No Dia de Hoje – 24 de agosto

Morreu no dia 24 de agosto de 1954, com um tiro no peito, o advogado e ex-presidente do Brasil por duas oportunidades, Getúlio Vargas. nascido no município gaúcho de São Borja, estava em seu segundo e último mandato, iniciado no ano de 1951.

Antes de sua morte, pressionado pelo crime da rua Tonelero, onde um atentado a tiros matou um militar e supostamente feriu o jornalista e principal opositor de seu governo, Carlos Lacerda, Getúlio foi pressionado, pela imprensa e por militares, a renunciar ou, ao menos, licenciar-se da presidência.

O Manifesto dos Generais, de 22 de agosto de 1954, pedia a renúncia do presidente e foi assinado por 19 generais de exército, entre eles, Castelo Branco, Juarez Távora e Henrique Lott e dizia: “Os abaixo-assinados, oficiais generais do Exército… solidarizando com o pensamento dos camaradas da Aeronáutica e da Marinha, declaram julgar, como melhor caminho para tranquilizar o povo e manter unidas as forças armadas, a renúncia do atual presidente da República, processando sua substituição de acordo com os preceitos constitucionais”.

Esta crise levou Getúlio Vargas ao suicídio na madrugada de 23 para 24 de agosto de 1954, logo depois de sua última reunião ministerial, em seus aposentos no Palácio do Catete (atual Museu da República, na foto-destaque), na madrugada de 24 de agosto de 1954.

A notícia fez com que multidões saíssem às ruas. Enfurecidos, manifestantes depredaram a sede da Tribuna da Imprensa, o jornal de Carlos Lacerda. E uma massa humana de 100 mil pessoas, a maioria em pranto incontrolável, desfilou diante do caixão do presidente, velado no antigo Palácio do Catete, no Rio.

Com sua morte, que assumiu a presidência foi Café Filho, político de oposição a Getúlio, que nomeou uma nova equipe de ministros e deu nova orientação ao governo.

Getúlio deixou duas notas de suicídio, uma manuscrita e outra datilografada, as quais receberam o nome de carta-testamento.

Uma versão manuscrita da carta-testamento, assinada no final da última reunião ministerial, somente foi divulgada ao público, em 1967, por Alzira Vargas, pela Revista “O Cruzeiro”, no intuito de rebater as críticas de Carlos Lacerda, que não acreditava que tal carta manuscrita existisse. Nesta carta manuscrita, Getúlio explica seu gesto:

Deixo à sanha de meus inimigos, o legado de minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro, e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia.

A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos, numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.

Acrescente-se na fraqueza dos amigos que não defenderam, nas posições que ocupavam, à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.

Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranquilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas.

Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.

Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade. A resposta do povo virá mais tarde…

Já na versão datilografada, feita em três vias, e mais extensa desta carta-testamento, aparece a famosa frase “Saio da vida para entrar na história”. Esta versão datilografada da carta-testamento até hoje é alvo de discussões sobre sua autenticidade.

No cinquentenário de sua morte, em 2004, os restos mortais de Getúlio foram trasladados para um monumento no centro de sua cidade natal, São Borja. O clima de comoção popular devido à morte teria facilitado a eleição de Juscelino Kubitschek à presidência da república e de João Goulart (o Jango) à vice-presidência, em 1955, derrotando os adversários de Getúlio.

Fotos: Halley Pacheco de Oliveira e Agência Brasil

Fontes: Aventuras na História e Wikipédia

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