próprias pernas, foi porque o sindicato não ocupou esse espaço no magistério. Não nos interessa essa briga sindical, a gente quer unidade, a gente sempre lutou pela unidade”, disse Milton, relembrando que a difícil união perdura desde a sua posse na entidade, há seis anos.

Os profissionais da área da saúde, entre eles profissionais de radiologia e agentes de saúde do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), convidados para o evento, destacaram as dificuldades em serem representados.

– A gente está ferrado neste município porque temos um lei totalmente defasada, e então fomos procurar o sindicato da categoria do estado. Aí disseram que não podiam atuar porque já tinha o sindicato dos servidores daqui. Procuramos então o sindicato porque ninguém se decide seu somos celetistas ou estatutários. E por surpresa a gente viu esse boletim do sindicato colocando essa pauta para o prefeito sem nunca ter chamado a gente para uma discussão, dizendo que vão enviar proposta pra votação na Câmara. Nunca nos colocaram em pauta de discussão deles, além do nosso sindicato de categoria não poder atuar, o dos servidores daqui também nunca nos representa! – desabafou um agente comunitário de saúde.

Representante do Sepe, a professora Deisiane Alves, também alfinetou a atitude do sindicato, relembrando o bate-boca entre o presidente da entidade municipal e um dos diretores do sindicato estadual na reunião de 30 de janeiro. Na ocasião, o representante do SFPMR alegou que a fala dos representantes do Sepe “foi só pra desqualificar o movimento e a reunião”, sendo muito criticado.

– A surpresa do colega em relação a não representatividade desse sindicato não é novidade pra gente. Quem foi na última reunião, era na verdade uma assembleia de acordo com o interesse do camarada que tava lá em um fórum organizado pela rede social por professores, o cara chegou com aquele monte de banner dizendo que “o espaço é meu, e só fala quem eu quero! Se você é Sepe, não fala, você vai falar se eu quiser!”. Eu nunca vi nada igual (…) A gente foi acusado de extremistas (…) É lamentável que o sindicato se decidiu por negociar a portas fechadas com o governo, que há cinco anos, na verdade um conjunto de governos não vem valorizando a categoria dos servidores públicos, privilegia uma coisa bonita, fotografada, ao invés de ouvir as categorias – critica Deisiane.

Durante o evento, os servidores de ambas as áreas também aproveitaram para tirar dúvidas sobre o salário e os benefícios com os advogados das entidades presentes, uma vez que algumas reivindicações se referiam a dos servidores públicos em geral. A assembleia também votou a favor de outras pautas que serão discutidas em outro encontro, como a criação de uma comissão com diversos setores profissionais presentes, um indicativo de greve e encaminhamento para o governo das reivindicações do funcionalismo público.

O QUE DIZ O PRESIDENTE DO SFPMR?
O jornal entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Funcionários Púbicos de Resende, Georvânio Sousa. Em relação a assembleia unificada do dia 13, no gabinete do prefeito Diogo Balieiro, ele informou que a ausência do SFPMR nesta data foi necessária, pois a entidade esteve participando de outra reunião entre diversos sindicatos, federações e confederações de sindicatos de servidores públicos municipais em todo o país, Ministério Publico do Trabalho e Justiça do Trabalho “para traçar as estrategias contra um projeto de lei nacional que tira a estabilidade dos servidores públicos”. Ele ainda pede a “compreensão dos companheiros servidores” para não comprometer os avanços das reivindicações.

No entanto, o presidente não respondeu sobre o porquê de se agendar a reunião com o prefeito Balieiro e a Secretaria de Educação, pra um dia antes da assembleia unificada e sem ter ouvido antes a categoria, e nem a APMR e o Sepe, nem avisar antecipadamente que haveria a negociação. Apenas reforçou a ideia de não reconhecer o apoio dado aos servidores municipais da educação por parte do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), afirmando que o órgão “representa os profissionais da educação do Estado dentro do município de Resende e não aos profissionais municipais, muito menos o pode influenciar ou representar outras categorias da classe de servidores”, aceitando apenas somar forças com a Associação dos Professores Municipais de Resende (APMR), reconhecendo “sua luta histórica e assídua em favor dos servidores profissionais da educação”, ao contrário do que disse o presidente da associação, Milton Borges.

Quanto à reclamação dos servidores em não serem atendidos pelo sindicato quando apresentam propostas, Georvânio disse que “as classes de servidores têm pressa”, pois os “salários estão defasados há 5 anos” e os mesmos “não merecem participar da discussão entre uma ou outra entidade representativa”.

– As contas chegam, nossas famílias precisam se alimentar, não temos condição de ao menos pagar um plano de saúde. Por isso temos pressa, as contrapropostas do executivo ficaram ainda longe de nossa espectativas, mas consideramos avanços sim e queremos avançar mais ainda porque os servidores merecem. É preciso entender que existem quase 2 mil servidores que estão não com a remuneração, mas com o salário base abaixo do mínimo nacional e isso precisa ser corrigido (…). Isso significa mais de metade do efetivo de servidores da prefeitura beneficiados – acrescenta.

Já sobre os Técnicos em Radiologia, entre outros servidores da saúde, ele explica que os mesmos “precisam compreender” que o sindicato está reivindicando as demandas levadas por eles mesmos na assembleia de campanha salarial 2018.

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