No Dia de Hoje – 4 de setembro

Pedro Cardoso e Eduardo Moscovis (à esquerda e direita, respectivamente) no filme que conta a história do sequestro do embaixador (Foto: Divulgação)

No dia 4 de setembro de 1969, em pleno período do regime militar no Brasil, guerrilheiros de extrema-esquerda dos grupos Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) e Ação Libertadora Nacional, sequestraram um diplomata de carreira dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick. Eles exigiam a libertação de 15 prisioneiros políticos.

O sequestro foi idealizado por Franklin Martins, militante estudantil. A ideia inicial de Franklin era uma ação armada para tirar da cadeia o líder estudantil Vladimir Palmeira, principal articulador político das manifestações contra a ditadura, em 1968, na Guanabara. Por acaso, Franklin descobriu que o trajeto que Elbrick fazia de sua casa para a embaixada diariamente era rigorosamente o mesmo, e percebeu que seria bem mais fácil tomá-lo como refém para exigir a libertação de Vladimir.

Com a ideia de Franklin e Cid, a organização solicitou ajuda logística e militar à Ação Libertadora Nacional, em São Paulo, que enviou um de seus líderes, Toledo (Joaquim Câmara Ferreira), e um guerrilheiro operário de origem humilde, Jonas (Virgílio Gomes da Silva), integrante dos Grupos Táticos Armados (GTA) da ALN, escolhido para comandar a ação de sequestro.

O sequestro de Elbrick, comandado por Jonas, durou 20 minutos. A ação aconteceu na rua Marques, bairro do Humaitá, Rio de Janeiro (então Estado da Guanabara), quando um Volkswagen pilotado por Cid emparelhou o Cadillac do embaixador e quatro guerrilheiros saíram armados rendendo o embaixador e seu motorista, e seguiram no Cadillac. Numa rua adjacente, deixaram o motorista no carro com a carta com exigências redigida por Franklin e entraram numa Kombi.

Nesse momento, Elbrick tentou reagir, mas foi detido com uma coronhada na testa. Os sequestradores conduziram então a Kombi através do Túnel Rebouças até uma casa no Rio Comprido, local do cativeiro e onde o embaixador ficaria detido por quase três dias. Dentre os envolvidos na ação 13 pessoas, entre elas Fernando Gabeira, hoje jornalista e político, que não participou da ação de captura, mas ficou na casa que serviu de cativeiro, da qual era o inquilino.

A carta-manifesto, escrita por Franklin Martins, pedia a libertação de quinze presos políticos em troca de Elbrick. Nela, a ALN e a MR-8 assumiam a autoria do sequestro e denunciavam os crimes e torturas da ditadura. Além disso, pedia que os 15 prisioneiros políticos fossem conduzidos em avião especial até um país onde lhes fosse concedido asilo político, sem quaisquer represálias, sob pena de retaliação.

Dessa forma, os presos, incluindo Vladimir Palmeira, conseguiram partir para o exílio no México. O governo militar, na época comandado pela Junta Governativa Provisória de 1969, acabou cedendo às demandas dos sequestradores, após uma reunião entre os militares, o corpo diplomático e os órgãos de segurança, com medo que o embaixador fosse morto. Com a chegada dos presos no México, Elbrick foi solto no sábado, 6 de setembro, nas proximidades do Estádio do Maracanã. Os sequestradores conseguiram fugir.

A história do sequestro do embaixador Elbrick foi descrita no livro “O Que é Isso, Companheiro?”, por Fernando Gabeira, obra publicada em 1979, após seu retorno ao Brasil do exílio. Ele também conta sua experiência na luta armada contra a ditadura militar brasileira nos anos 1960, sua prisão e posterior exílio na Europa durante os anos 1970. O livro foi grande sucesso de vendas na época de seu lançamento, com mais de 250 mil unidades vendidas em 40 edições. A obra foi para o cinema em 1997, através do cineasta Bruno Barreto, concorrendo ao Oscar de melhor filme estrangeiro daquele ano.

Fonte: Wikipédia

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