Casas de beco recebem água de esgoto a cada chuva forte

Moradora observa rua do beco tomada pela água (Foto: Camila Goulart/Divulgação)

No fim da tarde de quarta-feira, dia 22, um temporal deixou as ruas de vários bairros de Resende alagados. Nem mesmo as ruas dos bairros do Grande Manejo escaparam. Em um dos bairros, o Alvorada, onde uma obra inacabada vem atormentando os moradores, a aposentada Maria de Lourdes Rocha mais uma vez teve sua casa invadida pela água vinda da rede de esgoto. “Alagamentos são comuns aqui neste beco, mas de uns anos para cá a coisa só piorou”, conta a aposentada Maria de Lourdes.

Ela faz parte de um grupo de moradores do Beco Um da Rua Feliciano Sodré, uma das vias mais afetadas pelos alagamentos que vêm causando transtornos nos últimos verões. A neta da aposentada, Camila Goulart, registrou tudo em fotos. No vídeo, ela também mostra o estado em que ficou a Feliciano Sodré durante a chuva desta quarta-feira.

De fato, os moradores do beco sempre conviveram com os alagamentos. Segundo a aposentada Yolanda Alfano, vizinha de Lourdes, que mora no local há 25 anos, as bocas-de-lobo que ficam na esquina e na entrada do beco não conseguem drenar a água da chuva.

– Aqui quase não tem lugar para escoar a água da chuva, as bocas-de-lobo daqui não dão conta. Nosso beco está desnivelado em relação às ruas próximas e toda a água que vem de uma outra rua próxima acaba descendo aqui e provoca esses alagamentos – cita.

Ela conta que já chegou a falar diretamente com o secretário de Obras atual, Marco Antônio Diniz, via e-mail, que retornou a mensagem respondendo que daria alguma solução, para surpresa de Yolanda. No enanto, ficou só na promessa. “Ninguém veio para drenar a boca-de-lobo aqui da esquina, que está entupida. E eles deveriam ter feito outra boca-de-lobo também”, sugere.

Os moradores também aproveitaram para mostrar os estragos feitos pela chuva em suas casas. “Aqui na minha casa ficou tudo alagado, todos os cômodos cheios de esgoto. Sorte nossa que um vizinho aqui é funcionário da concessionária (Águas das Agulhas Negras) e fez uma solicitação para limpar o beco e retirar toda essa água”, diz o jardineiro José Fernando Mendes.

Na rua onde o beco fica localizado, mais problemas. Um dos moradores chegou a dar a dica do que vem acontecendo não apenas na Rua Feliciano Sodré, como nas demais ruas próximas do bairro. “Aqui em nosso bairro as bocas-de-lobo estão entupidas, e isso faz com que a água da chuva transborde com o esgoto, já que a rede de águas pluviais está ligada à de esgoto”, responde o eletricista Romeu da Silva.

Ainda que ele não tenha sofrido com a inundação dentro de casa, ele mora no trecho da Feliciano Sodré que ainda não foi asfaltado. Na última segunda-feira, dia 20, o local – que ainda está com a obra inacabada e as calçadas quebradas – ficou alagado.

– Moro aqui há 60 anos, e nunca vi a Feliciano Sodré desse jeito. Pelo amor de Deus, tem que socorrer a gente, pois o negócio está feio com esse esgoto voltando pra rua! – suplicou o aposentado Eurico Fernandes Gorito.

Durante a entrevista realizada no bairro, a equipe do jornal BEIRA-RIO teve a oportunidade de conversar com um dos funcionários da concessionária Águas das Agulhas Negras que estão trabalhando em uma obra na esquina da Feliciano Sodré com a Rua São Paulo, próximo de onde vivem os moradores entrevistados. Segundo ele, a obra – que começou neste mês e tem previsão de encerramento para o dia 6 de janeiro – tem o objetivo de separar as ligações de águas pluviais e esgoto.

– Essa área se originou de um loteamento muito antigo. Acredito que na época, ao construírem a rede de águas pluviais, fizeram uma ligação errônea dela com a rede de esgoto, e acreditamos que seja isso que está provocando o retorno do esgoto com as enchentes – completa o funcionário. Ele, no entanto, não informou se a obra se estenderá às ruas vizinhas.

A equipe do jornal entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da concessionária, que até o momento não se pronunciou sobre o assunto.

PREFEITURA DIZ “QUE NÃO HOUVE ALAGAMENTO”
Já a Prefeitura de Resende enviou nota sobre os transtornos registrados com a chuva nos bairros. Nela, segundo técnicos em infraestrutura e da própria Defesa Civil, os acúmulos e bolsões registrados – 28 milímetros de chuva em alguns bairros, o equivalente a uma semana inteira de chuva, e que na última quarta caiu sobre a cidade num período de 20 minutos – não se classificam como alagamentos. Para eles, “alagamentos não escoam com a velocidade percebida no fim da tarde de quarta”.

A nota ainda destaca que a Prefeitura, desde o início do ano, realiza “uma ampla frente de trabalho direcionada à desobstrução de bueiros”. E que por esse motivo, a chuva de quarta, mesmo em alto volume e intensidade, não permitiu bloqueio de ruas da cidade. E que esse trabalho “segue sendo feito em diversos bairros”.

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