Chuva na região: moradores de bairros de Resende protestam nas ruas e redes sociais

Moradores do Jardim Aliança 2 se revoltam e fazem protesto no meio da rua após sofrerem com a chuva dos últimos dias (Fotos: Reprodução/Redes Sociais)

O último final de semana foi marcado na região por muita chuva e transtornos. Em Resende, moradores de diferentes bairros registraram nas redes sociais entre o sábado, dia 5, e a manhã de segunda-feira, dia 7, vários pontos de alagamento em diferentes bairros. Um dos bairros que seguem em situação desesperadora, segundo vídeos e fotos enviadas por moradores no Grupo Bom Dia Resende, é o Jardim Aliança 2, onde a água já entrou dentro das casas.

– Moradores que perderam seus móveis por três dias seguidos no Jardim Aliança 2 coloca fogo na Avenida do Acesso Oeste. O que levou os policiais a retirar os móveis. Mas não apareceu um litro de cloro, um rodo, uma vassoura. Será que isso não dá Ibope? Vão esperar alguém cair num bueiro aberto? Socorro hein, Resende! Socorro vereadores que só aparecem no momento de eleição! Três dias de chuva com alagamentos e não apareceu uma autoridade para olhar por esses coitados, que no momento de desespero tentam chamar a atenção – disse uma internauta, indignada com a situação.

Água chegou a atingir metade de uma das casas do bairro, e pessoas foram obrigadas a passar no meio da enchente

O bairro vem sofrendo com a chuva há mais de três dias. Nas redes sociais circulam vídeos mostrando o protesto citado pela internauta, realizado na madrugada do último domingo, dia 6, quando um grupo resolveu queimar pneus e colocar na avenida principal, como forma de chamar a atenção das autoridades. Também há vídeos de um dos moradores mostrando a água que invadiu sua casa, relatando que perdeu móveis.

Em outro vídeo postado pela mesma internauta, alguns moradores do bairro foram pessoalmente até o gabinete do prefeito Diogo Balieiro, no começo da tarde desta segunda-feira, cobrar providências para o problema que vêm enfrentando.

Relatos também chegam de outros bairros como Manejo, Vila Santa Cecília, Elite e Cidade Alegria (que também podem ser vistos na página do Bom Dia Resende). Algumas pessoas que vivem nesses bairros responsabilizam as obras feitas nos últimos anos pelas enchentes que acontecem constantemente.

– Vamos para mais uma vez colocar a boca no trombone. (…) Pois bem, essa rua fica localizada no bairro Elite, este alagamento já acontece a muitos anos, com forte chuva ficava um pouco menos que isso. O ponto é que a mais ou menos uns três anos sofremos com uma obra eleitoreira e digo isso sem medo, porque pra mim não passou disso. A população sofreu mais de um ano com o descaso do órgão público, onde eles levaram essa obra em passos de lesmas, trazendo um caos e tornando o dia da população um desastre com a lama – reclama outra moradora.

Ela cita os perrengues que já sofreu com os alagamentos. “Depois da obra entregue, isso se fez após inúmeras reclamações na prefeitura e por aqui também, o que parecia ser a solução dos alagamentos, se tornou o terror daqueles que moram nas proximidades. Esses alagamentos acontecem até com uma simples chuva. Ninguém entra, ninguém sai de casa, Ninguém passa de carro. Inclusive já perdi a placa do meu carro e fiquei presa, pois o carro afundou”.

No caso da Vila Santa Cecília, outra moradora relata em um vídeo que uma obra de asfaltamento foi realizada em seu bairro, onde não foram colocadas bocas-de-lobo (usadas para escoar a água da chuva), e isso vem causando transtornos no local. “Fizeram um asfalto novo aqui, alto e sem boca-de-lobo. E o que está acontecendo? Entrou água tudo pra dentro das casas. Só piorou, não melhorou nada! Ficam fazendo obra eleitoreira e atrapalhando da vida do povo aqui”, citou.

