Horários estendidos no comércio de Resende: é seguro comprar no fim de ano?

Comércio de Campos Elíseos, Resende, no ano passado: aglomerações são o principal desafio para o combate ao coronavírus (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O município de Resende autorizou nesta quarta-feira, dia 9, através do Decreto n° 13.772/20, o horário de funcionamento do comércio em horário estendido, excepcionalmente para dezembro, mês no qual as pessoas saem para fazer as compras de fim de ano. Segundo o secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Tiago Diniz, a medida é para evitar as aglomerações nos comércios. “A extensão dos horários tem como objetivo aumentar o tempo para que as pessoas possam fazer suas compras de fim de ano com mais segurança e evitando aglomerações nos comércios”, disse.

Além da afirmativa de Diniz, o decreto também coloca como justificativas para essa flexibilização “a necessidade de se fomentar o desenvolvimento econômico e financeiro no âmbito do Município, zelando-se pelos princípios da justiça social, dentre eles a busca e a manutenção do pleno emprego” e também “a necessidade de flexibilizar o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços”. Sem falar que a “administração municipal reforça que as fiscalizações e orientações aos comerciantes sobre o cumprimento do decreto estão sendo feitas diariamente e que estas ações serão intensificadas até o final do ano”.

Sendo assim, as opiniões favoráveis e contrárias a essa flexibilização do comércio em Resende já podem ser conferidas nas redes sociais. Alguns internautas são favoráveis ao decreto, também com as mesmas justificativas do documento assinado pelo prefeito Diogo Balieiro. “(O comércio é) Um dos setores mais afetados pela pandemia e vem falar que prefeito tá errado, muitas lojas fechando, muitas dúvidas, tem é que incentivar ainda mais a todos comprarem no comércio de sua cidade e ajudar esses que foram os mais prejudicados”.

Há quem elogie Balieiro pela iniciativa. “Está certíssimo! O prefeito tá certíssimo, o ‘Fique em casa’ acabou com vários empresários, muita gente mandando embora. Está recuperando o dinheiro aos poucos, prefeito está de parabéns!”.

No entanto, a medida adotada por Resende para garantir as compras de fim de ano e a fatura do comércio nesta época vem sendo questionada por outros internautas, especialmente devido ao aumento no número dos casos de covid-19, registrados não apenas em Resende, como também no estado do Rio de Janeiro, Brasil e em outros países nas últimas semanas, configurando uma segunda onda da doença.

Na página da Prefeitura, a população questiona a decisão do decreto. E destaca como justificativa a mania das pessoas em deixar as compras para última hora e a falta de empatia por parte delas. “A verdade é uma só: pode deixar o comércio aberto até meia noite, mas no fim, vai todo mundo no mesmo dia e horário! Sem noção aumentar horário esse ano! A maioria dos clientes não liga para o funcionário, o tempo que a pessoa está na loja, o cansaço… Falta de empatia isso!”, cita uma internauta.

Outra postagem vai na mesma linha de raciocínio. “De que adianta lucro se funcionários podem ser contaminados? Muita gente tá falando: e o desemprego se diminuir o horário? Ora, é só ser inteligente pra saber que quanto maior for os horários, mais pessoas estarão nas ruas. Brasileiro gosta de deixar tudo pra última hora. Empatia é tudo”.

As opiniões desses internautas são sustentadas pelo que vem acontecendo nas últimas semanas em todo o Brasil. E Resende não fica atrás. Segundo o último boletim divulgado pela Prefeitura, nesta quinta-feira (dia 10), o município registrou aumento tanto nos casos confirmados do coronavírus (e de pacientes em recuperação) quanto em número de mortes. Esse aumento está evidente se comparado com os dados dos boletins de 25 de outubro, quando eram 29 o número de pessoas infectadas em recuperação e ao todo 2.987 casos e 113 mortes.

Um mês mais tarde (25 de novembro), o número de infectados em recuperação era quase que o dobro (54 pessoas, sendo 25 a mais), e havia 3.534 casos confirmados (547 a mais) e 140 mortes pela covid-19 (27 a mais). Em apenas duas semanas, esses números aumentaram com uma velocidade maior se comparado ao intervalo entre outubro e novembro. Atualmente, são 25 pessoas infectadas a mais em recuperação (79 ao todo), totalizando 3.870 casos confirmados (336 a mais) e 159 mortes (19 a mais).

Esses dados deveriam ser motivo de preocupação na saúde pública do município, uma vez que as medidas tomadas pelo governo e pelo comércio local nem sempre são respeitadas, e a tendência é de um aumento ainda maior nos casos da doença. Não apenas pela desorganização das duas instituições (no caso do governo, pela falta de testes em massa e leitos hospitalares, e das lojas que não seguem corretamente as determinações do decreto, ou que favorecem concentrações maiores de pessoas, como os bares e boates), mas também pela falta de colaboração e empatia da população, que não consegue evitar aglomerações em seu dia a dia. E o pior: em alguns casos tem gente que não se preocupa nem com o uso das máscaras.

HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO
De acordo com o está definido no decreto da Prefeitura, os estabelecimentos comerciais estão funcionando de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h30; e aos sábados e domingos, das 9h às 18h. Enquanto que nos shoppings centers, os horários de funcionamento são os seguintes: segunda a sábado, das 10h às 22h; e aos domingos, de 14h às 20h. No dia 24 de dezembro (véspera de Natal), o comércio funcionará das 9h às 17h; e no dia 31 de dezembro (véspera de Ano Novo) será de 9h às 15h.

Os horários de funcionamento foram determinados para estabelecimentos comerciais em geral, como perfumarias, lojas de vestuário, calçados, móveis e eletrodomésticos, entre outros. Assim como para os prestadores de serviços em geral.

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