No Dia de Hoje – 7 de outubro

Homem ferido é carregado por companheiros de militância durante conflito

Em 7 de outubro de 1934, aconteceu na capítal paulista um conflito conhecido como Batalha da Praça da Sé, que envolveu antifascistas e integralistas no centro da cidade. O episódio também ficou conhecido como Revoada dos Galinhas Verdes. O termo Galinhas Verdes era usado para qualificar os membros da AIB, uma organização brasileira caricaturesca inspirada no fascismo que se erguia com força na Itália e na Alemanha, e que tinha como liderança Plínio Salgado.

O conflito começou quando membros da Ação Integralista Brasileira (AIB) havia marcado para aquele dia um comício em comemoração aos dois anos do Manifesto Integralista, e, tão logo souberam dessa intenção, os antifascistas da capital paulista se organizaram para impedir a realização do evento. Ainda que sem uma direção centralizada, todas as forças da esquerda paulista participaram do conflito, que resultou em sete mortos — entre eles um estudante antifascista, três integralistas, dois agentes policiais e um guarda civil — e cerca de 30 feridos.

Para as esquerdas, esse evento tornou-se um símbolo da luta antifascista e contra os elementos reacionários da política nacional. Combinada com identificação do corpo do jovem militante Tobias Warchavski, a Batalha da Praça da Sé detonou uma campanha política contra a política repressora do governo de Getúlio Vargas que se combinou com o sentimento antifascista, impulsionando um movimento mais geral contra a “reação” e apontando para a formação de uma frente ampla progressista, o que seria concretizado com a formação da Aliança Nacional Libertadora (ANL).

A década de 1930 foi marcada por uma radicalização política, em decorrência da crise do liberalismo após a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. A ascensão do fascismo e a radicalização dos movimentos comunistas tiveram reverberações no Brasil, em meio ao contexto marcado pelo funcionamento da Assembleia Nacional Constituinte entre 1933 e 1934. A crise ideológica e política do liberalismo transformou-se no Brasil numa questão política não apenas para as elites econômicas e políticas, mas também para as classes médias e trabalhadores, que buscavam alternativas ao liberalismo pela direita, com o fascismo, e pela esquerda, com o socialismo e o comunismo. Na prática, esse debate sofreu a concorrência do confronto entre o fascismo e o antifascismo.

Embora fascismo e antifascismo se confrontassem no país já desde a década de 1920, foi com a criação da Ação Integralista Brasileira (AIB) em 1932 que a disputa passou a integrar os temas políticos nacionais. Da mesma forma, as organizações de esquerda se preocupavam em criar organizações para combater o fascismo, como o Comitê Antiguerreiro, liderado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), o Comitê Antifascista, articulado pelos anarquistas em torno da Federação Operária de São Paulo (FOSP) e a Frente Única Antifascista (FUA), organizada pelos trotskistas da Liga Comunista (LC) e pelos militantes do Partido Socialista Brasileiro (PSB) paulista. Assim, a AIB e as esquerdas disputavam a atenção das massas urbanas e organizavam eventos que procuravam superar em magnitude os dos concorrentes, logo partindo para o conflito aberto.

Durante a manhã de 7 de outubro, os antifascistas iniciaram os preparativos do ato na Praça da Sé, sendo que os integralistas começavam a ocupar um largo trecho da avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Ao mesmo tempo, na Estação do Norte, centenas de integralistas desembarcavam do interior do estado. Todo o alarde sobre o comício da AIB e as convocações antifascistas para impedi-lo chamou a atenção do povo, que se dirigia à região.

Pouco depois da hora do almoço, a polícia começou a revistar as sedes dos diversos sindicatos que se localizavam nas proximidades da praça. Centenas de homens do Batalhão de Infantaria, Cavalaria, da Guarda Civil e outras forças se deslocaram ao local e todas as ruas que levam à Sé foram tomadas por agentes da repressão.

Um grupo grande de antifascistas se reuniu em frente ao prédio Santa Helena, próximo aos integralistas, e começou a gritar “morte ao integralismo” e outras palavras de ordem. Tiveram início brigas e a polícia interviu com tiros, o que aumentou a confusão. Em seguida, os integralistas se reagruparam, entraram na Praça da Sé e tomaram as escadarias da catedral gritando sua saudação “anauê”. A tensão aumentou enquanto palavras de ordem eram entoadas efusivamente dos dois lados. Fontes apontam que o confronto para valer teve início quando disparos de metralhadora atingiram três guardas civis (matando um deles), o que gerou um tiroteio e uma verdadeira batalha pelas ruas.

Foto: Fonte Desconhecida

Fontes: A Nova Democracia e Wikipédia

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