No Dia de Hoje – 2 de junho

Tim Lopes era um jornalista premiado por suas reportagens investigativas (Foto: Reprodução/Internet)

Morreu no dia 2 de junho de 2002, o jornalista e repórter investigativo Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes. Nascido em Pelotas/RS em 18 de novembro de 1950, era o quarto filho de uma família de 12 filhos. Quando tinha 8 anos, seus pais se mudaram com a família para o Rio de Janeiro, onde viviam em circunstâncias humildes na favela da Mangueira, numa casa de três cômodos.

Cursou jornalismo na Faculdade Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro. Seu primeiro trabalho foi na revista Domingo Ilustrada, do jornalista Samuel Wainer, como contínuo. Quando começou a fazer reportagens na rua, passou a ser chamado de Tim Lopes. Segundo amigos, o “nome artístico” teria sido dado pelo próprio Samuel Wainer, devido à semelhança do jornalista com o cantor Tim Maia.

Uma de suas primeiras reportagens foi publicada na década de 1970, no jornal alternativo O Repórter. A matéria relatava as precárias condições de trabalho dos operários na construção do metrô do Rio. Para produzi-la, Tim Lopes trabalhou como “peão” na própria obra. Trabalhou também na sucursal do Rio de Janeiro da Folha de S.Paulo, nos jornais O Dia, Jornal do Brasil e O Globo e na revista Placar.

Na TV Globo, participou de uma série de reportagens do programa Fantástico, que promoviam o encontro de familiares de vítimas com assassinos presos. Internou-se por dois meses em uma clínica para dependentes químicos para uma reportagem sobre o assunto. Em 2001, Lopes foi um dos ganhadores do Prêmio Esso. Era considerado pelos colegas de profissão como um dos mais corajosos e audaciosos repórteres investigativos em atividade.Também ganhou o Prêmio Abril de Jornalismo em 1985 e 1986 por reportagens envolvendo o futebol na revista esportiva Placar.

O Prêmio Esso foi para uma série de investigação intitulada “Feirão das Drogas”, em que ele usou uma câmera escondida para mostrar os traficantes na rua vendendo cocaína abertamente aos pedestres, gritando a droga e seu preço. Suas filmagens também capturaram traficantes armados desfilando em motocicletas com AK-47. Esta filmagem foi filmada em uma densa rede de favelas na Zona Norte, chamada Complexo do Alemão; mais especificamente dentro do Complexo, essa área em particular é conhecida como a Grota.

Um dos repórteres que trabalha na equipe de Lopes para coletar imagens secretas para o mesmo relatório investigativo foi a jornalista da Globo, Cristina Guimarães. Ela filmou nas favelas da Mangueira e da Rocinha no mesmo período. O relatório foi televisionado no Jornal Nacional em 3 de agosto de 2001. E recebeu muita atenção, o que por sua vez fez com que a administração política do Rio agisse.

Seguiram-se as repressões policiais e os traficantes na favela da Grota e as outras favelas em destaque foram impedidas de vender abertamente drogas nas ruas por um tempo, e algumas foram presas. Posteriormente, os chefões do tráfico de drogas das facções criminosas que controlavam essas áreas não ficaram satisfeitos com a diminuição das vendas. Em 2002, Lopes começou a trabalhar em uma história sobre caminhoneiros para a TV Globo.

Tim Lopes desapareceu em 2 de junho de 2002. Depoimentos de narcotraficantes presos indicam que ele teria sido sequestrado e morto entre as 22h e 0h daquele dia. Sua morte somente foi confirmada a 5 de julho, após exame de DNA dos fragmentos de ossos encontrados num cemitério clandestino. Segundo investigações da polícia, Lopes decidiu filmar em uma boca de fumo ao longo da Rua Oito, na favela da Vila Cruzeiro, onde foi abordado por criminosos, que o sequestraram e o levaram para o topo da Grota, onde o jornalista foi morto em um “ritual macabro” de violência.

Os nove traficantes envolvidos foram presos anos mais tardes, sendo julgados e colocados atrás das grades. Além de Elias Maluco, também foram presos André da Cruz Barbosa (André Capeta); Cláudio Orlando do Nascimento (Ratinho); Maurício de Lima Matias (Boizinho); Claudino dos Santos Coelho (Xuxa); Elizeu Felício de Souza (Zeu); Ângelo da Silva (Primo); Reinaldo Amaral de Jesus (Cadê); e Fernando Sátyro da Silva (Frei).

Tim Lopes foi premiado postumamente com o maior prêmio de direitos humanos do Brasil, o Prêmio Direitos Humanos, em 17 de dezembro de 2012, entre outros destinatários. O prêmio foi entregue pela presidente Dilma Rousseff à irmã de Lopes, Tânia Lopes, no Itamaraty, em Brasília. A presidente Dilma expressou que o prêmio homenageia “indivíduos combatentes” que “arriscam suas vidas em defesa dos direitos humanos”. Em 2017, foi homenageado com o Prêmio Vladimir Herzog.

Fonte: Wikipédia

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