” Me conta: quando é que vem o bebê? Vocês estão casados há tanto tempo e até agora nada?”
Quem nunca mandou uma dessa que atire a primeira pedra em quem insiste em perturbar o outro com suas demandas. É o tipo de pergunta que não se faz, mas as pessoas insistem. Basta o casal se formar para que a sequência que parece lógica seja disparada: estão namorando ou ficando? Pra quando vai ser o noivado? Já decidiram o casório? Já encomendaram o bebê? Não vai arrumar um irmãozinho? Já está passando da hora!”
Passando da hora está a sua necessidade de usar a sensibilidade e não cobrar coisas que não fazem parte da sua vida.
Aquilo que parece ser um caminhar natural da vida é para muitas pessoas um trajeto descartado ou sem possibilidade de escolha para o momento. Casar, ao contrário do que se pensava antigamente, não traz segurança e não deve ser o objetivo de vida de um ser humano. Muitas pessoas não desejam viver junto com outras ou simplesmente ainda não encontraram a metade da laranja, como se diz. Sobre ter filhos, eu diria que há mais nuvens nesse céu azul do que supõe sua vã percepção. Muitas vezes as pessoas não podem ter filhos, estão com dificuldade para engravidar ou não querem, simplesmente. Sobre isso falo depois com mais calma.
Para quem pergunta é simples, mas não é tão tranquilo assim para quem recebe. Na esmagadora maioria dos casos as pessoas se sentem cobradas e desconfortáveis. Em outros, mais triste ainda, existe a resposta e proferi-la é se esfaquear por dentro.
Se mostrar interessado na vida do outro é natural do ser humano e muitas vezes a curiosidade é motivada por um bem querer e revestida de amor. Se for assim, que tal perguntar: como vai a vida? Quais são seus planos a curto, médio e longo prazo? E converse de acordo com as respostas sem ser invasivo.
Dói menos. Não para você, claro, mas para quem tem que dizer sobre o que não se sabe ou o que não quer.
Ângela Alhanati
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Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão
