A notícia da semana é que o ator Edson Celulari está com câncer.
Soube disso enquanto fazia uma pequena caminhada na calçada da minha casa e ouvi duas senhoras que comentavam perplexas: como é que pode?
Sim, pode, porque ele é humano. É bonito, é global, é ator, mas é humano e nenhum ser humano está livre do sofrimento. Estamos todos sujeitos, porque existimos.
A mídia vende uma imagem de felicidade sem fim, de bem-estar em todas as esferas, de total imunidade aos males do mundo às celebridades, mas o fato é que todos, sem exceção, podem sentir o mesmo que nós.
Comumente achamos que o dinheiro ou a fama pode nos livrar das dores. Que enorme engano! Assim como os sentimentos, as doenças não escolhem classes sociais. Independente de termos dinheiro ou não, vamos sentir dor, vamos nos alegrar e nos emocionar. Como todos.
É certo que o dinheiro melhora, e muito, as perspectivas nessa nossa sociedade capitalista. Estar doente e ter acesso aos melhores profissionais e tecnologia de ponta nos leva a acreditar que é melhor adoecer com dinheiro do que sem ele. Da mesma forma, é melhor ser triste em Paris do que em algum lugar sem nenhum glamour. Mas não se enganem: o abandono é igual para ricos e para pobres.
É considerado um mito moderno o fato de acharmos que as celebridades não têm dor de barriga, não vomitam, não sentem ciúmes, não tem ataques de pelancas. O que elas fazem de forma magistral é esconder. Vulgarmente falando, não passam recibo de suas mazelas, não jogam no ventilador. O que de certa forma é bacana: roupa suja se lava em casa.
Hoje em dia, com a possibilidade das redes sociais, as pessoas vão se expondo e se arrependendo na proporção direta de suas confissões. A pessoa briga com o namorado. Posta nas redes. Todo mundo comenta, toma partido, apoia, amor é como biscoito: vai um e vem dezoito. Faz as pazes e tem que sair por aí explicando o porquê de ter perdoado aquilo que ninguém perdoou. Certas coisas, melhor guardar segredo.
Enfim, é bom saber, todo mundo sofre. Isso faz parte de quem vive. Não sofre e não vai sofrer quem não é humano. Uma estátua, uma fotografia. Se é humano, tudo o que é possível de acometer, pode chegar.
Os eventos estão no mundo. O que importa é como eles nos chegam e o que vamos fazer para lidar com eles.
Saúde, Celulari. Desejo-lhe uma boa recuperação. Que a fé lhe fortaleça para enfrentar esse momento delicado. Os melhores pensamentos para você e para todo mundo que está precisando de uma palavra de conforto e carinho nesse momento.
Ângela Alhanati
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Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão
