Nesta terça-feira, dia 15, um movimento foi promovido por 50 produtores rurais do Assentamento Irmã Dorothy, no Centro Administrativo da Prefeitura de Quatis. Segundo informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o grupo – que estão desde segunda-feira, dia 14, na cidade, devido a forte chuva – permaneceu no local até conseguir para esta quinta-feira, dia 17, o agendamento de uma audiência com o prefeito do município, Aluísio D’Elias, para debater sobre as necessidades da comunidade.
O fato aconteceu enquanto o prefeito do município se encontrava, no período da manhã, em outro evento promovido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, no Ciep 492, onde acontecia a inauguração de mais um polo da Cederj e a assinatura de alguns termos de compromisso para a realização de programas no município. O governador Cláudio Castro não esteve no evento em virtude de agenda em outro município da região, sendo representado pelo secretário de Infraestrutura e Obras, Max Lemos.
Enquanto isso, os produtores rurais do assentamento relatam o abandono da política pública no assentamento, dificuldade de acesso, falta de eletricidade, estradas de difícil e nenhum acesso, e dificuldades de poder escoar a produção e acessar as escolas e o serviço de saúde.
– Nossa reivindicação é por conta da ausência de pontes que ligam a área rural com a cidade. Há um ano, o secretário de agricultura e desenvolvimento rural colocou pra nós que estavam em processo de licitação as máquinas, e que elas começariam a trabalhar em 15 dias, contando desde agosto do ano passado. Tanto que conseguimos uma documentação do Incra para o desenvolvimento e manutenções das estradas para isso – explica Raoni, um dos assentados.
No entanto, apesar da promessa, a prefeitura ainda não realizou as melhorias das estradas, o que vem dificultando, de acordo com o MST, o acesso de crianças a escola e dos assentados doentes ao atendimento médico, já que alguns deles necessitaram de hospitalização devido ao avanço da Covid-19. “Só saímos daqui quando houver resposta do prefeito”, relata dona Iva, outra assentada.
Os assentados foram recebidos por alguns membros do secretariado municipal, entre eles o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Econômico Urbano e Rural, Renato Xavier Corradi, e também pelo secretário de Administração, Willer Emiliano da Silva, que informou ao grupo que o prefeito não estava presente.
Inicialmente, as famílias haviam planejado em não sair de dentro da prefeitura até que fossem atendidos, mas o grupo alegou mais um problema para retornarem ao assentamento, sem contar que aproveitaram para doar aos funcionários alguns alimentos produzidos pelas famílias.
– A ocupação hoje não vai sair, primeiro porque não temos condições de de voltar, pois choveu muito. Nós estamos ilhados, uma vez que as estradas são horríveis. A gente fez mutirão pra sair e estamos cheios de barro na perna, conseguimos trazer os alimentos pra fazer doação para os trabalhadores aqui da prefeitura. A gente sabe as condições da cidade, está muito precarizado. A fome está retornando ao Brasil e à América Latina. E nós estamos aqui com tudo a dificuldade nossa. Trazendo um pouco de de comida. Mas também chamando o povo da cidade pra ajudar nós pra gente conseguir de fato avançar com a produção agroecológica – completou Raoni.
O jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Quatis, que até o momento não se pronunciou sobre a manifestação dos produtores do Assentamento Irmã Dorothy.
