Denúncia: servidora afirma que sofre perseguição e pressão por causa da eleição

cintiaA servidora municipal Cintia Viana Rangel Borges (foto) denunciou ao Ministério Público Estadual (MPE), na tarde desta terça-feira, dia 27, que vem sofrendo perseguição política na prefeitura. Há dois anos ela foi transferida de setor, passando para o gabinete do prefeito e passou a receber uma gratificação (Função Gratificada ou FG) para que trabalhasse como cerimonialista. No entanto, há alguns dias, ela afirma que a secretária municipal de Educação Rossilene Amado pediu que esse adicional fosse retirado, alegando que ela estava trabalhando para um candidato a vereador que não faz parte da coligação apoiada pelo prefeito José Rechuan Junior (PP).

— Domingo teve a assinatura de um convênio no gabinete do prefeito e eu tinha trabalhado no evento de sábado, então o André (outro servidor do setor de cerimonial) falou que eu não precisava ir.  Na hora a secretária de Educação, Rossilene, perguntou onde eu estava e o André explicou que eu não iria. Ela então disse que não achava justo eu ter uma FG ligada à Secretaria de Educação e trabalhar para outro candidato e que gostaria que retirassem minha FG – relatou a servidora.

Ao chegar para trabalhar na segunda-feira ela soube do ocorrido e mandou mensagem ao assessor do prefeito e marqueteiro da campanha do candidato apoiado pelo governo, Ricardo Moraes, a quem ela se reportava. Ela também soube pela secretária do prefeito que Rossilene teria dito que não a queria na equipe que organiza a cerimônia de aniversário do município, no dia 29 de setembro.

— Ela falou para a Magali (secretária do prefeito) que eu estava proibida de exercer minhas funções no palanque, no dia 29, e a Magali ligou para o André dando esta informação. Eu fui lá e a Magali confirmou. Mandei mensagem para a Rossilene e ela disse que preferia conversar pessoalmente, marcamos para o dia 22 e ela não apareceu. Meu salário é pago pela população e honro o que ganho, pois não falto trabalho e cumpro todos os meus compromissos e aprendi que não vida não podemos nos deixar oprimir, por isso tomei a atitude de denunciar – acrescentou a servidora.

Trabalhando há 18 anos como concursada, Cintia Rangel diz que nunca havia passado por tais situações, que afetam não só colegas que trabalham na prefeitura como líderes comunitários ligados a eventos que já tiveram apoio do Executivo municipal em anos  anteriores.

— Eu era responsável pelo projeto da Festa do Fogueirão, no bairro Paraíso, ajudando o Vítor, filho da Leninha, que organiza a festa, a colocar o projeto dentro das regras previstas pela Secretaria de Cultura. Esse ano o prefeito me chamou, chamou a Leninha, a Dirce e a Betinha (presidente da associação de moradores do bairro Paraíso) para uma reunião e disse que não apoiaria a festa. Falou que a festa seria organizada em nome da prefeitura porque elas haviam optado por apoiar outras pessoas e por isso não tinha cabimento a prefeitura apoiar o evento. Nunca houve isso antes. O servidor já está desvalorizado financeiramente, isso desmotiva mais ainda. Acho que a gente tem que lutar contra qualquer  tipo de opressão, porque somos pagos pelo povo para fazer nosso trabalho, estamos ali  para servir ao público – acrescentou a cerimonialista.

Ainda mais grave, segunda a denúncia, teria sido uma fala do prefeito em que afirmou que possui parceiros no Poder Judiciário.

— Soube que, além da Educação, está acontecendo pressão semelhante na Superintendência de Eventos, onde um vereador se acha o dono e constrangeu professores em uma reunião dizendo que deveriam trabalhar para o candidato a prefeito Mário Rodrigues (PMDB). Outras pessoas também estão sofrendo pressão e o prefeito já falou que não precisa denunciar na Justiça porque lá “nós já temos nossos parceiros”. Nunca teve isso antes. E o que me deixa mais aborrecida é que minha FG não é política, não foi um político que me deu, eu tenho ele para justificar meus trabalhos aos finais de semana, à noite, feriados, sem hora para parar – explicou.

Questionada sobre a pressão sofrida pelos servidores, a prefeitura de Resende afirmou que “desconhece tais informações” e que a fala da secretária de Educação, Rossilene Amado “Não” procede. Também foi dito que “Não há nenhuma servidora ou servidor da Educação, lotado na Comunicação, que tenha perdido FG”. Sobre a Festa do Fogueirão, informou que “A Prefeitura deu todo o apoio necessário para a realização da festa”. A respeito dos constrangimentos que um vereador causou na superintendência de eventos a resposta também foi negativa e por fim ratificou que “desconhece que esteja havendo qualquer tipo de pressão a seus servidores”.

O jornalista Ricardo Moraes entrou em contato com o jornal BEIRA-RIO após a publicação da matéria para informar que está afastado de suas funções para cuidar da campanha eleitoral do candidato apoiado pelo governo e pedindo que tal informação fosse incluída na matéria, o que já foi feito.

Foto servidora: reprodução Facebook

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