Avenida Argemiro de Paula Coutinho, no Centro, tem exigido cuidados das autoridades (Felipe Vieira/Divulgação PMBM)

BARRA MANSA
A chuva e os alagamentos não atormentaram apenas Resende e Itatiaia. No município vizinho de Barra Mansa, a elevação do nível do rio Paraíba do Sul causou pontos de alagamento na manhã de sábado, dia 5. Equipes da Defesa Civil atenderam ocorrências nos bairros Vista Alegre, Vila Maria, Roberto Silveira e no distrito Floriano. Também houve transbordamento do rio na Avenida Argemiro de Paula Coutinho, no Centro, onde é o ponto considerado como mais crítico pelo órgão. A água já atingiu quintais de algumas casas ribeirinhas.

Equipes da Defesa Civil e da Guarda Municipal estão nos locais conferindo a situação dos alagamentos e orientando a população. Até o momento não há desabrigados ou desalojados no município.

De acordo com o coordenador de Defesa Civil da cidade, João Vitor da Silva Ramos, o Rio Paraíba do Sul atingiu na ocasião 4,35m, sendo que o normal é de 2,50m. Estando, então, quase 2m acima da normalidade. “A represa de Furnas está operando dentro de sua vazão de segurança. O que contribuiu para a elevação do rio foi a chuva forte que atingiu as cidades de Resende e Itatiaia nas últimas horas”, explicou João.

A cheia do principal afluente da região impediu a plena vazão dos rios Barra Mansa e Bananal, que chegaram a registrar 1,1m e 3,06m, respectivamente, mas estão dentro de suas margens de segurança.

A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos também faz parte do Plano Emergencial e, diante de ocorrências, registra as famílias e dá assistência necessária a cada uma delas. Em caso de situações de emergência, os moradores podem acionar as equipes através dos números 199 ou (24) 3028-9370. Se alguma família ficar ilhada devido a alagamentos pode acionar o Corpo de Bombeiros através do 193.

REPRESA AUMENTA VAZÃO
Em nota, a empresa Furnas, responsável pela Represa do Funil, confirmou a informação da Prefeitura de Barra Mansa de que realizou manobras na usina com o objetivo de controlar a vazão e o nível do seu reservatório. De acordo com despacho do Operador Nacional do Sistema (ONS), o vertedouro (comporta) foi aberto na madrugada de sábado, dia 5, com uma vazão de 200m3/s. Na tarde do mesmo dia, a vazão foi alterada para 100m3/s e em seguida para zero, com o fechamento do vertedouro. No domingo, o vertedouro tornou a ser aberto com uma vazão de 100m3/s subindo em seguida para 200m2/s. No momento a vazão do vertedouro de Funil é de 250m3/s e seu reservatório encontra-se com uma elevação 461,32 metros, equivalente a 69,60% do seu volume útil.

Ainda segundo a nota, o reservatório realiza operação de controle de cheias de forma a minimizar os riscos de alagamentos. Este controle é feito por meio da abertura do vertedouro e utilização do volume de espera para controle de cheias, um procedimento operacional normal, realizado de forma programada, conforme as condições operativas do reservatório, com segurança para os técnicos que trabalham na usina e moradores das cidades ribeirinhas que se encontram próximas a represa.

REGIÃO SEGUE EM ALERTA
E as notícias ainda são pouco animadoras para quem sofre com os transtornos causados pela chuva. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que o estado do Rio de Janeiro estará até a próxima sexta-feira dia 11, sob influência da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), já que nesta segunda, dia 7, uma nova frente fria continuará provocando nebulosidade e risco de chuva fraca a moderada intensidade, inicialmente no centro-sul Fluminense, e a partir da tarde o risco de chuva forte e pontualmente volumosa aumenta em todo o estado, principalmente no sul Fluminense e região Serrana.

Até sexta o tempo segue instável, e todas as regiões do estado vão permanecer em alerta para o risco de chuva frequente, que vai variar entre fraca, moderada e por vezes forte que pode vir acompanhada de raios, com grande potencial para transtornos, principalmente para alagamentos, transbordamento de rios e risco de deslizamento de terra em áreas vulneráveis.

Os principais modelos numéricos indicando que até o próximo domingo, dia 13, os maiores do volumes de chuva ficarão concentrados em parte da região Serrana, sul e noroeste Fluminense, podendo acumular entre 200 mm e 250 mm, e nas demais regiões do estado volumes de chuva devem variar entre 100 mm e 150 mm. As temperaturas deverão ficar amenas, entre 22 e 26 graus.

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