Nesta segunda-feira, dia 11, a montadora americana Ford anunciou que encerrará toda a sua produção nas fábricas brasileira. A notícia pegou de surpresa fornecedores, concorrentes, funcionários e os governos das localidades onde está instalada. Em comunicado ao público, a montadora informou que irá atender os clientes por meio das operações da Argentina, do Uruguai e de outros mercados.
Estão previstas ainda para 2021 o encerramento das atividades das fábricas de Camaçari/BA, Taubaté/SP, e a unidade da Troller em Horizonte/CE. Segundo a empresa, cerca de 5 mil funcionários devem ser demitidos no país. Ao todo, a Ford Brasil tem 6.171 funcionários, sendo 1.652 em Taubaté, São Paulo e Tatuí; 4.059 na Bahia e 460 no Ceará. Algumas centenas de trabalhadores devem ser mantidos na sede da companhia, no estado de São Paulo.
Em nota, a montadora informou que “encerrará a produção à medida em que a pandemia de covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e da redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”, disse a montadora em nota.
A produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté. A fabricação de peças será mantida por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda, segundo a empresa, no Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia e no Campo de Provas, em Tatuí, interior de São Paulo. A fábrica dos jipes Troller, em Horizonte, continuará operando até o quarto trimestre de 2021.
O encerramento das operações no Brasil vão custar à montadora 4,1 bilhões de dólares em despesas não recorrentes, como verba de rescisão de contrato de funcionários, baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. A decisão acontece pouco depois da Ford concluir a venda do complexo fabril de São Bernardo do Campo/SP, onde eram montados os caminhões da marca e o compacto Fiesta, no final do ano passado.
A Ford vem perdendo participação no Brasil de forma persistente. Antes detentora do posto cativo de quarta maior do país, a marca encerrou 2020 na quinta posição do ranking de automóveis e comerciais leves mais vendidos e na sexta colocação se considerados somente carros de passeio. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse, em comunicado à imprensa, que “respeita e lamenta” a decisão de sua associada. “Isso corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local, global e a falta de medidas que reduzam o custo Brasil”, afirmou a entidade.
A montadora não é só a pioneira global da indústria automobilística, como também a primeira a instalar uma operação fabril no Brasil em 1919, no centro da capital paulista.
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