Greve dos caminhoneiros começa a afetar rotina de toda a região

A greve dos caminhoneiros vai para o quarto dia consecutivo nesta quinta-feira, dia 24, em quase todo o Brasil. Na região Sul Fluminense, a paralisação promovida pela categoria está mexendo com a rotina de consumidores, fornecedores e empresas. Um dos setores mais afetados é o de transporte. Em Resende, a empresa de ônibus São Miguel reduziu seus horários de viagens para economizar no combustível (diesel), cujo abastecimento está prejudicado.

Outras empresas optaram por alterar seus horários ou por paralisar suas atividades. A Viação Resendense, que faz o trajeto intermunicipal entre Itatiaia e Volta Redonda, além de algumas localidades desses municípios, passou a trabalhar com a tabela de horários utilizada aos sábados (de 20 em 20 minutos). A Viação Auto Comercial, uma das empresas que operam em Barra Mansa, também reduziu a frota, mas segundo a ouvidoria, por causa dessa redução e da demora na chegada dos veículos aos pontos, a empresa ainda não conseguiu elaborar uma lista definitiva com os novos horários. O jornal BEIRA-RIO também tentou entrar em contato com a Viação Falcão (que faz a linha em Quatis e Porto Real) por telefone, mas todas as linhas se encontram sem atendimento.

Por causa da redução da frota, os municípios também foram obrigados a suspender as aulas na rede municipal de ensino. Em Itatiaia, a Assessoria Especial de Comunicação da prefeitura informou que as aulas seguem normalmente no município, mas foram canceladas nesta sexta-feira (dia 26) e segunda-feira (dia 29). E segundo a imprensa local, na tarde de quarta, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Sindpass), sugeriu às prefeituras de Barra Mansa e Volta Redonda que suspendessem as aulas na rede pública municipal como forma de ajudar na redução dos horários.

Em Barra Mansa, as aulas desta quinta, sexta e segunda-feira estão suspensas. Em Volta Redonda, a suspensão das aulas vai de quinta até sábado. O mesmo aconteceu em Porto Real, onde as escolas não abriram na noite de quarta e nesta quinta não abre para nenhum dos turnos. Em Resende, as aulas seguem normalmente.

A falta de abastecimento dos combustíveis está provocando uma corrida de motoristas aos postos. Em Resende, relatos nas redes sociais dão conta de que em vários desses postos foram registradas longas filas, já que muitos estão com medo de ficar sem gasolina para abastecer os veículos. Isso, segundo informações, teria feito com que os combustíveis se esgotassem em vários postos do município.

A economia regional também está ameaçada. Entre os produtores agropecuários, a Associação dos Produtores de Santa Rita de Cássia, entre Barra Mansa e Volta Redonda, suspendeu a partir na tarde de quarta as entregas de legumes e verduras. A justificativa da associação para a suspensão foi o temor de haver conflitos entre os entregadores e caminhoneiros em greve.

A Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa deixou desde quarta-feira de recolher nas propriedades rurais 130 mil litros de leite, pois os caminhões da cooperativa estão parados nos bloqueios ou no pátio da cooperativa. Sem o recolhimento do leite, os produtores rurais não têm como armazenar o produto que, por lei, tem que ser recolhido no máximo 48 horas após a ordenha. O prejuízo chega a R$ 200 mil por dia. Com isso, os supermercados já começam a sofrer baixa no abastecimento.

As montadoras da região tiveram que liberar seus funcionários do expediente também na quarta-feira. A MAN Latin America optou por tomar a medida de liberar os trabalhadores da linha de produção de ônibus e caminhões por falta de peças. A empresa, com sede em Resende, compensará o dia em 9 de junho, um sábado. A Nissan, montadora de carros, tomou a mesma medida por falta de peças para produção dos veículos. A paralisação também afetou o setor de bebidas e pode atrapalhar a produção da indústria de vidro, realizada de forma ininterrupta. Sem receber os insumos, há risco para os equipamentos.

A manifestação dos caminhoneiros segue na região, na Rodovia Lúcio Meira (BR-393), na altura de Paraíba do Sul, e na Via Dutra, com caminhões parados na altura dos kms 267 (sentido SP), 273 (sentido RJ) e 276 (sentido RJ/SP) nos acostamentos. A PRF informou que na Dutra alguns caminhoneiros estão deixando o local, o que pode ajudar na normalização do trânsito.

Por volta das 14 horas, uma nova reunião de negociações entre os caminhoneiros e governo está prevista para acontecer em Brasília. Segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), as paralisações e protestos serão suspensos se o governo retirar a PIS/Cofins e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis e a medida entrar oficialmente em vigor. O presidente da entidade, José da Fonseca Lopes, disse que a redução de 10% no valor do diesel pelo período de 15 dias, anunciada na noite de quarta pela Petrobras, “não é suficiente” e não resolve a situação.

Foto: Divulgação/PRF

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