QUEM PENSA?

Vereadores de Resende (de Resende?)

Os vereadores de Resende parecem morar no país de Alice, durante toda uma sessão não fazem referência aos assuntos que estão nas ruas, entre os munícipes e de relevância política: aumento da tarifa de ônibus, contratações em excesso sem concurso público pelo Executivo, inclusive para departamentos inexistentes, a ainda deficiência da coleta de lixo, pagamento de aluguel para uso do estado, estacionamento rotativo, propagandas institucionais, ex-prefeito Meohas colado no prefeito Rechuan, entre tantos outros assuntos que poderão respingar na responsabilidade destes mesmo vereadores.
Levam mais de trinta minutos para fazer uma discussão sobre um único semáforo, levam tempo maior ainda para discutir o ensino estadual. Isso mesmo, estadual. Uma preocupação excessiva com aquilo que não têm competência. A sessão do dia 2 de abril, os vereadores mostraram-se muito preocupados com o endereço da Coordenadoria estadual de Educação que saiu de Resende exatamente na gestão que tanto defendem e tendo o prefeito Rechuan colado no governador. Imagina se não fosse.
Os vereadores não falam e tão pouco fiscalizam, por exemplo, o pagamento pelo cofres municipais, de aluguel de prédio para o Detran que é estadual e nem mesmo usam essa e outras “parcerias” para mostrar que o governo parece não ter força (ou seria interesse?) de resolver outras questões simples, como fiscalizar a calçada do setor de vistoria deste mesmo órgão estadual na cidade (página 13). Os vereadores se mostram tão indignados com a mudança da Coordenadoria Estadual de Educação para Volta Redonda, mas não falam que foi no governo parceiro do Rechuan que isso aconteceu.
Os vereadores falam pontualmente sobre falta de vagas nas creches e nada falam sobre o Ciep 489 da Cidade Alegria, recém-municipalizado, que fechou os portões para a comunidade; antes ficavam abertos nos fins de semana, agora só as atividades autorizadas. Os vereadores se mostram muito preocupados com a informação da Nissan que desqualifica os candidatos de Resende porque não passam na prova de ensino fundamental, mas em nenhum momento falam da aprovação automática; preocupam-se muito com ensino técnico e desconhecem a necessidade de formação científica; o mercado de trabalho é sempre o foco e não a formação do cidadão. Taí o resultado.
O vereador Tisga (PPS) na mesma sessão pede para que os professores andem nos ônibus escolares, exclusivos para o transporte de alunos; os professores têm vale-transporte para isso, mas o debate prossegue como se tudo fosse novidade.
Alguns vereadores ficam calados todo o tempo e outros protagonizam disputas como é o caso do vereador Romério (PMDB) e da vereadora Soraia Balieiro (PSB), cada um tomando para si indicações que não apresentam qualquer valor prático. É um deboche, e na minha opinião, um desrespeito com a assistência. O assunto sempre acaba em piada. Também ganhando R$ 10 mil por mês, que pagamos, pode virar tudo piada, né? Ambos disputam a autoria de uma delegacia da mulher para o município, mas não pressionam o prefeito para que este e sua “amizade” com o governador, assim como sua influência enquanto presidente do Consórcio Intermunicipal de Segurança com Cidadania do Médio Vale do Paraíba Fluminense para trazer mais policiais civis para a Delegacia da Cidade.
Os vereadores e o prefeito não sabem, não sabem porque são tratados de maneira diferente, quando chegam na Delegacia vão direto para a sala do delegado, não ficam naquelas cadeiras desconfortáveis pegando sol e esperando horas para registrar uma ocorrência na delegacia. Horas. Horas. Nunca menos de duas horas, e muito fácil chegar a quatro horas de espera por um atendimento. Falta pessoal, entre outras coisas na delegacia de Resende, não apenas para o atendimento à cidadã, mas para qualquer cidadão. Mas os vereadores preferem discussões mais subjetivas, fazer o quê? Na hora da palavra de liderança partidária raramente falam sobre o partido ou interesses do partido na construção das políticas públicas do município.
Os vereadores calados são enigmáticos ainda, pois não sabemos se estão calados porque são novos ou porque preferem a omissão mesmo. E olha que eu reclamava da Câmara que tinha Claudio Mendonça, Aloísio Balieiro, Aníbal Rocha Pontes, entre outros. Éramos felizes e não tínhamos ideia. Hoje as discussões são rasas, sem paixão pela causa, só pelas consequências, falas sem qualquer embasamento, impulsivas. Fazem barba, cabelo e bigode os vereadores Pedro Paulo Florenzano (PP) e Luiz de Oliveira Pedra (PDT) que conhecedores da legislação (pelo menos tem os dois que conhecem) chegam a rir das abordagens feitas pelos outros vereadores, inclusive do presidente Bira Ritton (PP) que faz questão de afirmar que é um seguidor fiel da lei. Então tá então!
Lamento profundamente que mais uma Legislatura se desenhe como antagônica aos anseios populares e ao verdadeiro papel de legislador que cabem a estes representantes do povo. Eles são. Não são?
Ana Lúcia
Editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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