
No dia 7 de novembro de 1988 foi dado início a Greve de 1988, também conhecida no meio sindical como Massacre de Volta Redonda.
Foi um movimento levado a cabo pelos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que à época era uma empresa estatal e os trabalhadores exigiam do governo Sarney um reajuste salarial com base no índice de inflação divulgado pelo Dieese, estabilidade no emprego, jornada de trabalho de 40 horas semanais, readmissão dos demitidos em 1987, isonomia salarial, instauração de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) eleita pelos trabalhadores, reconhecimento dos representantes sindicais, fim da perseguição à atividade sindical e divulgação do Sistema de Cargos e Salários da empresa.
Após uma assembleia realizada no dia 4 de novembro, os trabalhadores da CSN decidiram entrar em greve. A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda promoveu a ocupação da empresa para paralisar as atividades da mesma. Em 7 de novembro começou a paralisação e, após um confronto com a Polícia Militar, os trabalhadores tomaram o controle da empresa. A direção da CSN solicitou na Justiça a reintegração de posse e a intervenção do Exército como forma de solucionar rapidamente a questão.
No dia 9, o Exército e a PM começaram a dispersar a população no bairro de Vila Santa Cecília e invadiu a empresa, procurando retomá-la. Em meio à ação militar, três operários foram mortos pelas forças de segurança: Carlos Augusto Barroso (19 anos), Walmir Freitas Monteiro (27 anos) e William Fernandes Leite (22 anos). Barroso morreu de traumatismo craniano como resultado de uma coronhada que levou enquanto estava caído no chão. Já Walmir e William foram baleados. Segundo o advogado trabalhista Vanderlei Barcelos, à época diretor de base do Sindicato dos Metalúrgicos, “Walmir foi atingido nas costas, à tarde, num dos locais de concentração dos trabalhadores”.
Segundo seu relato, William foi baleado no pescoço, à noite, na estação de resfriamento de água por tiros que teriam partido do escritório central da CSN. Além dos mortos, cerca de 100 feridos completou o saldo da operação militar contra os grevistas.
Depois do ocorrido, os grevistas radicalizam o movimento, decidindo por mantê-lo até o dia 20. Nesse ínterim, várias vozes do governo Sarney e do movimento grevista trocaram acusações, o que levou o então ministro da Indústria e Comércio, Roberto Cardoso Alves, ameaçar de fechar a empresa. Em 22 de novembro a população de Volta Redonda, atendendo aos apelos de sindicalistas e outros representantes da sociedade civil, dá um “abraço” simbólico em torno dos 12 quilômetros da Usina Presidente Vargas como forma de mostrar apoio ao movimento.

Dois dias depois, após nova assembléia, os operários decidiram pelo fim da greve, após o esgotamento do movimento e da repercussão internacional que ele havia atingido devido a intervenção do Exército. Devido à repressão do Exército, o movimento sindical passou a se referir à greve de 1988 como o Massacre de Volta Redonda.
Curiosamente, o movimento teve repercussão nacional e acabou sendo apontado como fator crucial para a eleição de prefeitos de esquerda ligados ao movimento sindical, em 15 de novembro de 1988, tais como Luiza Erundina em São Paulo, Jacó Bittar em Campinas, Chico Ferramenta em Ipatinga e Olívio Dutra em Porto Alegre. Em Volta Redonda, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, Juarez Antunes, também foi eleito prefeito de Volta Redonda. Mas acabou morrendo dois meses após a posse num misterioso acidente de carro.
Em 1° de maio de 1989 foi inaugurado o Memorial 9 de Novembro, um monumento projetado por Oscar Niemeyer em homenagem aos três trabalhadores mortos na greve de 1988. Foi implodido no dia seguinte por elementos de extrema-direita ligados ao Exército. A explosão foi tão intensa que quebrou os vidros do escritório central da CSN e de prédios vizinhos. A pedido de Niemeyer, o monumento não foi restaurado e permanece até hoje com as marcas da explosão.
Fonte: Wikipédia