Incidente envolvendo GM e professora marca manifestação do Sepe em Barra Mansa

Professora (de costas) foi levada a força pra delegacia pela GM após reclamar que foi impedida de afixar um cartaz na grade da prefeitura

Uma suposta repressão sofrida por uma professora marcou a paralisação realizada por professores no município de Barra Mansa, nesta quinta-feira, dia 30, em frente a sede da prefeitura. Os profissionais marcavam presença com cartazes reivindicando melhorias para a categoria quando a educadora, que estava presente no pátio da prefeitura, foi  impedida de colocar um desses cartazes na grade que separa a sede do Executivo do pátio de manobras por alguns guardas municipais.

Segundo outras pessoas presentes, devido ao ato dos agentes – que teriam também rasgado o cartaz – ela começou a discutir com eles, alegando abuso de autoridade, e foi colocada à força dentro de uma viatura da Guarda Municipal e conduzida para a 90ª DP (Barra Mansa). Um vídeo nas redes sociais mostra o exato momento em que ela – aos gritos de outros professores pedindo para que a mesma fosse solta pelos agentes – foi colocada dentro do veículo.

Em sua conta nas redes sociais, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação de Barra Mansa  (Sepe Barra Mansa/Rio Claro) criticou a atitude dos guardas, e que a professora “foi agredida e presa simplesmente por estar portando um cartaz com reivindicações da categoria”. “O Sepe RJ condena a violência dos agentes municipais contra a categoria e a prisão da profissional. Na manifestação, a categoria cobrava do prefeito a implementação do Piso Nacional do Magistério e a aplicação das verbas do Fundeb na valorização dos educadores”, dizia a nota.

A entidade ainda criticou o prefeito do município, Rodrigo Drable (União). “Com este ato, o prefeito Rodrigo Drable Costa deu mais uma prova da falta de disposição para o diálogo do governo municipal e de desrespeito ao direito dos profissionais da educação municipal de realizarem o seu legítimo direito à manifestação”.
Em nota, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação de Barra Mansa  (Sepe Barra Mansa/Rio Claro) além de repudiar a ação da Guarda Municipal e reafirma “o direito de livre manifestação e reivindicação”. “Seguiremos lutando pela valorização dos professores e melhoria da educação municipal. Educação não rima com repressão!”, encerra a nota.
Ainda de acordo com o registrado na mesma nota, os profissionais da educação – junto com o Sepe – reivindicaram no ato realizado na manhã desta quinta-feira o cumprimento da Lei do Piso Nacional do Magistério e reajuste salarial dos funcionários que recebem como salário-base R$ 998. O documento ainda reitera que o ato contou “com a presença de diversos profissionais da educação se manifestando pacificamente, reivindicando os direitos citados e denunciando o abandono das escolas”.
Além do Sepe, autoridades e outras entidades também repudiaram a atitude dos agentes da GM. A ex-prefeita do município e ex-deputada estadual Inês Pandeló, se manifestou sobre o assunto foi em um vídeo publicado em suas redes sociais.
– Aconteceu um ato de violência de membros da guarda municipal contra a manifestação de professores. Uma manifestação justa dos professores de Barra Mansa. Pegaram uma professora, colocaram no camburão da guarda e levaram para a delegacia no momento, apenas fazendo o que é constitucionalmente garantido. Ou seja, as reivindicações justas da categoria. Por isso estamos aqui nos solidarizando com os professores da rede municipal de ensino de Barra Mansa e repudiando esse ato vergonhoso! – citou Pandeló.
Já o prefeito Rodrigo Drable, em sua conta nas redes sociais, defendeu os agentes, e criticou o ocorrido entre a professora e os agentes. “Manifestação pacífica é um direito de todos. Mas agressividade e violência são uma vergonha. Até onde vai o direito de manifestar?”, respondeu o prefeito.
Ele também não economizou nas críticas ao Sepe. “Valendo lembrar que o Sepe, que é o Sindicato dos Professores, alega que são perseguidos, que não tem seus direitos, e que não os respeitamos”, disse Drable, que justificou o porquê de não aumentar o piso salarial.
– A verdade é que o sindicato queria que concedêssemos um abono com recursos do Fundeb. Os municípios que não gastaram os valores do Fundo de manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica ao longo do ano poderiam fazer esse abono. Mas nós pagamos. Sem atrasar e, na maioria dos casos, dobrando a remuneração do professor. Não vamos deixar de construir creches, reformar escolas, investir em laboratórios para dar um abono que já foi pago ao longo do ano – completou Drable.
Sepe e professores reivindicam cumprimento da Lei do Piso Nacional do Magistério

PROIBIDOS DE ENTRAR NA SEDE
Em nota, a Prefeitura de Barra Mansa informou que durante o ato, três guardas municipais foram agredidos, e que o incidente aconteceu após o secretário de Ordem Pública, Capitão Daniel Abreu, explicar ao grupo de manifestantes, com cerca de 30 pessoas, que no interior do prédio não iria ser autorizado nenhum tipo de ato que atrapalhasse ou interrompesse os atendimentos prestados à população, mas que algumas pessoas entraram como se fossem acessar algum serviço, mas no decorrer aproveitaram para pegar cartazes e objetos por cima do alambrado, entre a parte interna e externa do pátio, para iniciar a manifestação dentro das dependências da prefeitura.

Ele, no entanto, defendeu que fora essa restrição, a manifestação não estava proibida. “Claro que eles podem fazer a manifestação, que é um ato legítimo e direito deles, mas infelizmente uma manifestante não respeitou o interior das dependências do governo municipal e ainda agrediu o guarda que pegou um cartaz que estava sendo passado pelo alambrado. Ela recebeu voz de prisão e foi encaminhada à 90ª DP para as medidas cabíveis”, acrescentou Abreu, destacando que câmeras de segurança da prefeitura registraram a ação.

A nota ainda acrescenta que outro membro da corporação que fechava o portão enquanto outros manifestantes queriam abri-lo, recebeu um tapa na nuca. E outro guarda municipal que conduzia a professora para a viatura que a transportou até a delegacia teve a farda rasgada por ela.

Fotos: Reprodução/Redes Sociais e Gabriel Borges

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