Cartomante começa a mostrar o futuro

Cai o rei de Espadas / Cai o rei de Ouros / Cai o rei de Paus / Cai não fica nada.

Esses versos finais da belíssima canção ‘Cartomante’, de Ivan Lins e Vitor Martins falavam de outros donos do poder que começavam a cair. Quando a majestosa Elis Regina fez o país cantar essa espécie de epílogo, corria o ano de 1977 e a barra ainda estava pesada. Mas os anos de chumbo começavam a derreter.

Passados pouco mais de quatro décadas e meia e o país ainda tentando se desvencilhar de um outro período ditatorial, menor, mas não menos  assustador, principalmente pelos visíveis contornos de uma ideologia de morte, eis que a canção volta a sublinhar um momento que pode ser, também, o marco inicial de outro derretimento das forças do mal.

O parágrafo acima simboliza muito mais uma torcida, um enorme desejo de minha parte, do que efetivamente, ser o que acredito estar acontecendo. A cassação do pulha Deltan Dallagnol nos encheu de esperanças de que a Justiça comece realmente a ser cumprida no país. Mas para que isso se concretize, a cassação é apenas o primeiro passo de uma série de irregularidades criminais cometidas por ele.

Começando pelo concurso para a Promotoria Federal com apenas alguns meses de formado em Direito, quando a regra exige um mínimo de dois anos de formado para se prestar tal concurso. Depois, há que ir fundo no que o motivou a se exonerar, tão antes do limite estipulado para quem concorreria a um cargo eletivo. Sem falar na famigerada operação Lava Jato. Moro certamente está mira. Mas da mesma forma, a cassação sozinha não fará justiça ao que esses vermes cometeram de tão aviltante ao país.

A semana termina cheia, com prisões, depoimentos mudos do ajudante de ordem do ex-capitão à Polícia Federal e até a condenação de outro ex-presidente, Fernando Collor, no STF. O cara é acusado de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O ministro Fachin, o relator do caso, pediu logo 33 anos de cana e mais algumas coisa.

Apesar do meu aparente ceticismo, lá no fundo da alma reside a esperança. A esperança de estar presenciando o país subir os primeiros degraus rumo ao patamar de Nação. Há muito. Muito por ser feito. Despachar de vez o risco do Nazifascismo tomar o país, ver a Justiça se mostrar célere e ágil contra aqueles que sempre debocharam dela e investir em educação com força. Mas sem Bolsonaro e mais uma dezena de escroques, na cadeia, o início da virada estará longe de ocorrer.

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