Muito longe de realizar promessas de campanha, entre elas, a construção de uma ponte sobre o Rio Paraíba ligando acessos do campo da aviação e o bairro São Caetano, o governo de Resende, do prefeito Diogo Balieiro Diniz, tem uma única certeza: o prefeito quer a reeleição. Como outros dois ex-prefeitos, colegas de profissão, o médico Diogo, gostou da política e do poder e quer tentar seu segundo governo em 2020. As experiências com Eduardo Meohas e José Rechuan são conhecidas de toda a cidade. Tiveram um governo considerado bom no primeiro mandato, mas o segundo desastroso e que os levaram à uma rejeição até hoje sentida nas rodas de conversas de todo o município.
Há quem garanta que o estilo de Balieiro Diniz com uma política de compadre, de agenda de velórios, festas de casamentos, aniversários e batizados é o suficiente para reeleição, outros porém, tentam mostrar que sem obras, sem mudanças significativas ou políticas públicas eficazes em especial na área da habitação e de administração de novas receitas para os municípios, Balieiro e seu temperamento instável serão o suficiente para que outros candidatos se destaquem no período eleitoral. Balieiro tem dificuldades de embates e mesmo para responder questionamentos: prefere ser ausentar ou enviar o vice-prefeito Geraldinho (Geraldo da Cunha) aos eventos que acredita será exposto a responder algo que o desagrada ou desconhece. O prefeito não gosta de ser cobrado, mesmo quando está devendo. Recentemente, segundo uma fonte do próprio governo e fácil de constatar nas conversas das esquinas e pontos de café do bairro Campos Elíseos que o prefeito não quer mais receber empreiteiro que ousou cobrar uma das faturas de serviço realizado há algum tempo.
O prefeito esbanja sorrisos e abraços para as fotos que divulga em suas redes sociais, nos eventos escolhidos para divulgação. Apresentou projeto do hospital veterinário, promessa de campanha. Divulga que tem dinheiro em caixa, mas deve aos fornecedores e prestadores de serviço e começa a ter dificuldades com o orçamento. Só para exemplificar: nos primeiros quatro meses de 2019, de um orçamento anual de quase R$ 500 mi, 50% destes recursos já estavam empenhados. Para contrapor o marketing político do prefeito Balieiro Diniz que nas inaugurações de reforma dos postos de saúde conta até pessoas com camisetas de agradecimento com nome do prefeito.
A crítica à gestão de Balieiro Diniz não está apenas na falta de trato com os fornecedores, mas também com os concessionários. Se no início do governo, o prefeito usou até colete de fiscal dos ônibus e prometeu tarifa justa e multa, até hoje não se tem conhecimento de qualquer multa paga pela empresa São Miguel. O prefeito para pressionar a empresa e ganhar tempo adotou outra tática: segurou o decreto de aumento da tarifa e fez o jogo da mudança da empresa para 2020, quando vence o contrato de concessão. A empresa entrou na Justiça e o prefeito fica confortável para fazer o discurso de que está cumprindo ordem judicial. O desgaste deve ser amenizado pela continuidade dos serviços da empresa, ou seja, mais 20 anos de São Miguel. O maior problema não está na continuidade da empresa, mas como ela continua agindo: horários não cumpridos, coloca e retira linhas na hora que quer, carros sem condições de circulação e tudo isso sem fiscalização que resulte numa multa paga. A continuidade da empresa se dará por uma justificativa que há mais de um ano vem sendo divulgada pelo Comitê da Transparência e Controle Social de Resende (ComSocial): “Já estamos na metade do ano de 2019 e o governo não anunciou qualquer edital com a intenção de mudança da concessionária. Essa não é uma licitação tão fácil, precisa de divulgação e ano que vem é ano eleitoral, ou seja, o governo se quiser realmente abrir licitação para o transporte público tem que começar agora. Ser transparente, divulgar o edital para que toda a população tenha conhecimento, divulgar as empresas interessadas, fazer audiência pública. É um concessão por 20 anos. É um assunto muito sério se não começar agora tudo indica que São Miguel levará fácil mais 20 anos”, diz Carlos Freitas, um dos coordenadores do ComSocial.
MEMES E CRÍTICAS NAS REDES SOCIAIS
Se por um lado tem muitos cargos comissionados e amigos curtindo as postagens do prefeito e o defendendo nas redes sociais, por outro os memes começam a repercutir e criar um clima pré-eleitoral no município. O blog do jornalista Elizeu Pires trouxe semana passada a informação que o prefeito estaria disposto a ter o ex-prefeito e ex-deputado Noel de Carvalho como vice. E que o prefeito estaria acenando com “piscada de olho”. Noel em informação ao JBR disse: “Ele nunca piscou o olho pra mim. Pelo menos, eu, nunca reparei”. Disse também que a relação com a família de Balieiro Diniz é boa e antiga, mas ser vice não vê possibilidade: “Aluízio (pai do prefeito) é irmão do Airton, que é casado com minha irmã Marlene. E me ajudou muito quando eu fui prefeito. Mas a possibilidade de ser vice, é ZERO”. Carvalho e o filho, Silvio – também ex-prefeito de Resende – reuniram no último dia 8, várias lideranças partidárias, comunitárias e religiosas e vereadores que passaram toda a manhã falando da conjuntura política do país e também da cidade. O prefeito e seu grupo político não foram convidados.
O aumento da tarifa do ônibus no feriado do dia 20 para R$ 4 encheu as redes sociais de memes e a entrevista concedida à emissora de TV local em 2016, quando era candidato. Quando perguntado qual seria a tarifa justa, Diogo Balieiro disse que uma equipe de advogados e contadores da campanha demonstraram que a passagem poderia ser de R$ 2,40. Mas a realidade é outra: o governo nunca conseguiu se antecipar com as planilhas de custo do transporte. Na verdade, recebe as planilhas prontas da própria empresa que já pede determinado valor. O Comutran (Conselho municipal de Transporte e Trânsito) avalia sem outros documentos para comparar ou mesmo os balanços financeiros e patrimoniais da São Miguel e tem, por prática, reduzir um pouco o valor enviando para o prefeito que acata. Não faz novos cálculos ou revisão da planilha. Só assina o decreto.
Com as articulações políticas dos últimos dias e a mudança de partidos como a de Silvio de Carvalho e do vereador Caio Sampaio que já anunciaram suas filiações ao PDT e a proximidade de Rechuan à família Carvalho já é possível perceber o desenho da disputa eleitoral de 2020, mas as especulações e provocações estão apenas começando. Nos últimos dias, circula vídeo do vice-prefeito Geraldinho sendo apontado como candidato a prefeito no próximo ano. Geraldinho que conseguiu angariar muitos votos na Grande Alegria para a chapa em 2016 é só um coadjuvante no governo municipal e vive cercado por assessores orientando o que deve fazer e até a hora de se retirar de eventos. A candidatura de Balieiro Diniz à reeleição é dada como certa e, segundo os políticos do meio governamental, deverá ter como vice alguém que possa manter seu estilo mandonista, o que facilitará candidaturas em oposição ao atual governo.
Fotos: redes sociais e divulgação PMR
